quinta-feira, 20 de junho de 2013

COLUNA DO PAULO TIMM(Torres-RS) - Drops junho 20 - Não basta se indignar: é preciso mudar o sistema!




COLUNA DO TIMM

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                              LUZ OU ROMBO NO FIM DO TÚNEL




LUZ OU ROMBO NO FIM DO TÚNEL?

Paulo Timm – Torres junho 20 - copyleft

Não, prezados leitores. Hoje vou adiante das Manifestações. Detenho-me em temas correlatos que correm à solta, carentes de maior atenção dos brasileiros. Aliás, eles não são poucos. Por sorte, são temas complexos que tardarão a chegar à opinião pública e mais ainda ao clamor das ruas.  Por enquanto ficam à consideração de especialistas. São os casos da dívida de PETROBRÁS,  anunciada semana passada mas encoberta pelos acontecimentos e da situação do setor elétrico. Vejamos este último:
Há algum tempo a Presidente Dilma decretou redução nas tarifas, justamente quando as preocupações com os reservatórios determinavam a entrada em funcionamento das termoelétricas, cujo custo é bem mais elevado do que a energia de fonte hídrica. Teme-se, no Governo, o repeteco do apagão que acabou com o Governo FHC.  Desde então o Sistema se vê na contingência de abrir e fechar as termos, dependendo do risco previsto de déficit. Aliás, é bom lembrar que todo e qualquer sistema elétrico opera sempre com algum risco de déficit. Rigorosamente, do ponto de vista da engenharia não existe  “risco zero”, como proclamou a Presidente certa ocasião.  Esta operação, entretanto, do abre-fecha das termos, aliado  ao recurso de mantê-las de sobreaviso ou como é o caso de quatro delas que se encontram suspensas,  sempre gera problemas  no custo final da energia. Em algum momento, o “rombo” virá à tona e exigirá novas medidas do Governo. A propósito, a ELETROBRÁS já acumula um rombo milionário e, paradoxalmente,  se apressa a pagar “jabuticabas”suculentas a funcionários que decidam abandonar a empresa. Mas, indaga o engenheiro Roberto Pereira de Araujo da ONG ILUMINA :  <- Ao mesmo tempo em que a empresa definha, distribui “resultados”. Como se pode adequar o quadro de pessoal a novas funções se elas não são conhecidas e se a escolha dos desligamentos só considera os elegíveis por apenas um fator, o tempo de vínculo com a empresa maior que 20 anos?>

 : 
O governo federal vai premiar os dirigentes das estatais do grupo Eletrobras que conseguirem maior número de demissões de funcionários, por meio do Plano de Incentivo ao Desligamento (PID). Em ofício do Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Dest), órgão do Ministério do Planejamento, encaminhado ao secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, o item cinco diz que "a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) dos dirigentes está condicionada ao alcance de redução de metas do PMSO" (Plano de Redução de Pessoal, Material, Serviços e Outras Despesas). O objetivo é "alinhar os instrumentos de gestão aos objetivos do Plano de Incentivo ao Desligamento". Em 2012, o valor médio pago a cada um dos diretores da empresa, a título de PLR, foi de R$ 72,5 mil.
                                              (Correio Braziliense - 08/06/2013)


Curiosamente, aqui se aplica à máxima do então Ministro Malan: “No Brasil não se pode planejar o futuro porque o passado sempre se interpõe entre o hoje e o amanhã”.
Atualmente existem 1.492MW de capacidade instalada térmica suspensa pela agência

Por Wagner Freire - Jornal da Energia – 18/06

A indisponibilidade das térmicas foi assunto em duas das últimas três reuniões do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). Sabe-se que na 128ª reunião houve um amplo debate sobre a potência disponível das usinas no Sistema Interligado Nacional (SIN) em relação às suas potências instaladas. Isso desencadeou que na reunião seguinte, em maio, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apresentasse um histórico detalhado do despacho térmico no período de outubro de 2012 a até abril de 2013. A partir do levantamento apresentado, o Comitê solicitou que a agência complementasse o trabalho “contemplando o regramento existente, bem como avaliando a eventual necessidade de revisão do valor da capacidade instalada de alguma(s) planta(s)”.


Eis o que afirma o ILUMINA, entidade de acompanhamento crítico do sistema elétrico no Brasil:

ONS e Aneel "de olho" nas indisponibilidades térmicas

O ILUMINA já tratou dessa grave característica do sistema brasileiro: Usinas que não geram a energia programada. O problema é preocupante para a operação do sistema, e, diariamente o IPDO (Informativo diário do ONS) mostra os números divergentes entre programação e geração real. Cada MWh programado para as térmicas e frustrado por falhas ou por ineficiências, tem que ser gerado pelas hidráulicas, o que leva a uso da reserva. Se as expectativas não são corrigidas, acumula-se um erro que será “cobrado” mais tarde. Mas, o pior não é a operação!


Enquanto isso, muitas das unidades do Sistema Elétrico se envolvem em denúncias de irregularidades que acabarão, igualmente, se somando às contas de energia do consumidor. É o caso de Furnas, que terminou o ano de 2012 no vermelho gritante:
Com as contas no vermelho, a direção de Furnas prometeu cortar despesas, mas gasta milhões em regalias e festas para a cúpula da estatal
Josie Jeronimo – Isto é 07/06/13

Depois de terminar o ano de 2012 com um prejuízo de R$ 1,3 bilhão, o presidente de Furnas, Flávio Decat, anunciou que a estatal entraria em uma era de austeridade. Para colocar em ordem as contas da empresa de economia mista, contratou a consultoria internacional Roland Berger. A primeira orientação foi demitir um terço dos funcionários, reduzindo em 22% a folha de R$ 1,4 bilhão. O corte de pessoal foi feito, mas, contrariando as recomendações da empresa de consultoria e o discurso do próprio presidente da estatal, Furnas aumentou em R$ 395 milhões as despesas com a administração, que incluem contratações de terceiros, prestadores de serviços, gastos com viagens e eventos. No histórico de gastos da estatal obtido por ISTOÉ, constam extravagâncias para uma empresa que precisa equilibrar seu orçamento e não fechar mais um ano no vermelho.
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No mês passado, a estatal fechou contrato de R$ 2,3 milhões com empresa de telefonia e distribuiu 700 iPhones 5 e 300 minimodens aos chefes do escritório central do Rio de Janeiro. Como havia mais celulares do que chefes, ex-diretores e servidores aposentados também receberam o aparelho. O preço de mercado do iPhone 5 gira em torno de R$ 2,5 mil. Se o plano fosse contratado sem a doação de aparelhos de última geração, a despesa poderia ter ficado R$ 1,5 milhão menor, avaliaram técnicos do mercado de telecomunicações ouvidos por ISTOÉ.
Na contramão da retórica de austeridade, a estatal também não poupou recursos para contratação de artistas e patrocínio de ações culturais. Só em abril, foram gastos R$ 375 mil em cachês. No mês passado, contratou por R$ 142 mil os shows de João Bosco e Moraes Moreira. O cantor Diogo Nogueira também embalou o festival musical de Furnas, que custou R$ 128 mil em setembro. Em coquetéis para funcionários, a empresa gastou R$ 600 mil ao mês. Um dos atores preferidos pela companhia é Tony Correia. Contratado pela estatal, ele roda as regionais fazendo apresentações.
Na gestão atual da empresa, os diretores de Furnas também não precisam comprar ingressos para torcer por seus times do coração. No estádio Engenhão, a estatal dispõe de um espaço exclusivo e, durante os clássicos, fornece transporte e alimentação para a cúpula acompanhar os jogos de camarote com a família.
Preocupados com o plano de demissão voluntária, estabelecido pela atual gestão, muitos empregados de Furnas se mostram contrariados com as gastanças da sede, afirma o diretor do Sindefurnas Miguel Ângelo de Melo. “Estão fazendo os cortes de baixo para cima. Gastam com banquetes e economizam com palitos.Há exageros nos escritórios. Existe em Furnas a tradição de muita mordomia.” A assessoria de Furnas foi procurada, mas não respondeu até a publicação desta edição. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Energia do Rio (Sintergia), Jorge Luiz Vieira da Silva, afirma que os gastos com funcionários concursados estão sendo equilibrados, mas ainda há discrepância nas remunerações pagas a especialistas. “Eles só querem cortar no pessoal, mas os custos da diretoria continuam muito altos”, constata.
Enfim, enquanto os jovens ganham as ruas, muita coisa estranha acontece nos bastidores . A questão elétrica está a merecer maior atenção da cidadania, se ela não quiser ser surpreendida amanhá ou depois com “surpresas”.




 Não basta se indignar: é preciso mudar o sistema!


O Partido Comunista Brasileiro saúda e se engaja de forma militante no vigoroso movimento surgido a partir de uma manifestação em São Paulo contra o aumento das tarifas de ônibus urbanos.

A estúpida violência policial aos manifestantes repete-se no Rio de Janeiro, Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte e em cada vez mais cidades brasileiras, independente do partido político do Governador ou do Prefeito. Na defesa da institucionalidade burguesa, não há repressão mais ou menos "democrática".

Reparem que esta violência é exatamente a mesma em todos os países capitalistas onde os povos se levantam contra os cortes de direito e a fascistização do estado, necessária para garanti-los. Os mesmos uniformes de gladiadores, as mesmas armas cinicamente chamadas de "não letais": balas de borracha, gás de pimenta e lacrimogêneo.

No Brasil, a crescente fascistização do estado tem a ver com a opção do governo por evitar a crise do capitalismo com mais capitalismo. É preciso muita repressão para aprofundar a privatização do nosso petróleo, dos portos, aeroportos, rodovias, para expulsar os índios de suas terras, "flexibilizar" direitos, adotar um Código Florestal para o agronegócio, desonerar e favorecer o capital.

Em nosso país, a explosão popular demorou a aparecer, em função das ilusões semeadas em 10 anos de um governo que se diz de "esquerda", mas cuja principal preocupação é alavancar o capitalismo brasileiro.

Aqui, a fascistização do estado se acentuou para que o país acolha "em paz" o novo Papa e os megaeventos (Copas das Confederações e do Mundo, Olimpíadas).
É evidente que o aumento das tarifas foi apenas uma faísca para um movimento que tende a crescer e que tem raízes numa insatisfação sistêmica. Teve o mesmo efeito catalizador das árvores da Praça Taksim, na Turquia. Mas na raiz da indignação, estão o desmonte da saúde e da educação, as privatizações, a brutalidade policial, a corrupção, a injusta distribuição da renda, a inflação, a precarização do trabalho, a falta de perspectivas para a maioria dos jovens e sobretudo o sentimento de traição do governo e a farsa da democracia burguesa.

Não foi gratuita a vaia à Presidente na abertura da Copa das Confederações e o aparecimento de uma nova e vigorosa bandeira para as manifestações. Tratando-se o futebol de um esporte popular no Brasil, fica mais evidente a vocação capitalista desse governo, que promoveu, através de um ministro dos Esportes que se diz "comunista", a privatização dos estádios e da própria seleção brasileira (patrocinada por um banco e uma fábrica de bebidas) e a elitização do acesso aos estádios, tornando o futebol uma mercadoria de luxo.

Mas é importante chamar a atenção para as raízes dos problemas que nos levam a indignar e não apenas para as causas. Quanto mais capitalismo, mais injustiça, mais exclusão. O centro da luta tem que ser contra o sistema capitalista e por uma sociedade socialista.

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