Os jovens que pareciam uma geração
adormecida, mergulhada no ópio, despertam de uma hora para outra, em protesto
aparentemente por causa de R$ 0,20 centavos no aumento de passagens. Mas havia um elenco de causas justas que o povo
sentia, reclamava e não agia.
Talvez o futebol, paixão nacional, deu
maior visibilidade à orgia dos governantes realizadas com os recursos
arrancados da população em forma de impostos e jogados à festança perdulária
sem parcimônia e qualquer cerimônia no acintoso abuso de poder.
Essa lambança começou a se tornar
evidente na comparação com os gastos para construção e reforma de luxuosos estádios
de futebol, enquanto as necessidades de vida e sobrevivência dos brasileiros
eram entregues às traças: hospitais, escolas, vencimentos de aposentados e
pensionistas, salários dos trabalhadores, estradas de rodagem. Licitações fraudulentas e obras
superfaturadas. Foi só levantar a ponta
o iceberg e as razões da revolta foram aumentando, e puxando a indignação de
quem está sendo lesado na sua boa fé sob o ópio que os meios de comunicação e o
“pão e circo” espertamente usados pelos poderosos: nepotismo, farra com
passagens, privilégios abusivos aos membros dos poderes, aos seus parentes e
amigos. De abuso em abuso, fizeram o mundo nos revelar que pagamos os políticos
mais caros do mundo, por meio dos mais altos impostos da América Latina.
Os jovens sem perspectiva de vida,
observada na baixa qualidade das escolas e nas agruras por que passam seus
próprios pais, sentiram-se escandalizados
e envergonhados diante do mundo; não se contiveram e extravasaram sua
revolta, até então contida, em uma propagação que se alastrou ao país inteiro
de forma indomável. Em cada canto havia
as mesmas angústias que somente dependeram de um grito. Um povo inteiro é capaz de suportar
sacrifícios, se for por uma causa maior em que governantes e governados estejam
passando pelo bem e pela honra de todos.
Mas os sacrifícios impostos à nação em consequência das despesas
irresponsáveis movidas pela canalhice dos que manobram receitas e custos com
imposição de impostos e salários que concentram riqueza nas mãos de quem menos
faz a custa de carência a quem tudo produz, provocam a ira geral.
O mal é menor, porque nosso povo tem vocação pacífica. E, sabiamente, recusa o apelo às armas. Quem
tem e usa as armas irracionalmente são os opressores, despreparados para suas
funções, sem qualquer filosofia humanitária.
Pelas bravas manifestações de usar a
flor contra o canhão, com as mensagens firmes de indignação contra os agentes
políticos e suas instituições, estes sabem que não adiantam discursos bonitos
no momento em que todos “de promessa andam cheios”. As palavras perderam sentido diante dos
fatos. O povo gostaria de que houvesse
um Código de Defesa do Contribuinte e do Eleitor, a exemplo do Código do
Consumidor. Todos os responsáveis pela
propaganda enganosa e pelo serviço público negado ou prestado de maneira
relapsa, teriam que responder pela má fé e pelas lesões causadas ao patrimônio
físico e moral de cada cidadão e de cada cidadã, os verdadeiros donos da coisa
pública, da qual cada agente é apenas um gestor, um administrador, que passou
no concurso das urnas, mas que tenha
fraudado as regras. Crime múltiplo, no
concurso e no exercício das funções específicas.
Quando a indignação é procedente,
legítima e dentro dos critérios democráticos, aparecem os oportunistas querendo
tirar proveito dela, às vezes demonstrando solidariedade, às vezes se colocando
ao dispor dos revoltosos.
Assim acontece com velhas raposas da
própria classe política, coniventes com o quadro de desgaste na sua parcela de
participação no poder, às vezes na imagem de órgãos repressores por natureza
com história bem conhecida.
Neste caso, encontram-se os clubes
militares. No início dos anos 60 do
Século passado havia o Instituto de Cooperação Militar Brasil/Estados Unidos. Para quem entende, saber que isto significa
Instituto de Submissão Militar Brasil aos Estados Unidos. O Império do Norte vinha tentando invadir o
Brasil desde o início da descoberta do petróleo com a sutileza do uso da imprensa(anos
40/50). David
Rockefeller, magnata de uma família dominadora da exploração e industrialização do “ouro
negro”, armou o esquema a junção de poderosos anunciantes de seu pais para
fornecer propaganda aos veículos de notícias do Brasil. E condicionava à
manutenção das propagandas divulgação de notícias interessantes aos Estados
Unidos de maneira a tornar simpática a imagem daquele país aos olhos dos
leitores brasileiros. Dos desdobramentos, passou-se a aproximar as forças
armadas estadunidenses às brasileiras, de onde vieram a surgir esses
institutos.
Dessas corporações, resultaram as campanhas
contra a existência do petróleo brasileiro, a deposição de Getúlio Vargas em
1945, a campanha contra a eleição de Getúlio em 1951; depois de sua posse, as
campanhas voltaram-se contra a criação de Petrobrás e que redundou na sua morte
em 1954. Como havia vice-presidente eleito, Café Filho, simpático aos militares e aos
Estados Unidos, o Golpe foi adiado.
Tentado de novo após a eleição de Juscelino Kubuschek e contra a sua
posse, garantida, no entanto pelo Marechal legalista Henrique Lott. Terminado o mandato de JK, fizeram seu
sucessor Jânio Quadros, que tinha condecorado Chê Guevara com a Ordem do
Cruzeiro do Sul, renunciar com 7 meses
de mandado.
Da renúncia de Jânio, quiseram impedir a
posse do Vice eleito João Goulart, o que foi evitado devido à criação da
resistência ao Golpe, liderado pelo então Governador do Rio Brande do Sul,
Leonel Brizola, com a criação da Cadeia da Legalidade, em que teve como aliado
o Governador Mauro Borges, de Goiás.
Mesmo
assim, a posse somente foi possível sob o regime Parlamentarista, derrubado no
Plebiscito de 06 de janeiro de 1963 com mais de 10 milhões de votos pelo NÃO,
contra apenas 2 milhões pelo SIM.
A conspiração Estados Unidos e forças
armadas brasileiras prosseguiu até derrubar o presidente brasilieiro em 01 de
abril de 1964 definitivamente. E instaurou uma Ditadura fascista e violenta
durante 21 anos. Para tanto, o país
ianque manteve a Escola das Américas no Panamá, onde preparava militares
brasileiros para as operações de tortura e ações anti-guerrilha urbana. Aquela
escola ficou conhecida na história como “casa dos horrores”
Agora,
os remanescentes dessas forças armadas emitem uma nota denominada “Mensagem dos
Clubes Militares”, assumida como “Comissão Interclubes Militares”, onde dizem
que fazem a leitura “das recentes manifestações populares é que elas expressam,
majoritariamente, o grito daqueles que estão indignados com o descaso e, às
vezes, com a conivência das autoridades governamentais, no que diz respeito às
legítimas aspirações da sociedade, ressalvado o perigoso aproveitamento por
segmentos radicais que buscam interesses inconfessáveis.”
O texto termina afirmando: “Estaremos sempre atentos e acompanharemos a evolução dos
fatos.”
E, por ironia história,
coloca o refrão de uma música de Geraldo Vandré, Caminhado(Pra não dizer que
não falei de flores), que serviu de hino dos protestos da juventude contra a
Ditadura entreguista e violenta que durou 21 anos e levou o Brasil ao atraso
cultural, social e constitucional de mais 100 de anos: “Quem sabe faz a hora,
não espera acontecer”, como se tivessem legitimidade para isto.
A história não esquece: os Estados
Unidos invadiram o Brasil sem usar um soldado. Bastou a submissão do Exército,
da Marinha e da Aeronáutica, mantidos pelos brasileiros, e que tinha o dever
constitucional de defender a soberania, as fronteiras, as riquezas e os
interesses nacionais contra ameaças estrangeiras.
A simpatia que manifestam aos jovens
agora pode ser o cavalo de Tróia, com a saudade de usarem as instruções da Casa
das Américas, que apodrecem na ociosidade, no desconhecimento das novas
gerações e no desprezo que a história lhe reserva.
Este é o
manifesto militar:
TERÇA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2013
COMISSÃO INTERCLUBES MILITARES
Mensagem dos Clubes Militares
Rio de Janeiro, 20 de junho de 2013.
A leitura que os Clubes Naval, Militar e de Aeronáutica fazem das recentes manifestações populares é que elas expressam, majoritariamente, o grito daqueles que estão indignados com o descaso e, às vezes, com a conivência das autoridades governamentais, no que diz respeito às legítimas aspirações da sociedade, ressalvado o perigoso aproveitamento por segmentos radicais que buscam interesses inconfessáveis.
Quando o povo se convence de que antigos vícios e omissões se repetem, impunemente, percebe que é chegada a hora de se manifestar clamorosamente. Não mais aceita ser conduzido, resignadamente, como grupo ingênuo. Obriga-se a dar um basta à impostura e à impunidade.
Estaremos sempre atentos e acompanharemos a evolução dos fatos.
“Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.
Gen Ex Renato César Tibau da Costa
Presidente do Clube Militar
V Alte Paulo Frederico Soriano Dobbin
Presidente do Clube Naval
Ten Brig Ivan Moacyr da Frota
Presidente do Clube de Aeronáutica
:
(Franklin
Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
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