segunda-feira, 22 de julho de 2013

COLUNA DO PAULO TIMM(Torres-RS) - Drops Inf. diário julho 22 - DEMOCRATIZAÇÃO DA MÍDIA /SINAIS DE INQUIETAÇÃO DE SETORES DO PT E DA PRÓPRIA ESQUERDA I e II







CLIQUE PARA ABRIR -  Drops Inf. diário julho 22 - DEMOCRATIZAÇÃO DA MÍDIA                      http://www.paulotimm.com.br/site/downloads/lib/pastaup/DROPS/130722074559Drops_julho_22_DEMOCRATIZACAO_DA_MIDIA.pdf


DEMOCRATIZAÇÃO DA MÍDIA

Paulo Timm – Torres julho,22 – copyleft

“Além do problema do medo, que eu chamo de Síndrome de Jango, há também uma relação de amor e ódio entre nossos políticos – incluindo aí sindicalistas também – e a mídia tradicional. Odeia (os grandes veículos), mas quer aparecer (neles). E há também uma relação de subalternidade. Acham que esses comentaristas da Rede Globo, por exemplo, são pessoas importantes que, apesar de tudo o que falam, merecem grande respeito do governante. Odeiam quando são atacados, mas bajulam porque acham que é importante ter o respaldo desses meios.”
Laurindo Leal Filho in “Na prática, democratização da mídia já está ocorrendo no Brasil”- www.sul21.com.br
                                                                                   ***

Comecei a manhã brigando com meu conterrâneo, Dr. Franklin Cunha, quem ontem tomou posse na Academia Rio Grandense de Letras com um vigoroso discurso em defesa do livro e reticência sobre a informação digital. Fui inoportuno. Num momento de grande regozijo de todos os seus amigos, não lhe deveria contrariar. Vá o feito! Fi-lo. Agora é tocar pra diante. Principalmente porque minha atenção, hoje, é a respeito da democratização da mídia no Brasil. Como qualquer inovação tecnológica, desde o fogo até a manipulação genética sobre o próprio Homem, a telemática encerra e reconcentra Poder. O primeiro pithecantropus que segurou a tocha flamante, não obrou ao acaso. Ele, certamente, já era um forte na horda errante e deve ter consolidado seu Poder com o artefato. Desde então, são estruturas dominantes que se apoderam das inovações em benefício próprio. Mas por  quê, então, não retrocedemos às cavernas? Porque, o progresso técnico eleva a produtividade do trabalho, gera estruturas sociais e institucionais cada vez mais complexas, cria e desenvolve a cultura e aí  surge o que denominamos civilização. Esta não elimina as cadeias de Poder, seja no nível interno às sociedades, ou na escala global. Mas, é o que ensina a socióloga  Saschia Sachen: cria mecanismos de defesa dos dominados. Um exemplo: Hoje, é possível a qualquer cidadão do mundo fazer uma denúncia ao Tribunal dos Direitos Humanos da ONU, caso venha a ser objeto de algum crime capitulado neste campo. As superestruturas ideológicas que cimentam a ordem social contemporânea tampouco são impermeáveis, sendo a Educação uma de suas mais importantes brechas. A proclamada Indústria Cultural, tão analisada pelos teóricos críticos da Escola de Frankfurt, também se articulam aos aparatos ideológicos, mas o fazem mediante a abertura de imensas e arborizadas avenidas, sob cuja sombra se aninham as artes, o jornalismo honesto e divulgação científica. Sintoma disto é a emergência de um marxista como Slavoj Zizeck na mídia do mundo inteiro. Recentemente no Brasil, disse ele, respondendo à indagação se não se preocupava de ser usado pela mídia capitalista como uma espécie de showman: “ – Não me preocupo de ser tomado como palhaço por muita gente. Preocupo-me, sim, em poder chegar às pessoas para que elas pensem”. Não poderia haver melhor exemplo...

No Brasil, entretanto, como em quase toda a América Latina, o lento processo de democratização de nossas sociedades cristalizou poderosos veículos de mídia que operam como formadores de opinião conservadora. Detêm,  tanto pela tradição, como pelo poder econômico , grande audiência, que lhes garante sólida posição no mercado, graças a uma legislação de 1962 que sequer é cumprida à risca:
E, para piorar e não menos importante, há também no Brasil uma grande concentração dos meios de comunicação. Umas poucas famílias – é possível contá-las nos dedos das duas mãos – e a Igreja Universal controlam a chamada “grande mídia”: as principais emissoras de tevê com rede nacional, as rádios de maior alcance e audiência e os principais jornais.. E o pior: recentes pesquisas mostram que a concentração tem aumentado em vez de diminuir.
A legislação que rege o setor tem mais de cinqüenta anos, é desatualizada e insuficiente, data de 1962. E ainda por cima não é cumprida. Dois breves exemplos. Primeiro: a lei proíbe que detentor de cargo público, eletivo ou não, seja sócio ou proprietário de empresa concessionária de serviço público. Um terço dos senadores, mais de uma centena de deputados federais e estaduais e centenas de prefeitos são proprietários ou sócios de emissoras de tevê, rádio ou jornais. Segundo: um exemplo local. A lei proíbe que uma mesma empresa concessionária tenha mais de duas emissoras de tevê num estado. A RBS de Santa Catarina tem seis. O Ministério Público Federal há vários anos encaminhou denúncia ao poder judiciário e a coisa deu em nada.
Seis famílias – Marinho, Abranavel, Saad, Civita, Frias e Mesquita – e uma igreja, a Universal, formam um oligopólio que controla mais de 90% da audiência de tevê no Brasil. A Globo é a segunda maior rede de TV comercial do mundo e atinge 98,5% do território brasileiro. Já a Record é a oitava maior rede de televisão do planeta. As seis famílias e a Igreja Universal são proprietárias dos dez maiores jornais, das revistas de circulação nacional com maior tiragem e, também, das principais emissoras de rádio do país

(Paulo Muzell - A democratização da mídia)

http://www.sul21.com.br/jornal/2013/07/a-democratizacao-da-midia/


 A tal ponto é o poder da Grande Mídia que, um Governo supostamente de esquerda, vê-se na contingência de aplicar neles  vultosos recursos de publicidade, num paradoxo que um analista bem definiu: Governo gastas milhões com seus detratores:


Governo Dilma aplica 70% da verba publicitária na imprensa conservadora e veta jornal independente


Por Paulo Roberto de Souza - do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília
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 Lógico que não cabe à Imprensa elogiar o Governo. Elogio na Imprensa, só como publicidade mesmo. O papel de Imprensa é investigar, denunciar, mostrar as diversas opiniões sobre um mesmo fato. Mas não é isso que acontece no Brasil. Aqui abunda o jornalismo de opinião na grande mídia, em que além dos âncoras, só comentaristas conservadores são convidados como “ especialistas” que confirmam com argumentos de autoridade as opiniões correntes. Ora, isso é um absurdo. Não temos, rigorosamente, um jornalismo autônomo, independente, diversificado. Trata-se, sempre, do mesmo ou, o que pior, do nada. Colho, aleatoriamente , este depoimento no Facebook:

                         ALGO DE ERRADO NA MÍDIA?

Outra hora defenderei esta tese: democratizar o direito à informação está ao nosso alcance. Podemos parar de deblaterar contra a mídia de massa. Todos sabem que é parcial.
Ontem resolvi ver o Jornal Nacional, que há tempos não assistia. Com a capa da IstoÉ dessa semana mostrando um escândalo de bilhões de reais passando por três governadores do mais rico estado da nação, por mais de 20 anos, alguma coisa tinha de sair. Mas o que vi foi uma matéria sobre um suposto desvio de 1,5 milhão na Paraiba, há anos. Requentado pra dizer que o Duda Mendonca (marketeiro do Lula) teria recebido alguma coisa desse valor. Tentei a Band, a Cultura, perdi a maior parte do jornal da Record, mas tb nao vi nada. Ontem e hoje, assisti a vários trechos dos noticiarios da Band News, da Globo News, da Record News, e nada. Processos em vários países, dezenas de executivos indicados pelos governadores denunciados, participantes do esquema fazendo acordos de delacão, e nada nos jornais. Carteis internacionais, paraísos fiscais, lavagem de dinheiro, e nada nas TVs. Ouvi bastante a CBN e a Band FM na sexta, e nada. Matéria interna da Veja sobre o Afro Reggae valeu varios minutos no JN, mas a capa da IstoÉ falando de corrupção no setor de transportes na mais importante cidade do Brasil (tema do inicio da manifestações de Junho), nada. Nas paginas iniciais e tb nas de política da Folha e do Estado de hoje, nada. Sou eu ou tem alguma coisa errada aí???

É precisamente esta situação, de virtual monopólio de Grande Mídia em vários de nossos países que tem levado a confrontos de governos de esquerda com os proprietários destes veículos. No Brasil, só  a Globo controla 470 retransmissoras, fato que escandalizaria qualquer especialista ocidental caso isso viesse a ocorrer nos seus próprios países.

O assunto esteve na ordem do dia, no início do Governo do PT, em 2003 e chegou a desembocar na realização de uma Conferência Nacional que apontou para a necessidade da democratização da mídia no Brasil. Lamentavelmente, o assunto morreu, particularmente no Governo Dilma Roussef, tendo o Ministro Bernardo à frente do Ministério das Comunicações. Ontem, em encontro nacional dos movimentos sociais, em avaliação da conjuntura, levanta-se, mais uma vez o clamor:

A coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e secretária nacional da Central Única dos Trabalhadores, Rosane Bertotti, também condenou os leilões: “como é que podem não ver a gravidade do que está acontecendo?”

PARA EXPRESSAR A LIBERDADE

Diante da magnitude da batalha pela hegemonia e a disputa sobre os rumos do país, Rosane defendeu a campanha “Para expressar a liberdade”. “O eixo que permeia nossa campanha é o fim do monopólio e o fim da propriedade cruzada”, explicou, denunciando o fato da Rede Globo dispor de 340 canais e retransmissoras de televisão, além de rádios, jornais, revistas e portais de internet para defender o ponto de vista das transnacionais, do sistema financeiro e do agronegócio.

Rosane, que também integra a direção operativa da CMS, condenou o Ministério das Comunicações por retroceder na agenda deixada pelo governo Lula, em particular no que diz respeito ao Plano Nacional de Banda Larga, que “com Paulo Bernardo virou o plano das teles, que o elegeram homem do ano”. O mesmo ocorreu em relação ao conjunto de diretrizes democratizantes apontadas pela Conferência Nacional da Comunicação (Confecom), que foram engavetadas. “Infelizmente, esta não é uma prioridade do governo Dilma. Mas nós estamos aqui para dizer que se a lei não vier pela mão de quem deveria garantir esse direito humano, virá pelas mãos do povo brasileiro”, frisou.

Por sorte, porém, como disse acima, é a tecnologia digital que está rompendo este cerco da informação no Brasil, graças à proliferação de Blogs e Sites de Jornalismo Cidadão, que nos brindam com o que Laurindo Leal Filho, em entrevista hoje no Sul 21 (epígrafe) como o Pós-Tv.  É tão significativo o aparecimento desta mídia alternativa que nada menos do que 74 blogueiros foram assassinados nos últimos anos no Brasil, em razão de suas denúncias. É um fenômeno novo, pouco captado ainda pelo Sistema Político, inevitavelmente povoado por pessoas de mais idade, com pouca afinidade com as mídias eletrônicas. Esta Pós-TV, pós jornalismo, hiper informação, entretanto, oferece, hoje as melhores análises da realidade brasileira e se tornam imprescindíveis a quem queira compreender o que realmente acontece no país. Elas não substituem os canais de TV, principais veículos de informação, que nos Estados Unidos, com alto nível de acesso à INTERNET, ainda representa 75% do acesso à notícias pela cidadania. Mas é alentador que aí ela desenvolva a própria luta pela democratização da mídia. Quem viver, verá...

SINAIS DE INQUIETAÇÃO DE SETORES DO PT E DA PRÓPRIA ESQUERDA
                           I

 CMS convoca combate aos leilões do petróleo, ao superávit primário e aos monopólios de mídia

Encontro da Coordenação dos Movimentos Sociais destaca papel das ruas para fazer o país avançar e impedir retrocesso neoliberal

Por Leonardo Severo, do Informa CUT, dia 21 de julho de 2013.

A Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) encerrou sua plenária nacional realizada neste sábado, na capital paulista, conclamando as entidades populares a que ampliem ainda mais a unidade e a mobilização para o combate aos leilões do petróleo, ao superávit primário e aos monopólios de mídia. Estas, segundo a CMS, são medidas essenciais para o processo de desenvolvimento nacional num momento de intensa disputa de agenda com as viúvas do neoliberalismo.

Com a presença de lideranças sindicais, estudantis, feministas, comunitárias e dos sem terra de dez estados do país, o evento realizado no Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo alertou para a necessidade do governo e do parlamento ouvirem a voz das ruas, que “clamam por mais Estado, por mais investimentos na saúde, na educação e no transporte público, na reforma agrária e urbana”.

Para que o Estado brasileiro possa cumprir com seu papel, a CMS entende que é preciso romper com a lógica do superávit primário, que sangra o país em benefício do capital especulativo. A posição dos movimentos sociais dialoga com o alerta de Frei Beto, citado durante a reunião, de que “juros e amortizações consumiram R$ 708 bilhões em 2011”, o equivalente a 45,05% do Orçamento da União ou 28 Copas do Mundo de 2014, orçada em R$ 25 bilhões.

Conforme as cifras oficiais, de janeiro a maio de 2013, o governo federal desembolsou R$ 92,3 bilhões só em juros – 40 vezes o investimento orçamentário do período, 3,6 vezes o que aplicou na Saúde e 6,3 vezes o que despendeu com Educação.

O PETRÓLEO É NOSSO!

Diante de números tão esclarecedores, apontou o coordenador da Federação Única dos Petroleiros, João Moraes, “podemos ver que o que move essas rodadas de leilão do petróleo é o pragmatismo de quem se rendeu a uma lógica que está na contramão do interesse nacional”. “O que estamos vendo em todo o mundo é o avanço do controle do Estado sobre esse patrimônio estratégico para o desenvolvimento soberano de qualquer nação. A nível mundial o capital privado detém apenas 6% das reservas. Quem descobre não faz leilão, pois à medida que o petróleo for escasseando, quanto mais raro, mais caro”, assinalou.

Na avaliação de Moraes, não há qualquer justificativa plausível para “rifar o futuro” com o leilão de um bem finito, “que não tem segunda safra e que é fonte de matéria-prima para mais de três mil produtos”. Na última rodada, baseada na lei 9478/1997, de FHC, o petróleo ficou para a empresa que ganhou o bloco no leilão, que poderá fazer o que quiser. Assim, as empresas estrangeiras não precisam construir refinarias no país, seja para abastecer o mercado interno ou exportar derivados – o que agregaria valor e geraria emprego e renda -, como também não precisam vender o petróleo à Petrobras, podendo exportá-lo in natura.

Dos 142 blocos leiloados na 11ª rodada, denunciou o líder petroleiro, apenas 12 serão operados pela Petrobrás, que arrecadou R$ 2,8 bilhões. “Para nós o mais importante é a empresa ser operadora, uma vez que é a operadora quem decide quanto, quando e onde produzir”, destacou o dirigente da FUP, alertando como a manutenção dos leilões, “fragiliza a soberania nacional”. Conforme Moraes, a rodada foi um grande desserviço ao país, pois, num cálculo simples, com o preço do barril a mais de cem dólares, essas empresas vão embolsar mais de um trilhão de dólares. “Qual a lógica disso”, questionou?

RASGANDO O BILHETE PREMIADO

E a situação em relação ao pré-sal fica ainda mais delicada, sentenciou o dirigente da FUP. “Como disse Lula, é um bilhete premiado”, assinalou Moraes, lembrando que, por decisão governamental, a Petrobrás passou a encomendar os navios petroleiros da indústria nacional. Com isso, o número de empregos na indústria naval saltou de cerca de dois mil para 60 mil. “Esta é apenas uma das demonstrações de que o pré-sal deve responder ao interesse do Brasil e não pode ficar à mercê dos interesses privados - quanto mais do cartel transnacional que, em busca de petróleo vai à guerra e ocupa países, como foi feito no Iraque”, frisou.

A coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e secretária nacional da Central Única dos Trabalhadores, Rosane Bertotti, também condenou os leilões: “como é que podem não ver a gravidade do que está acontecendo?”

PARA EXPRESSAR A LIBERDADE

Diante da magnitude da batalha pela hegemonia e a disputa sobre os rumos do país, Rosane defendeu a campanha “Para expressar a liberdade”. “O eixo que permeia nossa campanha é o fim do monopólio e o fim da propriedade cruzada”, explicou, denunciando o fato da Rede Globo dispor de 340 canais e retransmissoras de televisão, além de rádios, jornais, revistas e portais de internet para defender o ponto de vista das transnacionais, do sistema financeiro e do agronegócio.

Rosane, que também integra a direção operativa da CMS, condenou o Ministério das Comunicações por retroceder na agenda deixada pelo governo Lula, em particular no que diz respeito ao Plano Nacional de Banda Larga, que “com Paulo Bernardo virou o plano das teles, que o elegeram homem do ano”. O mesmo ocorreu em relação ao conjunto de diretrizes democratizantes apontadas pela Conferência Nacional da Comunicação (Confecom), que foram engavetadas. “Infelizmente, esta não é uma prioridade do governo Dilma. Mas nós estamos aqui para dizer que se a lei não vier pela mão de quem deveria garantir esse direito humano, virá pelas mãos do povo brasileiro”, frisou.

Em nome da direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, João Paulo Rodrigues enfatizou a necessidade dos movimentos sociais “superarem seu déficit organizativo e mobilizativo” e entrarem firmes na queda de braço com o retrocesso neoliberal, defendido pelas elites e replicado pelos grandes conglomerados de comunicação. “É impossível avançar sem fazer rupturas. Não tivemos uma só família assentada por este governo”, declarou, condenando o desproporcional estímulo dado pelo mesmo governo ao agronegócio, que embolsou R$ 136 bilhões, enquanto a agricultura familiar – responsável por mais de 70% dos alimentos colocados na mesa do brasileiro – ficou com apenas R$ 22 bilhões. “Como se diz, o momento é de cuidar da nossa horta, porque a lagarta tá vindo”, disse.

VALORIZAÇÃO DO TRABALHO

Para o secretário de Políticas Sociais da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Carlos Rogério Nunes,  “o momento é de avançar nas mudanças com valorização do trabalho, com a pauta das centrais sindicais e movimentos sociais que foram às ruas unitariamente no dia 11 de julho pelo desenvolvimento”. “Bandeiras, como a redução da jornada de trabalho, o combate à precarização e os 10% do PIB para a educação dialogam com o conjunto da sociedade, mas que são ignoradas pela chamada grande mídia, alinhada com o retrocesso”, destacou o dirigente da CTB.

Secretária-geral adjunta da CUT Nacional, Maria Godói de Faria, lembrou que no próximo dia 6 de agosto serão realizados atos contra a terceirização nas portas das federações patronais em todas as capitais do Brasil e também nas confederações de empresários (CNI, CNC, CNC), em Brasília. “Estaremos juntos pressionando os empresários para que seja retirado da pauta da Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 4330, que amplia a terceirização da mão de obra, precarizando ainda mais as relações e as condições de trabalho”, asseverou. Maria também apontou a luta pelos 10% do orçamento para a saúde o fim do fator previdenciário como imprescindíveis para garantir a justiça social com melhoria da qualidade de vida.

NÃO À DESNACIONALIZAÇÃO!

A desnacionalização da educação foi outra questão relevante denunciada pelos participantes, que citaram o exemplo do Grupo Anhanguera - controlado pelo Blackstone Fund. A multinacional, após comprar a Uniban, que tinha 50 mil alunos, iniciou um processo de demissão de 1.500 professores, em sua maioria mestres e doutores, reduzindo o valor médio  das horas pagas a estes em mais de 70%. "A entrada de capital estrangeiro é preocupante, e não há regulação sobre padrões mínimos de qualidade nas faculdades privadas”, acrescentou a presidenta da União Nacional dos Estudantes, Virgínia Barros (Vic). Para a líder estudantil, a construção de uma agenda unificada de lutas dos estudantes e trabalhadores do campo e da cidade é essencial para pressionar o governo a avançar. “Não vamos arredar o pé da rua, este é nosso lema!”.

                                                      II

A minirreforma eleitoral de Vaccarezza: uma anti-Reforma Política? - www.sul21.com.br

Depois de tudo o que aconteceu, e segue acontecendo, nas ruas do país, Vaccarezza propõe minirreforma eleitoral
Depois de tudo o que aconteceu, e segue acontecendo, nas ruas do país, Vaccarezza propõe minirreforma eleitoral
A manobra que afastou, até aqui com êxito, o deputado federal Henrique Fontana (PT-RS) da coordenação do grupo de trabalho criado pela Câmara dos Deputados para apresentar uma proposta de Reforma Política a ser votada ainda este ano, é mais um indicador que uma parte significativa dos parlamentares brasileiros é imune à realidade, vivendo numa terra paralela que tenta impor suas regras ao país. Em entrevista ao Sul21, Henrique Fontana conta como foi substituído por seu colega de partido, Cândido Vacarezza (PT-SP), em uma manobra articulada diretamente pelo mesmo (e por uma ala importante do PT ligada ao grupo que dirige hoje nacionalmente o partido) com o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN).

E as coisas sempre podem piorar um pouco. Nesta segunda-feira, vieram a público algumas ideias do deputado Vaccarezza para a proposta de Reforma Política. Uma delas é dispensar a apresentação de recibos, por parte das candidaturas, para comprovar doações eleitorais. Além de acabar com os recibos para as doações eleitorais, Vaccarezza apoia a ideia de permitir que políticos com contas de campanha rejeitadas pela Justiça Eleitoral voltem a se candidatar nas eleições de 2014. Sobre o tema dos recibos, Vaccarezza disse à Folha de S.Paulo que, sem eles, “a fiscalização poderá ser feita com registros da movimentação bancária das campanhas, onde os doadores seriam identificados”. O objetivo dessa medida, segundo ele, “é tornar a fiscalização mais eficiente”. “Com o número de candidatos que temos atualmente, não há controle”, assinalou o deputado.

Outra ideia do deputado Vaccarezza para melhorar a política brasileira é permitir que as verbas do Fundo Partidário sejam utilizadas para pagar multas impostas pela Justiça Eleitoral a partidos políticos acusados de cometer irregularidades. A legislação atual veta essa possibilidade. O Fundo Partidário é constituído por recursos públicos, do Orçamento Geral da União. Neste ano, ele deverá repassar R$ 294 milhões aos 30 partidos políticos do país. O parlamentar anunciou que pretende concluir ainda nesta segunda-feira seu relatório e garantiu que só vai manter em seu parecer “mudanças que forem apoiadas por todos os partidos”.

As propostas antecipadas podem representar, na verdade, uma anti-Reforma Política, frustrando completamente as expectativas erguidas em torno da ideia, a partir dos massivos protestos de rua das últimas semanas. Elas não chegam a surpreender, na verdade. O modo como Henrique Fontana foi substituído por Vaccarezza já é um indicador do estado das coisas no Congresso.

Em sua página na internet, o próprio deputado define a sua proposta como uma “minirreforma eleitoral”. Ele resume assim o conteúdo de sua proposta:

Cassação de prefeito por processo eleitoral

Atualmente: O segundo colocado da eleição assume a prefeitura

Proposta: Deverá haver uma nova eleição para que a população decida quem deve assumir o cargo

Troca de candidatos para eleição

Atualmente: O candidato ficha suja se candidata e pode, no sábado anterior à votação, colocar outra pessoa para ser votada. A foto do ex-candidato continua na urna

Proposta: O prazo para o candidato deixar de concorrer a uma eleição será o suficiente para que o Tribunal Superior Eleitoral mude a imagem na urna

Pré-campanha 

Atualmente: Não há uma regulamentação específica. Muitas atitudes são consideradas pré-campanhas, como o fato do candidato dizer que vai tentar se eleger nas próximas eleições

Proposta: Vai haver a legalização e regulamentação das pré-campanhas. Apesar disso, os candidatos não poderão pedir votos abertamente, arrecadar fundos, nem fazer atos públicos – como comícios

Redes Sociais e Internet

Atualmente: Não existe uma regulamentação sobre o assunto
Proposta: A internet e as redes sociais devem ser liberadas e o candidato não tem restrição sobre o que falar. Porém, é fica proibido campanhas pagas em sites de conteúdo


É isso. Depois de tudo o que aconteceu no país nas últimas semanas, e segue acontecendo, essas são as ideias do deputado Vaccarezza para enfrentar as críticas ao atual modo de funcionamento do sistema político-partidário brasileiro. Tudo pode acabar, não em pizza, mas em uma anti-Reforma Política.

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