segunda-feira, 24 de junho de 2013

Revitalização dos Rios Chopotó e Piedade




                   A  palavra revitalização está na ordem do dia.  Para isto, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente realizou conferências nos dias 12(quarta) e 17(segunda) deste mês. Depois da Conferência, segundo postagens na Internet, a equipe envolvida no projeto têm visitado as nascentes que ficam na Serra da Piedade de Cima e na de São Geraldo.

                   Rio-branquenses que moram fora do Município têm manifestado apoio e regozijo por tal iniciativa, com apelo “salvem o nosso Chopotó”.

                   Quem não quer voltar a ver o vigor dos nossos rios de gerações passadas, quando  os açudes da Cachoeira e do Matucho viviam cheios de banhistas nos dias de semana e, principalmente aos domingos? Mesmo diante da ameaça de xistossomose que chegou a abalar a saúde de muita gente.

                   A importância desses rios vai além desse lado romântico e saudosista.  O Chopotó corta a cidade desde os limites de São Geraldo, no Pontilhão 200, até a divisa com Guidoval, na Zona Rural da Barra de Guiricema. Eram vários os poços onde se podia tomar banho, além da pescaria que foi meio de vida e passa tempo para muitos que se encontravam de férias, ou aposentados.  O Piedade, no seu curso da Serra do mesmo nome, até o “encontro”, próximo à Ponte do Dr. Lelé, tinha também a sua história.  Nessa história está o símbolo marcante de seu nome:  Os nativos que foram exterminados nas suas cabeceiras, e na sua trajetória, a pedir “Piedade, Piedade!” aos invasores dessas terras. Conta-se que suas águas ficaram banhadas de sangue.  E não salvou ninguém.

                   Esses cursos d’água guardam muito dos Coroados, Coropós e Puris.  Os invasores e bandeirantes referiam-se esta região como “Aldeia dos Coroados”.   Os Puris viviam mais na área de Guiricema.  No Museu Municipal de Visconde do Rio Branco existem peças e ossadas encontradas no alto da Serra da Piedade.

                   Mas, sobre a revitalização, parece-nos fácil na zona rural, onde as suas margens guardam o espaço destinado à matas ciliares, que mantêm o equilíbrio do volume da águas, entre o período das chuva e da estiagem.
O grande problema se encontra na zona urbana, onde construções públicas e particulares invadiram o espaço necessário para a flora.  Prédios e pistas de trânsito estão dentro dos rios em desrespeito aos 30 metros da Lei Federal, e aos 15 das municipais. Não há o que se discutir: Na hierarquia legislativa prevalece o dispositivo federal.


                   Os prédios dentro dos rios certamente ativeram alvará de construção expedido pelo órgão competente: a Prefeitura Municipal.  Já as pistas de trânsito constituem erro crasso da administração que realizou essas obras.
Construções dentro do Rio - áreas de risco.CM 16/07/2013


Construções dentro do Rio - áreas de risco.CM 16/07/2013

Construções dentro do Rio - áreas de risco.CM 16/07/2013

Construções dentro do Rio - áreas de risco.CM 16/07/2013


                   A Secretaria Municipal do Meio Ambiente tem que detectar esses problemas e encaminhar aos poderes Executivos e Legislativos.  Essas obras criaram várias áreas risco ao longo desses cursos d’água.

                   Contribui intensamente para este estado a migração da população que fora para as metrópoles, tendo saído da zona rural.  E esse pessoal voltou para a zona urbana.  Cresceu o mercado para a especulação imobiliária.
Os altos dos morros em torno do centro foram transformados em bairros.  A vegetação transformou-se em asfalto e cimento armado.  O fenômeno encontrou uma urbe sem qualquer planejamento.  Áreas de risco surgiram também nos altos dos morros, com o perigo de desbarrancamento.  

         Sem flora que equilibrasse  o sistema, as águas de chuva descem direto para o leito dos rios.  Agora temos tido enchentes catastróficas praticamente, praticamente no intervalo  de dois anos: 2006, 2008, 2010 e 2012.  Antes tivéramos enchente desse porte somente em 1932. 

         Isto significa que o conjunto de erros de construções, alvarás, obras públicas sem obedecer a qualquer rigor ambiental fez as enchentes serem o problema mais dramático de Visconde do Rio Branco.  Para diminuir esses efeitos, os podres executivo e legislativo têm de começar por um planejamento urbano, levando-se em conta as estimativas de crescimento vegetativo fornacidas pelo IBGE, já que o processo migratório em massa parece ter atingido seus limites.  São medidas para evitar crescer os problemas sociais.  No planejamento,  deve-se dar prioridade ao crescimento no plano horizontal. 

         Uma solução definitiva não nos parece estar na disposição dos governantes municipais:  declarar áreas de riso as construções no ápice dos morros, e as de dentro dos rios.  Exterminar as pistas de trânsito situadas no lugar das matas ciliares (30 metros das margens), indenizar quem construiu naqueles pontos e deslocá-los para lugar mais seguro. 
Construções dentro do Rio - áreas de risco.CM 16/07/2013


         Revitalizar o Chopotó, quem pega esta batata quente?


(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)

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