quinta-feira, 9 de maio de 2013

De Pai para Filho e Mudança Social




         Ontem, quarta, às 20 horas, o filme “De Pai para Filho” foi exibido no cine teatro do Museu Municipal, dentro da programação da 11ª Primavera dos Museus.  A escolha da história de Luiz Gonzaga, Rei do Baião, para a solenidade está relacionada às homenagens prestadas ao Sr. Antônio Soares, que deixou marcas na vida cultural e folclórica de Visconde do Rio Branco com as fogueiras de São João, realizadas no seu Engenho Piedade. O auge daquelas festanças, com todas as características de forró, aconteceu nos fins dos anos 50 e início de 60, do Século Passado, quando, por várias vezes, o sanfoneiro e cantador das coisas do sertão nordestino veio animar o folguedo promovido por seu compadre. A amizade entre os dois ficou na memória do povo rio-branquense e das respectivas famílias.  De geração em geração, essas lembranças renascem acompanhadas de saudade.

         O filme já é domínio público, desde o seu lançamento no ano passado, como comemoração do Centenário do Rei do Baião. Teve uma produção perfeita de cenário e de enredo desde a infância de Gonzaga nas agruras do sertão, onde se revela o preconceito social e de raça, a prepotência de coronéis e seus jagunços, com o surgimento do romance proibido entre o preto e pobre sanfoneiro e a bela filha de um desses coronéis.  Os nomes dois ficaram gravados no Juazeiro, que virou música no repertório do futuro famoso artista.  O enredo discorre sobre a saída de Luiz da casa dos pais, suas aventuras pela sobrevivência com a entrada para o exército, as exibições nas praças públicas do Rio de Janeiro para arrecadar pratas no chapéu; as tentativas no programa de calouros da Rádio Tupi sob o gongo de Ary Barroso; as recusas de contrato em várias emissoras de rádio, até a sua aceitação naquele estilo diferente, naquela linguagem fora da gramática(Juazeiro seje franco...).  Afinal, testado e aprovado no gosto popular, ganhou espaços e cresceu como o criador do Baião, um ritmo para alguns críticos vindo dos tocadores de viola do sertão.  Mas que ninguém dera a repercussão e imposição como Luiz Gonzaga.

         De sua consagração artística nasce o romance com a bailarina mãe de Gonzaguinha, morta prematuramente de tuberculose. Luiz se casa de novo e o “filho” cresce sob rejeição da madrasta, cedo é introduzido no mundo das drogas.  O “Pai” toma as rédeas do menino e o coloca em colégio interno:

         - Daqui você vai saí  doto!

         A relação entre os dois é conflituosa. E só nos últimos tempos antes da morte do Rei do Baião chegam a uma conciliação “De pai para filho”. E realizam várias excursões por todo o país, ambos artistas. Luiz no seu velho estilo de raiz.  Gonzaguinha no estilo de um ambiente de Rio de Janeiro, onde a Bossa Nova e o Protesto político se misturavam.

         É uma história real.  Visconde do Rio Branco é testemunha do gosto de Luiz Gonzaga de tocar para o povão, tanto no Engenho do Sr. Antônio Soares, quando em praça pública.

         Por aquela época fez um show na Praça 28 de Setembro, em cima de um caminhão, acompanhado, conforme suas palavras,  “É no triângulo Pum-pum, e no zabumba, Bumbá”.  A expressão virou bordão em uma de suas músicas.  Tocou e cantou de graça.  Tinha o prazer de fazer assim.

         Houve alguns apresentadores que lhe atribuíram a alcunha carinhosa de “Lua”.  Luiz “Lua” Gonzaga. 

         Às vezes assim anunciavam a sua apresentação:

         - E agora, com sua sanfona e sua simpatia, com vocês.....  Luiz “Lua” Gonzaga!!!!!          

         Hoje, quinta-feira, termina a Primavera dos Museus.  O Secretário Municipal de Cultura e Turismo, Cléber Lima da Silva, realiza palestra sob o tema que serviu de base para esta comemoração: Museus ( Memória + Criatividade ) = Mudança Social.

Depois da palestra, encerrando a programação,  o cineasta Jacynto Batalha  projetará o seu filme: “Um Passeio no Tempo”.

(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)

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