segunda-feira, 22 de julho de 2013

Obra “Dr. Lelé” preocupa moradores do outro lado do Rio Piedade



         Moradores da margem direita do Rio Piedade, nas proximidades do encontro com o Chopotó(Xopotó) manifestam-se preocupados com a obra da projetada Av. Dr. José Barreto Mesquita(Dr. Lelé), que pretende ligar o Bairro da COHAB à rua Major Felicíssimo, no local onde a enchente de novembro de 2010 derrubou um prédio de dois pavimentos, a alguns metros da história Ponte do Dr. Lelé.  Ainda não temos imagem.  Mas a altura do piso visto a partir da antiga estrada de ferro revela-se acima do que era antes da terraplanagem.  Em caso de enchente, as águas que por aquele lado se espalhavam, recairão para o lado contrário, e atingirão proporções trágicas às construções e ruas do Bairro Veneza e do Carrapicho. 
Encontro do Rio Piedade com o Chopotó. À esquerda, Bairro Veneza. à direita, ponto da terraplanagem do "trecho Chácara Mesquita>COHAB"     Imagem: 16/07/2012

Encontro do Rio Piedade com o Chopotó. À  direita, ponto da terraplanagem do "trecho Chácara Mesquita>COHAB"  Imagem: 16/07/2012


         Ainda não se tem informação sobre o impacto ambiental ao longo do trecho dessa avenida que atravessa grande área de vegetação cerrada como consequência de longo tempo em que a fazenda se supõe desativada.

         Procuramos no site da Prefeitura e não encontramos qualquer referência àquela obra.  Há várias versões sobre o que será feito a partir daquele ponto levantado pela preocupação dos moradores:
1 – conexão com a Rua Voluntários da Pátria no local onde se encontra o Restaurante Doce Sabor;
2 – ponte para chegar à Rua Major Felicíssimo(estrada de ferro);
3 – ponte para ligar ao Carrapicho, via Bairro Veneza.

         Tudo são versões, porém.  Uma coisa é certa: a projetada avenida não tem finalidade para terminar ali, do outro lado do rio.   Neste caso, há necessidade de se rebaixar o nível de terra e deixar espaço para que as águas das enchentes se espalhem para aquela margem para não inundarem o lado contrário.  Para haver esse rebaixamento, com a volta aos níveis de antes da terraplanagem,  o início da ponte, ou do viaduto terá de começar de um ponto muito anterior e mais alto para que essa ligação viária seja feita por cima da área reservada ao escoamento da águas.  Na hipótese de chegar à Rua Voluntários da Pátria o viaduto terá de ter formas gigantescas para cruzar o Chopotó, e a Estrada de Ferro.  E vários prédios terão de ser demolidos. A obra em si, mais as desapropriações atingirão cifras elevadíssimas.  Se for para a Rua Major Felicíssimo, será com certeza uma grande ponte.  E, se fizer ligação também com o Carrapicho o custo total dependerá de muitos cálculos para a população saber o quanto vai pagar.

         Benefícios haverá inegavelmente.  O trecho do Carrapicho desde a esquina com Rua Presidente Antônio Carlos é muito estreito para o movimento de mão dupla e para estacionamento e manobra de veículos em área de intenso comércio.   O encurtamento da distância entre a COHAB e o Centro da cidade também é considerável, embora, por si só, há dúvida se compensa.  O trajeto COHAB/cidade tem um quilômetro e meio no perfil atual.  Se considerarmos linha reta o traçado da avenida, talvez reduza para um quilômetro.  Fica a dúvida se isto compensaria o custo da obra e o impacto ambiental que certamente causará.  Para a população ter maior conhecimento sobre a questão e avaliar o custo/benefício, será preciso haver transparência, com divulgação ampla das análises e pareceres dos órgãos responsáveis pelo meio ambiente.  Do mesmo modo, é dever da prefeitura publicar no site, na imprensa falada e escrita, nos grupos sociais da internet, o critério da licitação, o custo da obra, mapa da avenida, com a forma dos seus terminais(pontes, viadutos), a origem dos seus recursos, os valores das desapropriações e tudo o que leve o povo a estar ciente daquilo que vai pagar e que vai lhe servir. 

         É público e notório que o Brasil paga a maior carga tributária da América Latina.  Isto foi amplamente divulgado pela mídia. Esses tributos começam no Município.  Essa representa realmente uma grande obra. Se realizada e atingir seus objetivos a população estará bem servida.  Mas ela tem que saber quanta paga por isto. Os gestores públicos são administradores dos bens pertencentes aos munícipes em comum.  O conjunto dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário representa o síndico de um patrimônio comum.  Esses poderes têm a função de administrar e prestar contas aos pagadores de impostos, fontes de recursos para as obras e para pagamento dos vencimentos dos seus agentes.  

         Na procura que fizemos no site da Prefeitura encontramos ainda em branco um EDITAL DE TOMADA DE PREÇOS relativo àquela obra onde consta a designação “para execução de obra viária no trecho “Chácara Mesquita” até o Bairro Cohab”.  Se houver maiores esclarecimentos sobre o andamento do processo, execução e conclusão da obra, será de boa prática que aquele órgão público divulgue por todos os meios, e agradeceríamos se recebêssemos as informações com todos os detalhes para contribuirmos no esclarecimento à população.

         Nosso interesse, ao começarmos esta matéria, foi levantarmos a questão de segurança para os moradores da margem direita do Rio Piedade.  E, no desenrolar do tema, pensamos na conveniência de aprofundar na questão  de interesse público, em um momento que o Brasil inteiro clama por transparência e transformações na gestão da coisa pública. O modelo dos mecanismos do exercício do poder está em baixa na credibilidade popular.  As formas como se articulam os interessados para alcançarem os postos de autoridade estão esgotadas.  Os partidos perderam significado como agremiações de ética e de princípios. Sabemos que a qualidade da classe política depende do respeito que cada agente tem com os contribuintes.  O Brasil depois do mês de junho pensa.  E está descontente com o estado de coisas desde a forma de se articularem as campanhas eleitorais até o exercício efetivo da administração e execução de cada obra, de cada compra de material, de cada formação do quadro funcional.

         Talvez haja nos faltado habilidade para encontrar no site da Prefeitura o Mapa da Avenida e suas conexões com o outro lado do Rio.  De que forma e como serão essas conexões.  Pareceu-nos imprecisa a denominação   “Chácara Mesquita” até o Bairro Cohab”.   Faltam as pontes e/ou viadutos.  O que não soubemos encontrar, esperamos que a Prefeitura faça a gentileza de nos mostrar,  com mapa, imagens, e tudo aquilo em que tivermos falhado.  Será uma gentileza pela qual antecipamos agradecimentos.


(Frankin Netto – viscondedoriobrancominasgerias@gemail.com)

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