Ontem, quarta, às 20 horas, o filme “De
Pai para Filho” foi exibido no cine teatro do Museu Municipal, dentro da
programação da 11ª Primavera dos Museus.
A escolha da história de Luiz Gonzaga, Rei do Baião, para a solenidade
está relacionada às homenagens prestadas ao Sr. Antônio Soares, que deixou
marcas na vida cultural e folclórica de Visconde do Rio Branco com as fogueiras
de São João, realizadas no seu Engenho Piedade. O auge daquelas festanças, com
todas as características de forró, aconteceu nos fins dos anos 50 e início de
60, do Século Passado, quando, por várias vezes, o sanfoneiro e cantador das
coisas do sertão nordestino veio animar o folguedo promovido por seu compadre. A
amizade entre os dois ficou na memória do povo rio-branquense e das respectivas
famílias. De geração em geração, essas
lembranças renascem acompanhadas de saudade.
O filme já é domínio público, desde o
seu lançamento no ano passado, como comemoração do Centenário do Rei do Baião.
Teve uma produção perfeita de cenário e de enredo desde a infância de Gonzaga
nas agruras do sertão, onde se revela o preconceito social e de raça, a
prepotência de coronéis e seus jagunços, com o surgimento do romance proibido
entre o preto e pobre sanfoneiro e a bela filha de um desses coronéis. Os nomes dois ficaram gravados no Juazeiro,
que virou música no repertório do futuro famoso artista. O enredo discorre sobre a saída de Luiz da
casa dos pais, suas aventuras pela sobrevivência com a entrada para o exército,
as exibições nas praças públicas do Rio de Janeiro para arrecadar pratas no chapéu;
as tentativas no programa de calouros da Rádio Tupi sob o gongo de Ary Barroso;
as recusas de contrato em várias emissoras de rádio, até a sua aceitação naquele
estilo diferente, naquela linguagem fora da gramática(Juazeiro seje franco...). Afinal, testado e aprovado no gosto popular,
ganhou espaços e cresceu como o criador do Baião, um ritmo para alguns críticos
vindo dos tocadores de viola do sertão.
Mas que ninguém dera a repercussão e imposição como Luiz Gonzaga.
De sua consagração artística nasce o
romance com a bailarina mãe de Gonzaguinha, morta prematuramente de
tuberculose. Luiz se casa de novo e o “filho” cresce sob rejeição da madrasta,
cedo é introduzido no mundo das drogas.
O “Pai” toma as rédeas do menino e o coloca em colégio interno:
- Daqui você vai saí doto!
A relação entre os dois é conflituosa.
E só nos últimos tempos antes da morte do Rei do Baião chegam a uma conciliação
“De pai para filho”. E realizam várias excursões por todo o país, ambos
artistas. Luiz no seu velho estilo de raiz.
Gonzaguinha no estilo de um ambiente de Rio de Janeiro, onde a Bossa
Nova e o Protesto político se misturavam.
É uma história real. Visconde do Rio Branco é testemunha do gosto
de Luiz Gonzaga de tocar para o povão, tanto no Engenho do Sr. Antônio Soares,
quando em praça pública.
Por aquela época fez um show na Praça
28 de Setembro, em cima de um caminhão, acompanhado, conforme suas palavras, “É no triângulo Pum-pum, e no zabumba, Bumbá”. A expressão virou bordão em uma de suas
músicas. Tocou e cantou de graça. Tinha o prazer de fazer assim.
Houve alguns apresentadores que lhe
atribuíram a alcunha carinhosa de “Lua”.
Luiz “Lua” Gonzaga.
Às vezes assim anunciavam a sua apresentação:
- E agora, com sua sanfona e sua
simpatia, com vocês..... Luiz “Lua” Gonzaga!!!!!
Hoje, quinta-feira, termina a Primavera
dos Museus. O Secretário Municipal de
Cultura e Turismo, Cléber Lima da Silva, realiza palestra sob o tema que serviu
de base para esta comemoração: Museus ( Memória + Criatividade ) = Mudança
Social.
Depois da palestra, encerrando a programação, o cineasta Jacynto Batalha projetará o seu filme: “Um Passeio no Tempo”.
(Franklin
Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
Nenhum comentário:
Postar um comentário