O salário mínimo de abril último deveria
ser R$ R$ 2.892,47. No entretanto,
trabalhadores e aposentados recebem R$ 678,00. Somente 23,44% do que
deveria. O vigente teria que ser
multiplicado por 4,27 vezes para atender as necessidades de uma família com
dois adultos e duas crianças, para cobrir as despesas com alimentação, moradia,
saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência,
reajustado periodicamente de maneira a manter seu poder de compra.
Se o
assalariado é obrigado a trabalhar oito horas por dia sujeito à carência de
três quartos do que precisa, e não tem opção porque a fila do desemprego é
grande, então se encontra sob trabalho escravo.
A Abolição foi uma farsa que as classes dominantes escreveram.
A
própria Abolição, no contexto da História, foi um ato inócuo, coberto de
hipocrisia.
Em
1888, os filhos de escravos com 17 anos estavam livres desde a Lei do Ventre
Livre de 28 de setembro de 1871(Lei Rio Branco). E os maiores de 60 haviam alcançado sua liberdade
há três anos(Lei do Sexagenário-28 de setembro de 1885-de Saraiva Cotegipe). O
número de escravos diminuía à medida que uns nasciam e outros passavam dos 60
anos. Mas os senhores de escravos tinham que manter nas senzalas os livres até
os oito anos de idade.
Depois dessa idade poderiam usar o seu trabalho sob
remuneração. Suas despesas aumentavam, à medida que o tempo passava, e o número
de escravos diminuía.
É fácil
compreender que acabar de vez com a escravidão, atendia interesses dos donos de
senzala, quando estavam perdendo domínio e arcando com mais despesas.
Libertar
seria dar condições de sobrevivência e educação aos ‘libertos’. Se para os
estrangeiros concediam-se sesmarias, por que não conceder aos ex-escravos?
O
Império não se preocupou com a sorte dessa gente.
Como a
imigração vinha sendo incentivada desde 1850 por interesse da Inglaterra de
criar mercado consumidor para os produtos de sua Revolução Industrial, os donos
de terra preferiam pagar e empregar os imigrantes, do que remunerar os
ex-escravos. Grande contingente desses
imigrantes aceitava qualquer valor pela remuneração do seu trabalho, porque
vinham para o Brasil a fugir da miséria em que viviam nos países de origem.
O
exemplo remoto dos Quilombos revela que, com terras, os negros eram capazes de
se organizar e viver.
Sem
terra e com a forte concorrência dos estrangeiros no mercado de trabalho, a
muitos restaram o abandono e a mendicância.
E
aquela situação mudou a face da escravidão. Sem regras na relação capital -
trabalho, a jornada durava de sol a sol, passando das 12 noras no período das
noites curtas. Não havia direito a
férias, descanso semanal remunerado, previdência social. Enquanto o trabalhador tinha saúde e idade
produtiva, trocava a mão de obra por qualquer paga. Às vezes até pelo prato de
comida. Na velhice ou na doença dependia
de caridade, ou passava fome. Isto foi além da Proclamação da República. E
somente amenizado após a Revolução de 30, quando vieram os direitos
trabalhistas, institucionalizados na Consolidação das Leis do Trabalho(CLT).
Houve
relativo equilíbrio após essas conquistas, nelas incluída a criação do
salário-mínimo calculado de maneira a atender aquelas necessidades que a
constituição de 1988 confirmou.
Apesar
disto, o Golpe Militar de 1964, apoiado e alimentado com logística dos Estados
Unidos, feriu drasticamente a doutrina trabalhista, não só no seu aspecto
específico, mas como filosofia doutrinária e ideológica de Estado. A soberania nacional e a exploração das
riquezas naturais geram recursos para melhorar o nível de vida e a condição
humana do trabalhador.
O
ruptura do curso histórico do trabalhismo provocou um retrocesso prático de
mais de 100 anos na evolução social do Brasil.
Sob
forma diferente, o salário mínimo vigente de R$ 678,00, talvez corresponda às
mesmas remunerações da República Velha ou do Império. Se ele equivale 23,44% do
necessário, teria que ser multiplicado por 4,27 vezes para cobrir as despesas
do trabalhador.
Dos seus direitos, 76,58% são confiscados como
imposto oculto, não declarado ou explícito.
As pessoas mais ricas do país não pagam, nem de longe, um percentual
deste de imposto de renda. Quem ganha pouco paga muito mais, além dos impostos
normais sobre tudo o que compra. Se perguntar
ao Eike Batista se paga esse imposto, ele dá uma gargalhada na sua cara!
Em miúdos:
se uma família precisa de 04 litros de leite, tem que passar com menos de 1. Do
mesmo modo é no feijão, no vestuário, na moradia e tudo o mais. Em educação e
lazer nem se fala.
Mais
grave: o salário decretado vigora por um ano.
E o preço das mercadorias é liberado.
A cada mês a distância é maior entre o vigente e o necessário.
Vejam
uma coisa: em abril do ano passado, o vigente de R$ 622,00 equivalia a 26,70%(mais
de ¼) do necessário de R$ 2.329,35.
Neste
abril(2013), o vigente de 678,00 vale 23,44%(menos de ¼) do necessário de R$
2.892,47.
DIEESE
Período
|
Salário mínimo nominal
|
Salário mínimo necessário
|
2013
|
||
Abril
|
R$ 678,00
|
R$ 2.892,47
|
Março
|
R$ 678,00
|
R$ 2.824,92
|
Fevereiro
|
R$ 678,00
|
R$ 2.743,69
|
Janeiro
|
R$ 678,00
|
R$ 2.674,88
|
2012
|
||
Abril
|
R$ 622,00
|
R$ 2.329,35
|
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