segunda-feira, 24 de junho de 2013
Dilma na hora da onça beber água
Na reunião com governadores e prefeitos, a presidente, que já foi brizolista, vai dizer qual é a dela
Será que a Dilma vai ajuda a fazer a limonada das para dar mais dinheiro público às empresas de ônibus? Se depender do Cabral e do Lindbergh.... |
Se for pela cabeça do seu ministro das cidades, o paraibano Aguinaldo Ribeiro, do partido do Maluf, ou o senador Lindbergh Faria, pré-candidato do PT ao governo do Estado do Rio, estaremos FRITOS E MAL PAGOS.
Os dois, em sintonia com os prefeitos que historicamente vivem fazendo os gostos das empresas de ônibus em troca de algumas gentilezas indescritíveis, querem carrear mais dinheiro para os já abarrotados cofres das empresas privadas de transportes públicos.
A limonada do limão ao gosto das empresas de ônibus
O Lindbergh, para a minha total decepção, está fazendo das tripas coração para que a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, que preside, vote amanhã mesmo um SACO DE BONDADES que garantirá às empresas casa, comida e roupa lavada para continuarem acumulando fortunas, estrategicamente compartilhadas.
Não lhe ocorreu em nenhum momento pedir a abertura da caixa preta das tarifas, lacrada numa planilha manipulada, pela qual, como já escrevi, os preços das passagens sobem sistematicamente o dobro da inflação.
Não lhe ocorreu fazer o que fez o Ricardo Faria, corajoso editor do blog VEJO SÃO JOSÉ, que gravou um depoimento com José Dias, ex-presidente do Sindicato dos Rodoviários de São José dos Campos, no qual ele demonstra com todas as letras como as empresas manipulam o chamado IPK, Índice de Passageiros por KM, e os cálculos de depreciação da frota.
Não ocorreu ao senador, por quem tenho tanto carinho, ler as reportagens publicadas por José Ernesto Credencio e Mário Cesar Carvalho, na FOLHA DE SÃO PAULO, neste domingo, e, antes, por Adamo Bazani, da CBN, em seu blog PONTO DE ÔNIBUS, que transcrevo no DEBATE BRASIL, nas quais fica demonstrada uma gigantesca fraude de um consórcio de empresas de ônibus que opera na região Leste de São Paulo, graças à qual o promotor Saad Mazloum revela conclusões escabrosas sobre a manipulação do faturamento de três empresas do mesmo grupo.
Um projeto de pai para filho
O projeto apadrinhado por Lindbergh é coisa de pai para filho. Concede diversos benefícios fiscais em nível federal, alguns já previstos em duas medidas provisórias — MP 612/2013 e MP 617/2013. Seu Substitutivo amplia esses benefícios e condiciona o regime tributário à adesão de estados e municípios, que deverão zerar as alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e do Imposto sobre Serviços (ISS) das empresas de transporte, coisa em que o Eduardo Paes já se adiantou no Rio com carinho e afeto.
Vivendo e aprendendo. Eu nunca podia imaginar que o querido amigo, uma legenda do movimento estudantil, fosse se empenhar na fórmula com a qual os poderosos empresários de transportes coletivos vão continuar protegendo seus super-lucros e seu caixa 2, de onde saem os mensalões para os políticos dos Executivos e dos Legislativos.
Como a presidente Dilma vive o ser ou não ser sob a chantagem da governabilidade a partir de parlamentares de aluguel, não vai difícil ela embarcar nessa canoa, como fez em maio, quando editou a Medida Provisória que livrou a cara dos empresários de ônibus em R$ 1 bilhão por ano, graças à dispensa de pagamento do COFINS e do PIS.
Só Brizola teve peito de encarar a turma do Jacob Barata
Ela, que já teve tratos com o assunto quando foi da equipe de Alceu Colares na Prefeitura de Porto Alegre, sabe muito bem como essa banda toca. Naquela época, viu o governador Leonel Brizola acabar com a farra da máfia, quando encampou as 16 maiores empresas de ônibus, através do memorável Decreto 8711, de 9 de dezembro de 1985.
Pena que o Moreira Franco, seu atual ministro dos aeroportos, como pagamento de compromissos de campanha, reprivatizou o sistema e ainda abriu caminho para o sucateamento da CTC estatal, liquidada no governo Marcello Alencar.
Por que não aprende com os americanos?
A estatal norte-americana opera trens e ônibus muito bem |
Em alguns estados, como Nova York e Califórnia, a estatal federal opera um serviço de ônibus interurbanos denominado Thruway Motorcoach, destinado a servir passageiros de localidades sem serviços ferroviários, de modo a conduzi-los à estação ferroviária mais próxima, possibilitando assim conexões com os trens. Mais recentemente, segundo um brasileiro muito viajado por lá, ela vem assumindo praticamente todas as linhas de ônibus da cidade de Nova York.
Estou falando dos Estados Unidos, mas poderia pegar outros exemplos onde o transporte público é PÚBLICO mesmo. E funciona muito bem.
Ir fundo ou ir para o fundo do poço
Dona Dilma, o PT e o escambau, toda essa malha agregada aos podres poderes, podia ir fundo na questão dos transportes urbanos, que são definidos como Direito Constitucional dos cidadãos, abrindo mão desse esquema pernicioso de alta capilaridade corruptora, reescrevendo todo o modelo de transportes, tarefa que pegaria bem para um senador cria do PC do B, com passagem pelo PSTU e tido e havido como da parte ainda coerente do PT.
Primeiro, concentraria os recursos públicos no incremento ao modal ferroviário. Em paralelo, restabeleceria o caráter público estatal de todo o sistema, única maneira de assegurar uma prestação de serviços decente, como aconteceu com a CTC no primeiro governo Brizola.
Sei que é querer muito imaginar essa turminha fazer qualquer coisa nessa direção, justo quando estão privatizando os aeroportos lucrativos e ficando com os deficitários, enquanto ampliam a malha de rodovias privatizadas e pedagiadas, além de ter aprovado no ano passado a Lei que permite a cobrança de pedágios urbanos.
Mas como o povo gostou da rua, e nela pode permanecer ou a ela retornar de quando em vez, é de bom conselho que esse governo que se considera popular pela caridade do bolsa-família repense seu cavalo-de-pau enquanto é tempo.
Do contrário, vai ser uma tremenda hipocrisia apresentar-se à distinta platéia como farinha de outro saco, sem nada em comum com a súcia de embusteiros que conseguiu a proeza de ver o povo nas ruas rejeitar as bandeiras de partidos e sindicatos, por mais “diferentes” que fossem.
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