terça-feira, 27 de agosto de 2013

COLUNA DO PAPULO TIMM(Torres-RS) - Drops Revista Diária agosto 27 - UM PASSO DE CADA VEZ



 Drops Revista Diária agosto 27 - UM PASSO DE CADA VEZ

]Paulo Timm – Comentário
Um passo de cada vez

O colega, em matéria abaixo - Caso Snowden: depois da tempestade, a decepção -

, Lamenta as poucas repercussões das revelações do famoso técnico da CIA , Snowden, que estarreceu o mundo com a liberação à imprensa de documentos altamente comprometedores A vários países centrais.
Não concordo muito com as reflexões do texto.

Em primeiro lugar, nunca nada muda. Mesmo na Guerra,  a vida continua: crianças vão à escola, donas de casa fazem a feira, moços e moças se enamoram, crianças nascem, velhos morrem. As estações se sucedem.  Lembro-me de um livro que li, acho que do G.  Orwell < LUTANDO NA ESPANHA> , no qual ele conta sua presença na Guerra Civil Espanhola. Ficava impressionado quando, em recesso do front, ia `a cidade e lá tudo corria " normal". Assim é a vida. Superior aos acontecimentos. Artigos são escritos, telas pintadas, teorias formuladas, livros escritos e 
PLUS ÇA CHANGE
PLUS ÇA C EST LA MÊME CHOSE
como em
 “O LEOPARDO”
Nos prazos curtos...
Quanto à ERA DIGITAL, ela não é mais nem menos do que um salto no processo da FALA ou COMUNICAÇÃO, que é um reflexo das circunstâncias do homem em sua luta pela sobrevivência no meio natural: o foto, a pólvora, a energia, a eletrônica. Todas interagem com a FALA humana. A própria escrita foi, durante séculos, um instrumento de dominação das aristocracias.  Quando Gutemberg inventou a impressão foi o mesmo. Em poucos anos o número de Bíblias , antes restrita aos monges, chegou ao milhão. Democratizou a palavra de Deus, enclausurada nos monastérios. Hoje as REDES revolucionaram a INFORMAÇÃO. Ainda nem conseguimos avaliar bem tudo isso. Claro que, como toda a tecnologia, resultando de uma sociedade de classes, com forte e concentrado processo de dominação, isso é apropriado privadamente. Ou, por acaso, o prímeiro ancestral que agarrou um galho incandescente e dominou o fogo, foi diferente? Ele, no seu tempo, naquelas circunstancias, deve ter reforçado o processo de dominação no qual se salientava. Gradualmente, os benefícios tecnológicos se disseminam, ao sabor das transformações sociais, e cumprem novos papéis. Mas isto é um prazo longo, quando nós TODOS  já estaremos mortos. (...)

Um dos atos mais importantes do homem adulto é conhecer seus limites. Um passo de cada vez.  Não atribuir-se   grande importância, que é soberba ou vitupério.  E  mesmo assim, ter a persistência de lutar pelo que acredita. Este é cerne da questão da FINITUDE DO HOMEM, tema fundamental de Heidegger. Sem  qualquer pretensão de imortalidade, continuar vivendo. ETICAMENTE! Um passo de cada vez..
       Heidegger contra Kant 
                                                                        Paulo Timm - Torres, 2007 - verão
                                        ( Em homenagem à turma de 1955 do Colégio das  Dores. )

Um abandonar-se às coisas,
                         com serenidade.
Resguardar, em vez de fabricar,
                  e pôr-se no caminho por onde advém
                        o que salva.
Simplesmente não-ser,
                 não-agir,
                 a nova  ética da finitude.
O ser lançado: Lançado para a morte.
Ser-o-aí : o espaço de manifestação do ente,
                carecente de razão suficiente,
                      sine ratione,
                                           outra,
- que o fundamento finito da finitude.
E como lançado, como liberdade encarnada,
este ser-o-aí como fundamento do ente.
A legitimação legítima.
A transcendência de si mesmo como ser-no-mundo,
transcendência da transcendência.
Ser-o-aí,
ser-no-mundo,
ser-para-a-morte,
o ser-para-o-nada.
A morte, fatalidade  desrealizadora em nosso poder.
O tao da liberdade, o tao do desenraizamento total.
Primeiro a diferença ontológica, existencial.
O Ser e o Tempo.
Com o tempo, outra diferença,
mais radical,
o fim do princípio de fundamento:
a diferença entre o ser, ele mesmo,
pensado como presença doada
e o ente que se apresenta como dádiva.
uma dobra do ser.
Cum Deus calculat, fit mundus.
A era da técnica .
O ser como jazimento unificador do ente
retrai-se a favor do que foi gestado como causa,
                              como princípio,
                             como explicação explicitada.
E no retraimento do ser,
na transcendência do ente que deixa jazer:
O ser-abismo...
O tempo-espaço e o ser, ele mesmo
uma acontecência,
uma integração,
uma apropriação.
e daí seu  destinamento - fundamento ele mesmo-,
                           infundado,
                           a desenhar as faces de todas as coisas presentes.
É assim que o pensamento do ser tardio
vai se transmutando em pensamento ,
inteiração do tempo-espaço e do ser.
A apropriação como dádiva do ser.
Então o fim da plenitude infinita do ser.
Parmênides sangrando.
Kant na sombra da grande árvore...
O ser agora é uma dádiva insolúvel
O fim da verdade originária.
Trata-se apenas de habitar a terra sob o céu:
                                                 A ética do morar,
capaz de edificar sobre o chão batido do jazimento unificador.

"É somente o ser que concede os favores ao salutar
e impulsiona a fúria para a perdição" (H)

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