segunda-feira, 5 de agosto de 2013

COLUNA DO PAULO TIMM(Torres-RS) - Drops - Revista Diária paulotimm.com.br - GERAÇÃO PERDIDA





Clique para abrir Drops - Revista Diária paulotimm.com.br - GERAÇÃO PERDIDA
                              www.paulotimm.com.br 

O DRAMA DOS JOVENS ENTRE 18-24 ANOS

Paulo Timm – Torres julho 05 - copyleft

Hoje, será sancionado pela Presidente Dilma Roussef a lei que institui o Estatuto da Juventude (PLC 98/2011). Trata-se de um dia histórico. O projeto tramitou nove anos no Congresso Nacional e suscitou muitos debates nas suas duas Casas. No Senado o voto definiu alguns dos pontos controversos: a exclusão da meia-entrada nos jogos da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, a limitação de ingressos de meia-entrada em cada evento e a oferta de assentos gratuitos aos jovens de baixa renda no transporte interestadual. O jovem senador  Randolfe Rodrigues (PSOL-AP),  foi o relator da proposta na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e afirmou que  o estatuto representa um “marco legal” na consolidação das políticas públicas voltadas para a juventude, assegurando a visibilidade e a prioridade desse público “tão heterogêneo e dinâmico quanto fundamental para o desenvolvimento do país.

O  Estatuto da Juventude  é uma declaração de direitos da população brasileira entre 15 e 29 anos, cujo número alcança 51 milhões de habitantes , recorde registrado na história do Brasil. O estatuto ratifica direitos  consagrados  em lei – como educação, trabalho, saúde e cultura – aprofundando-os no sentido de atender às necessidades específicas deste segmento da população.

O fato, no entanto, traz à tona a situação de extrema vulnerabilidade desta população jovem. São precisamente eles os mais atingidos por várias formas de violência, que vão das dificuldades para se manter na Escola, passando pela exposição aos acidentes de trânsito para culminar com a trágica taxa de homicídios a que estão sujeitos.

Os problemas começam com a evasão escolar. A evasão no Brasil é quase três vezes maior do que a média de 29 países europeus.


O ensino médio é o maior gargalo no nosso já débil sistema educacional. Não tem qualidade, não estimula a presença na escola, não integra. Na recente divulgação do IDHM a evasão escolar de adolescente é alarmante.

Eles são chamados de  “nem nem”, porque acabam nem estudando, nem trabalhando, em virtude das dificuldades para o primeiro emprego. Representam uma quantidade expressiva e preocupante — 19% do total de pessoas nessa faixa etária.  Pior, afirmam estudiosos  :  “A situação fica mais grave ainda quando se compara com 10 anos atrás. Quase nada mudou, apesar do crescimento econômico brasileiro dos últimos anos, da ascensão de milhões de famílias à classe C e da maior oferta de vagas nas escolas e de emprego. Em 2001, eles representavam os mesmos 19% do total de jovens. Sabe-se que esse quadro estava um pouco melhor em 2009 em relação a 2001, mas voltou a piorar em 2011.” (Publicação: 23/12/2012 06:00 Atualização: 23/12/2012 07:21Ana D'ângelo, Simone Caldas e Geórgea Choucair)

 As causas da evasão escolar são diversas e muitos autores se têm dedicado a analisá-la. Vão desde condições socioeconômicas que obrigam os jovens, particularmente adolescentes e mais ainda depois dos 18 anos a trabalhar, culturais e pedagógicas. A baixa qualidade do ensino e a precariedade das escolas que não oferecem um ambiente motivador à permanência dos jovens são dois dos maiores problemas. Há, ainda uma razão legal. Segundo a legislação o ensino fundamental é obrigatório para as crianças  de 6 a 14 anos, sendo responsabilidade das famílias e do Estado garantir a eles uma educação integral, mas silencia sobre o período posterior, entre 14 e 24 anos. A evasão de adolescentes, entretanto, fere a  Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB9394/96) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e não pode ser tolerada.  Cabe às Escolas, ao observar a ausência dos jovens não só desenvolver programas especiais para o retorno à sala de aula, como, em caso de reincidência informar o Conselho Tutelar do Município, o qual deve tomar as devidas providências saneadoras do mal.

Comparem-se por exemplo, os dados entre os municípios de Aguas de S.Pedro (SP) , o que apresentou a melhor performance em educação no IDHM , e o de pior performance, Melgaço (PA). Destaque-se que educação foi o componente que mais avançou no Brasil entre 1991 e 2010, tanto em termos absolutos (0,358) , como  relati­vos (128%). Este desempenho foi puxado pelo aumento do fluxo escolar de crianças e jovens   (156%), porém, o fluxo de jovens entre 18 e 20 anos bem cresceu menos e hoje apenas 41% deles se encontram na Escola. A evasão é gritante e comprometedora. Em países como a Coréia do Sul 95% dos jovens nesta idade já se encontram no nível superior...

..





Educação – IDHM –
Mais alto IDHM Educação - 0,825
 Águas de São Pedro (SP)
100% de 5-6 frequentando escola
96,67% de 11-13 nos finais do fundamental
74,17% de 15-17 com fundamental completo
74,64% de 18-20 com médio completo
75,07% de 18 ou mais com fundamental completo
Mais baixo IDHM Educação 0,207
Melgaço (PA)
58,68% de 5-6 frequentando escola
35,83% de11-13 nos finais do fundamental
6,89% de 15-17 com fundamental completo
5,63% de 18-20 com médio completo
12,34% de 18 ou mais com fundamental completo

Dessa forma, o que deveria ser uma grande esperança na renovação de gerações e inteligências no país, fica comprometida. Note-se a diferença : Em Aguas de São Pedro, 75,8% das pessoas acima de 18 anos já detém o curso médio completo, índice de apenas 12,3% no município paraense de Melgaço. Estamos jogando fora o país do futuro. Como conclui o recente trabalho do IPEA:
Desde sempre se fala que os jovens são o futuro da nação. Mas o que nós estamos fazendo com os nossos jovens no Brasil? Os dados sobre mortalidade violenta juvenil mostram uma realidade trágica. Por exemplo, em Alagoas a taxa de vitimização violenta letal de homens entre 15 e 29 anos ultrapassou o incrível patamar de 456 por grupo de 100 mil indivíduos. A violência perpetrada contra jovens é, porém, um fenômeno disseminado no país e que tem crescido substancialmente nas últimas décadas. A cada ano, uma maior proporção de jovens, cada vez mais jovens, é assassinada. São tipicamente pardos, com 4 a 7 anos de estudo, mortos nas vias públicas, por armas de fogo, nos períodos onde há mais interação social.
Extremamente preocupante também são as mortes ocasionadas por acidentes de transporte. Nos anos 2000, com o aumento da renda do brasileiro e o aprimoramento do mercado de crédito, sobretudo para aquisição de veículos automotores, muitos indivíduos tiveram acesso a automóveis e motocicletas. Provavelmente, tal fenômeno colaborou para que a taxa de óbitos em acidentes de trânsito envolvendo jovens aumentasse 44,6% na última década. Nesse caso a vítima típica é de jovens, brancos e com maior nível de escolaridade.
São incomensuráveis as perdas dessa tragédia, em termos de dor, sofrimento, e desestruturação familiar. Por outro lado, esses óbitos geram um custo econômico de bem-estar para a sociedade que pode ser expresso monetariamente. Neste trabalho, utilizamos uma abordagem de disposição marginal a pagar para evitar o risco de mortes prematuras devido à violência. Quantificamos ainda a perda de expectativa de vida ao nascer, para homens e mulheres residentes em cada unidade federativa, devido a cada tipo de violência, entre os quais homicídios, suicídios, acidentes de transporte e outras violências.
Analisando as unidades federativas, nossos cálculos mostraram que as violências podem fazer reduzir a expectativa de vida ao nascer em até quase três anos para os homens. Economicamente, o custo anual com a vitimização violenta dos jovens pode corresponder até 6% do PIB estadual. No geral, a morte prematura de jovens devido às violências custa ao país cerca de R$ 79 bilhões a cada ano, o que corresponde a cerca de 1,5% do PIB nacional.


Mas a evasão é apenas a ante-sala de violência ainda maior, que acaba roubando não só o futuro deste jovens, mas suas próprias vidas. São eles o segmento da população mais sujeito às mortes por acidentes de trânsito e homicídios.

 
Um estudo, também do IPEA, divulgado em julho passado (2013)evidencia que mais de 53 mil pessoas são assassinadas por ano e  que as vítimas são  cada vez mais jovens. O perfil desses jovens, vítimas dos vários tipos de mortes violentas, é em sua maioria homens, pardos, com 4 a 7 anos de estudo, mortos nas vias públicas, por armas de fogo. Esse é um dos dados que consta no estudo Custo da Juventude Perdida no Brasil, de autoria de Daniel Cerqueira, diretor de Estado, Instituições e Democracia do Ipea.

A pesquisa foi apresentada nesta sexta-feira, dia 12, no Rio de Janeiro, durante o seminário Juventude e Risco: Perdas e Ganhos Sociais na Crista da População Jovem, promovido pelo Ipea e SAE, em parceria com o Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento Internacional (IDRC, Canadá) e o Centro de Estudios Distributivos Laborales y Sociales (Cedlas).

O estudo indica que a morte prematura de jovens devido às violências custa ao país cerca de R$ 79 bilhões a cada ano, que correspondente a 1,5% do PIB Nacional. Cerqueira alerta que não só mortes com armas de fogo foram dignas de destaque, a taxa de óbitos em acidentes de trânsito envolvendo jovens aumentou em 44,6% na última década.

Os resultados indicaram que a violência letal na juventude pode responder por uma perda de expectativa de vida ao nascer dos homens de até dois anos e sete meses, como é o caso em Alagoas, mas de, no máximo, quatro meses para as mulheres, conforme observado em Roraima.

Rotatividade no mercado de trabalhoOutro tema abordado no seminário foi a alta rotatividade dos jovens no emprego formal. O diretor-adjunto de Estudos e Políticas Sociais (Disoc) do Ipea, Carlos Henrique Corseuil, destacou que a taxa de jovens que deixam seus empregos (seja por abandono ou demissão) é de 72,4%. O pesquisador explica que não é mais difícil para o jovem conseguir ser empregado do que para o adulto, porém, os jovens perdem seus empregos com mais frequência.

O presidente do Ipea e ministro da SAE, Marcelo Neri, também apontou que os jovens entre 15 a 19 anos, da classe C, são os que mais frequentam os cursos de qualificação profissional. Também participaram do debate o Subsecretário de Ações Estratégicas da SAE, Ricardo Paes de Barros, diretor do Cedlas, Guillermino Cruces, e a program officer do IDRC, Carolina Robino.
(IPEA - Morte prematura de jovens custa R$ 79 bilhões por ano
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=18921)
O lançamento, pois, do Estatuto da Juventude,  oferece uma grande oportunidade para que a sociedade brasileira se debruce sobre essa chaga da vulnerabilidade de seus jovens entre 18 e 25 anos, trazendo à tona exigências de maior atenção do Estado sobre este estratégico problema.
***
2 anexos — Baixar todos os anexos  
Drops agosto 05_GERACAO PERDIDA.pdfDrops agosto 05_GERACAO PERDIDA.pdf
1960K   Visualizar   Baixar  
O DRAMA DOS JOVENS ENTRE 18.docxO DRAMA DOS JOVENS ENTRE 18.docx
87K   Visualizar   Baixar  

Nenhum comentário:

Postar um comentário