O povo está enchendo as ruas das maiores cidades brasileiras
em protesto contra o pior nível de classe política que o país já produziu. As
contradições entre os gastos públicos perdulários de deslavada corrupção,
diante das carências profundas no plano social, despertaram a indignação
reprimida no dia a dia de cada um. Os baixos salários, os elevados impostos, a
gastança com o pessoal dos três poderes e, para mostrar abertura da ferida no
caráter das classes dirigentes, os
custos bilionários das reformas e construções dos estádios de futebol para a
Copa das Confederações, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 vieram
derrubar o biombo que encobria toda a vergonha nacional.
Neste momento, a classe política tem a
mesma avaliação negativa que tinha a classe militar durante a Ditatura de
1964. Em uma e outra há as raríssimas e
honrosas exceções. Os componentes dessas
exceções hão de compreender as razões do povo pelos males que fizeram e vêm
fazendo a maioria com poder de decisão.
Da maneira que uns cobriram os erros
dos outros por espírito de corpo (corporativismo), a mácula agora recai sobre
todos como reflexo da contaminação do vírus da corrupção e abuso de poder.
Chegamos a um ponto em que os estadistas,
políticos de valor, constituem-se espécie em extinção.
As manifestações de protesto começam
nas grandes cidades, porque nas menores há rara independência de ação no plano
coletivo. Muita gente pensa e sabe o que ocorre de errado na administração
pública, mas não pode se manifestar devido ao risco de perder emprego próprio,
ou de algum parente ou amigo. Cria-se uma rede de dependência. Há, entretanto, um limite para a contenção
das injustiças impostas no protecionismo de castas e do nepotismo. Quando os municípios começam a superar o
número de 50.000 habitantes, o domínio dos 10% mais ricos sente ir escampando
de seu controle a vida, o pensamento e as ações daqueles 90 por cento sob seu cabresto.
Os grilhões tendem a se romper, quando o navio enfrenta
tempestade e todos correm o risco de naufragar. O Brasil balança como nunca,
agora sem qualquer comando visível. Tudo indica que os torniquetes arrocharam
demais a cada um, e a dor generalizou-se, do mesmo modo que está generalizada a
corrupção nos poderes. Mesmo sem ter sido um Titanic, a nave está a pique. Outra ditadura militar é indesejável. A experiência anterior foi péssima. Tudo o que aí está são sequelas dela mesma. O povo que protesta, felizmente sem armas, há
de despertar o bom senso para uma mudança radical que substitua a atual classe
de políticos de carreira por cidadãos e cidadãs políticas: prestadores de
serviços públicos em benefício de todos; e não usurpadores do dinheiro público
para enriquecimento ilícito próprio e de seus protegidos.
A população rio-branquense e a classe política estão
assistindo em todos os cantos do Brasil a explosão de um sentimento que sacode
as vísceras da “Paróquia” que teve em outros tempos políticos da envergadura de
Celso Machado, Gastão de Almeida, José Barreto Mesquita, Jorge Carone(pai),
Jorge Carone Filho e muitos outros que o tempo levou. Como no Brasil tivemos
Getúlio Vargas, João Goulart, Leonel Brizola, Milton Campos, Carvalho Pinto e
também outros. Eles se vão e outros não
surgem com a mesma estatura ética.
O desejo de extravasar seu
inconformismo os cidadãos rio-branquenses também têm. Motivos sobram.
Das menores
cidades, Viçosa saiu na frente. A onda
cresce. Deixemos agora que o tempo fale por nós. No panorama nacional, a imagens estão falando
pelo Brasil.
(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
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