sexta-feira, 28 de junho de 2013

Cada um quer tirar proveito das manifestações pelos jovens nas ruas


                  


         Os jovens que pareciam uma geração adormecida, mergulhada no ópio, despertam de uma hora para outra, em protesto aparentemente por causa de R$ 0,20 centavos no aumento de passagens.  Mas havia um elenco de causas justas que o povo sentia, reclamava e não agia.

         Talvez o futebol, paixão nacional, deu maior visibilidade à orgia dos governantes realizadas com os recursos arrancados da população em forma de impostos e jogados à festança perdulária sem parcimônia e qualquer cerimônia no acintoso abuso de poder.

         Essa lambança começou a se tornar evidente na comparação com os gastos para construção e reforma de luxuosos estádios de futebol, enquanto as necessidades de vida e sobrevivência dos brasileiros eram entregues às traças: hospitais, escolas, vencimentos de aposentados e pensionistas, salários dos trabalhadores, estradas de rodagem.  Licitações fraudulentas e obras superfaturadas.  Foi só levantar a ponta o iceberg e as razões da revolta foram aumentando, e puxando a indignação de quem está sendo lesado na sua boa fé sob o ópio que os meios de comunicação e o “pão e circo” espertamente usados pelos poderosos: nepotismo, farra com passagens, privilégios abusivos aos membros dos poderes, aos seus parentes e amigos. De abuso em abuso, fizeram o mundo nos revelar que pagamos os políticos mais caros do mundo, por meio dos mais altos impostos da América Latina.

         Os jovens sem perspectiva de vida, observada na baixa qualidade das escolas e nas agruras por que passam  seus próprios pais, sentiram-se escandalizados  e envergonhados diante do mundo; não se contiveram e extravasaram sua revolta, até então contida, em uma propagação que se alastrou ao país inteiro de forma indomável.  Em cada canto havia as mesmas angústias que somente dependeram de um grito.  Um povo inteiro é capaz de suportar sacrifícios, se for por uma causa maior em que governantes e governados estejam passando pelo bem e pela honra de todos.  Mas os sacrifícios impostos à nação em consequência das despesas irresponsáveis movidas pela canalhice dos que manobram receitas e custos com imposição de impostos e salários que concentram riqueza nas mãos de quem menos faz a custa de carência a quem tudo produz, provocam a ira  geral.  O mal é menor, porque nosso povo tem vocação pacífica.  E, sabiamente, recusa o apelo às armas. Quem tem e usa as armas irracionalmente são os opressores, despreparados para suas funções, sem qualquer filosofia humanitária.

         Pelas bravas manifestações de usar a flor contra o canhão, com as mensagens firmes de indignação contra os agentes políticos e suas instituições, estes sabem que não adiantam discursos bonitos no momento em que todos “de promessa andam cheios”.   As palavras perderam sentido diante dos fatos.  O povo gostaria de que houvesse um Código de Defesa do Contribuinte e do Eleitor, a exemplo do Código do Consumidor.  Todos os responsáveis pela propaganda enganosa e pelo serviço público negado ou prestado de maneira relapsa, teriam que responder pela má fé e pelas lesões causadas ao patrimônio físico e moral de cada cidadão e de cada cidadã, os verdadeiros donos da coisa pública, da qual cada agente é apenas um gestor, um administrador, que passou no concurso das urnas,  mas que tenha fraudado as regras.  Crime múltiplo, no concurso e no exercício das funções específicas.

         Quando a indignação é procedente, legítima e dentro dos critérios democráticos, aparecem os oportunistas querendo tirar proveito dela, às vezes demonstrando solidariedade, às vezes se colocando ao dispor dos revoltosos.

         Assim acontece com velhas raposas da própria classe política, coniventes com o quadro de desgaste na sua parcela de participação no poder, às vezes na imagem de órgãos repressores por natureza com história bem conhecida.

         Neste caso, encontram-se os clubes militares.  No início dos anos 60 do Século passado havia o Instituto de Cooperação Militar Brasil/Estados Unidos.  Para quem entende, saber que isto significa Instituto de Submissão Militar Brasil aos Estados Unidos.  O Império do Norte vinha tentando invadir o Brasil desde o início da descoberta do petróleo com a sutileza do uso da imprensa(anos 40/50).     David Rockefeller, magnata de uma família dominadora da exploração e industrialização do “ouro negro”, armou o esquema a junção de poderosos anunciantes de seu pais para fornecer propaganda aos veículos de notícias do Brasil. E condicionava à manutenção das propagandas divulgação de notícias interessantes aos Estados Unidos de maneira a tornar simpática a imagem daquele país aos olhos dos leitores brasileiros. Dos desdobramentos, passou-se a aproximar as forças armadas estadunidenses às brasileiras, de onde vieram a surgir esses institutos.

        Dessas corporações, resultaram as campanhas contra a existência do petróleo brasileiro, a deposição de Getúlio Vargas em 1945, a campanha contra a eleição de Getúlio em 1951; depois de sua posse, as campanhas voltaram-se contra a criação de Petrobrás e que redundou na sua morte em 1954. Como havia vice-presidente eleito, Café Filho, simpático aos militares e aos Estados Unidos, o Golpe foi adiado.  Tentado de novo após a eleição de Juscelino Kubuschek e contra a sua posse, garantida, no entanto pelo Marechal legalista Henrique Lott.  Terminado o mandato de JK, fizeram seu sucessor Jânio Quadros, que tinha condecorado Chê Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul,  renunciar com 7 meses de mandado. 

        Da renúncia de Jânio, quiseram impedir a posse do Vice eleito João Goulart, o que foi evitado devido à criação da resistência ao Golpe, liderado pelo então Governador do Rio Brande do Sul, Leonel Brizola, com a criação da Cadeia da Legalidade, em que teve como aliado o Governador Mauro Borges, de Goiás.

Mesmo assim, a posse somente foi possível sob o regime Parlamentarista, derrubado no Plebiscito de 06 de janeiro de 1963 com mais de 10 milhões de votos pelo NÃO, contra apenas 2 milhões pelo SIM.

        A conspiração Estados Unidos e forças armadas brasileiras prosseguiu até derrubar o presidente brasilieiro em 01 de abril de 1964 definitivamente. E instaurou uma Ditadura fascista e violenta durante 21 anos.  Para tanto, o país ianque manteve a Escola das Américas no Panamá, onde preparava militares brasileiros para as operações de tortura e ações anti-guerrilha urbana. Aquela escola ficou conhecida na história como “casa dos horrores”

        Agora, os remanescentes dessas forças armadas emitem uma nota denominada “Mensagem dos Clubes Militares”, assumida como “Comissão Interclubes Militares”, onde dizem que fazem a leitura “das recentes manifestações populares é que elas expressam, majoritariamente, o grito daqueles que estão indignados com o descaso e, às vezes, com a conivência das autoridades governamentais, no que diz respeito às legítimas aspirações da sociedade, ressalvado o perigoso aproveitamento por segmentos radicais que buscam interesses inconfessáveis.”

       O texto termina afirmando: “Estaremos sempre atentos e acompanharemos a evolução dos fatos.”

       E, por ironia história, coloca o refrão de uma música de Geraldo Vandré, Caminhado(Pra não dizer que não falei de flores), que serviu de hino dos protestos da juventude contra a Ditadura entreguista e violenta que durou 21 anos e levou o Brasil ao atraso cultural, social e constitucional de mais 100 de anos:  “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, como se tivessem legitimidade para isto. 

        A história não esquece: os Estados Unidos invadiram o Brasil sem usar um soldado. Bastou a submissão do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, mantidos pelos brasileiros, e que tinha o dever constitucional de defender a soberania, as fronteiras, as riquezas e os interesses nacionais contra ameaças estrangeiras.

        A simpatia que manifestam aos jovens agora pode ser o cavalo de Tróia, com a saudade de usarem as instruções da Casa das Américas, que apodrecem na ociosidade, no desconhecimento das novas gerações e no desprezo que a história lhe reserva.

Este é o manifesto militar:

TERÇA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2013






COMISSÃO  INTERCLUBES  MILITARES

Mensagem dos Clubes Militares

Rio de Janeiro, 20 de junho de 2013.

       A leitura que os Clubes Naval, Militar e de Aeronáutica fazem das recentes manifestações populares é que elas expressam, majoritariamente, o grito daqueles que estão indignados com o descaso e, às vezes, com a conivência das autoridades governamentais, no que diz respeito às legítimas aspirações da sociedade, ressalvado o perigoso aproveitamento por segmentos radicais que buscam interesses inconfessáveis.
       Quando o povo se convence de que antigos vícios e omissões se repetem, impunemente, percebe que é chegada a hora de se manifestar clamorosamente. Não mais aceita ser conduzido, resignadamente, como grupo ingênuo. Obriga-se a dar um basta à impostura e à impunidade.
       Estaremos sempre atentos e acompanharemos a evolução dos fatos.
“Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.

 Gen Ex Renato César Tibau da Costa
             Presidente do Clube Militar                     

V Alte Paulo Frederico Soriano Dobbin    
Presidente do Clube Naval                         

Ten Brig Ivan Moacyr da Frota
Presidente do Clube de Aeronáutica

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(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)



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