Quando os governantes tomam medidas econômicas e educacionais
contrárias às necessidades do povo, há grande risco de se criar tensão social
de revolta pelo inconformismo. Como
ninguém engana a todos durante todo o tempo, há um limite para a tática do “pão
e do circo” dar certo.
Os abusos de gastos com a máquina
governamental e os privilégios que ela concede a seus protegidos deixam claro o
contraste do nível de vida dos que trabalham para produzir e dos que se
apoderam das riquezas da produção de maneira tão desigual. Principalmente em nossos dias, quando é fácil
com um simples clique nas pesquisas virtuais podermos comparar os indicadores
sociais entre países, e percebemos nações de economia menor, viverem em
melhores condições de saúde, educação, moradia, alimentação, lazer, mortalidade
infantil, expectativa de vida, cultura e todos os componentes de cidadania
plena.
Sermos uma das maiores economias do
mundo, e estarmos entre os países de pior distribuição de renda, acompanhada
dos piores níveis de educação, evidenciam realidade que o ópio do “pão e circo
não esconde” mais.
O próprio circo dos bilionários
estádios de futebol deixam o torcedor estupefato, se ele pensa que pode sofrer
um acidente a caminho de uma partida e correr risco de morte por falta de
atendimento imediato no hospital mais próximo.
O escândalo exala como odor de carne podre que transpassa até filtro de
vidro. O torcedor já vê faltar dinheiro
para o leite das crianças se ele comprar um ingresso para ver o jogo.
Como não faltar, se o seu salário é
pouco para comprar a quarta parte do que precisa para sustentar a família?
Isto quando
ele tem salário, quando não está na fila dos desempregados. E esse trabalhador vê muitos outros na mesma
situação de angústia. E vê uns poucos
que nada fazem e nada produzem esbanjar fortunas formadas de uma hora para
outra, sem explicação convincente. Somente sabe que esses poucos são amigos ou
parentes dos titulares dos poderes.
Programas anunciados com estardalhaço
em ano de eleição, com aspecto de caridade, ferem o brio de quem tem elevado
amor próprio. A auto-estima de cada um
se satisfaz se com a remuneração de seu trabalho puder comprar aquilo de que
precisa de acordo com seu gosto, por livre escolha. A cesta básica padronizada, as casas populares
semelhantes às casinhas do brinquedo infantil de “onde vai entrar o coelhinho”,
construídas nos pontos isolados, longe do convívio social, abalam o sentimento
humano. Atendem a quem se encontra no
desespero em conseqüência das injustiças da alta concentração de renda. Transformam-se em guetos de exclusão
discriminatórios, com forte estigma sobre seus componentes. Tudo é tão igual entre os componentes
daqueles grupos, que nem a fachada da casa revela a imagem de seu morador.
Todo esse cenário se dá nos municípios,
dentro de cada estado e do país. E na cidade, fora desses núcleos, ou conjuntos
habitacionais – como queiram - estão as diferenças: a casa de fulano, o carro de
beltrano. Diferenciam quem pertence a
que classe social. À medida que sobe a
pirâmide, vai se estreitando o número de
componentes e aumentando a faixa de renda.
Quanto maior renda, menor o número de pessoas que dela participa.
Nesse contraste, os governantes
socializam a pobreza e capitalizam a riqueza. E, pelo poder do dinheiro, uns
poucos controlam a vida de todos: emprego, salário, onde morar, como morar,
lazer, escola (falta de), saúde (deficiente), voto (comprado ou condicionado).
Houve o tempo de espera, com a volta
das eleições diretas. Chegou-se ao
esgotamento. Veio o tempo de esperança,
com a expectativa de mudança, pelo perfil de governante – eleição de
Lula(PT), 2002. Onze anos mais se passaram com tudo do mesmo
jeito, com nomes diferentes. Nada mudou.
Gerações se passaram. Os jovens vão tomando conhecimento do que passaram
seus pais. Analisam. Despertam.
A estrutura é a mesma: no país, nos estados e nos municípios. Trocam-se
seis por meia dúzia. A ordem dos
fatores não altera a soma. Isto as escolas não ensinam mais, a não ser para os
filhos dos 10% mais ricos, a fim de continuarem a dar as cartas nesse jogo de
trunfo escondido na manga.
Os jovens demoraram a despertar pela
falta de lideranças inviabilizadas desde o Golpe Militar de 1964. Mas vieram percebendo em conta-gotas o que
seus pais passaram de desilusão em desilusão e querem um país diferente para
eles poderem oferecer aos filhos o que lhes faltou.
A história mostra que a revolução
armada se tornou inviável. Os donos do
poder mundial estão armados até os dentes, inclusive com armas químicas. A revolução agora tem de ser cultural, de
conhecimento, de consciência. Esta se
propaga, mesmo que tombe um corpo. As
armas químicas podem se tornar uma bomba a explodir no colo do criminoso, como
aconteceu no Riocentro, Rio de Janeiro, em 30 de abril de 1981.
Já se sabe que com a metade da renda
per capita de uma família, suas necessidades poderão ser atendidas dentro dos
padrões sonhados. E a outra metade dá para manter a máquina do pública, desde
que não se coloque a raposa para vigiar o galinheiro, nem o cão para tomar
conta da linguiça sobre a mesa.
(O processo de domínio é visível a partir da própria Língua, o idioma
pátrio. Quanto termos estrangeiros
passam a substituir palavras do nosso próprio vocabulário, a soberania nacional
está perdendo espaço. Camões já dizia
que a Pátria é a Língua, ou a Língua é a Pátria. Nossa América é um bom exemplo: nenhum idioma dos povos dominados sobreviveu
com a opressão dos invasores. Há termos
dispersos dos Yankees, dos Tupis, Guaranis e alguns outros. Das civilizações Incas, Aztecas e Maias não
há, ou quase não há referências, a não ser nas pesquisas profundas de
historiadores especializados.
Nossos espetáculos viraram “show”, nossas
casas estão se transformando em “houses”, nossas casas noturnas já são boates(boite),
os irmãos estão virando “brothers”, sem se falar nos termos do “economês”: commodities, brokers, dealers e os trust departments, Shopping.
À media
que se ultraja a Língua, ultraja-se a Pátria, a soberania).
A justa distribuição da renda pode ser
atendida fora do estigma do socialismo ou do comunismo. Os maiores indicadores sociais estão no bloco
dos países do mundo capitalista: Noruega, Austrália, Estados Unidos, Países
Baixos, Alemanha, Nova Zelândia, Irlanda, Suécia, Suíça, Japão (pela ordem, do
1º ao 10º). 1º IDH (0,955). 10º IDH
(0,912). O Brasil, que pretende ficar
entre as cinco maiores economias do mundo, está no 85º lugar, com IDH
0,730. Quanto mais próximo do número
1(um), melhor o Índice de Desenvolvimento Humano.
1
|
|
0,955
|
0,003
|
|
2
|
|
0,938
|
0,003
|
|
3
|
(1)
|
0,937
|
0,003
|
|
4
|
(1)
|
0,921
|
0,002
|
|
5
|
(3)
|
0,920
|
0,004
|
|
6
|
(1)
|
0,919
|
0,002
|
|
7
|
(2)
|
0,916
|
|
|
7
|
(3)
|
0,916
|
0,003
|
|
9
|
(2)
|
0,913
|
0,001
|
|
10
|
(2)
|
0,912
|
85
|
|
0,730
|
Fonte: Relatório de Desenvolvimento Humano de 2013 do Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD),
da Organização das Nações
Unidas (ONU), compilado com base em dados de 2012 e
publicada no dia 14 de março de 2013, na Cidade do México (WikipédiA).
(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
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