Os comentaristas escondem a realidade quando falam que o país
vem tendo aumentos reais do salário mínimo.
Este ano estamos comparando, desde o reajuste de janeiro, e a cada mês
de 2013 o mínimo vigente vale menos do que o Necessário de 2012.
A mídia se apressa em noticiar que a
cesta básica teve baixa em todas as 18 capitais pesquisadas, mas não entra em
detalhes comparativos. Na verdade, o
valor real do mínimo de julho de 2013, de R$ 678,00, caiu, em relação a julho de 2012, de R$
622,00. Vejam a relação: R$ 678,00 são apenas 24,65% do necessário para o
mesmo mês que são R$ 2.750,83, que correspondem a 4,06 vezes o vigente. Enquanto isto, os R$ 622,00 de julho do ano
passado correspondiamm a 24,68% dos R$ 2.519,97 necessários para aquele período,
que valiam 4,05 do vigente. A queda do
atual para o do ano anterior é pequena.
Falar, entretanto, que há crescimento real é erro proposital, ou engano,
o que não nos parece provável para especialistas na área que comentam.
Isto nos faz desconfiar das falácias de
que está havendo uma migração de parcelas da população das classes D e E para a C(média). Essas versões partidas dos formadores de
opinião na mídia dominante deixam a impressão de que tendem a amainar o ânimo e
o sentimento de revolta da nação contra os desmandos dos governantes e a exploração
que as classes abastadas praticam sobre os trabalhadores e seus dependentes. O
clamor das ruas mostra que o povo acordou. Só não querem acordar os governantes e seus sustentadores.
NÃO HÁ CRESCIMENTO REAL DO SALÁRIO
MÍNIMO VIGENTE.
Há, de fato, um constante confisco dos
valores que deveriam ser pagos aos assalariados de mais de 75% do que teriam
que receber de direito e por necessidade.
São mais de três quartos retirados mensalmente de cada trabalhador para
serem acumulados nas mãos dos 10% mais ricos da população. É o vigor da lei Robin Hood aplicada ao
contrário: tira dos pobres para dar aos ricos, que concentram cada vez mais a
renda e a riqueza nacionais.
É baseado em “determinação
constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser capaz de suprir as despesas
de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário,
higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor
do salário mínimo necessário. Em julho deste ano, o menor salário pago deveria
ser de R$ 2.750,83, ou seja, 4,06 vezes o mínimo em vigor, de R$ 678,00”.
Todos sabem que as pequenas e médias
empresas quebrariam se um decreto estabelecesse essa obrigatoriedade de uma
hora para outra. Teria que haver política de distribuição de renda que
impedisse a concentração crescente em poder das classes mais ricas. Quanto mais no alto da pirâmide social, maior
a concentração. Teria que distribuir de
cima para baixo, de maneira a atingir as classes médias que, por tabela, fariam
chegar aos trabalhadores. Esse processo
reforçaria o mercado interno e ofereceria conforto, fartura e melhoria de vida
a quem produz toda a riqueza nacional. Seria menor a diferença de classes, com
resultante justiça social. O PT, se
fosse mesmo uma Partido dos Trabalhadores, teria que ter aplicado a
distribuição de renda nesses 13 anos de governo. Mas ninguém se engana mais com essa sigla de
ideologia falsa. Ela segue à risca o neoliberalismo herdado do PSDB, que vem
desde a implantação da Ditadura Millitar.
Dos governos neoliberais nada se pode
esperar nesse sentido. Essa ideologia
político-econômica tem no lucro e no acúmulo de capitais a sua afirmação de
sucesso. Esse sucesso é alcançado graças
à miséria dos segmentos sociais marginalizados do processo.
O grito dos jovens nas ruas tem, entre
tantos, esse ingrediente que nem todos sabem, mas sentem, como consequência das
carências vividas que lhes tiram a perspectiva de uma vida melhor.
(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
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