segunda-feira, 10 de junho de 2013

Classe política vive divorciada dos interesses do povo

  


      Quando os governantes tomam medidas econômicas e educacionais contrárias às necessidades do povo, há grande risco de se criar tensão social de revolta pelo inconformismo.  Como ninguém engana a todos durante todo o tempo, há um limite para a tática do “pão e do circo” dar certo.

         Os abusos de gastos com a máquina governamental e os privilégios que ela concede a seus protegidos deixam claro o contraste do nível de vida dos que trabalham para produzir e dos que se apoderam das riquezas da produção de maneira tão desigual.  Principalmente em nossos dias, quando é fácil com um simples clique nas pesquisas virtuais podermos comparar os indicadores sociais entre países, e percebemos nações de economia menor, viverem em melhores condições de saúde, educação, moradia, alimentação, lazer, mortalidade infantil, expectativa de vida, cultura e todos os componentes de cidadania plena.

         Sermos uma das maiores economias do mundo, e estarmos entre os países de pior distribuição de renda, acompanhada dos piores níveis de educação, evidenciam realidade que o ópio do “pão e circo não esconde” mais.

         O próprio circo dos bilionários estádios de futebol deixam o torcedor estupefato, se ele pensa que pode sofrer um acidente a caminho de uma partida e correr risco de morte por falta de atendimento imediato no hospital mais próximo.  O escândalo exala como odor de carne podre que transpassa até filtro de vidro.  O torcedor já vê faltar dinheiro para o leite das crianças se ele comprar um ingresso para ver o jogo.

         Como não faltar, se o seu salário é pouco para comprar a quarta parte do que precisa para sustentar a família?
Isto quando ele tem salário, quando não está na fila dos desempregados.  E esse trabalhador vê muitos outros na mesma situação de angústia.   E vê uns poucos que nada fazem e nada produzem esbanjar fortunas formadas de uma hora para outra, sem explicação convincente. Somente sabe que esses poucos são amigos ou parentes dos titulares dos poderes.

         Programas anunciados com estardalhaço em ano de eleição, com aspecto de caridade, ferem o brio de quem tem elevado amor próprio.  A auto-estima de cada um se satisfaz se com a remuneração de seu trabalho puder comprar aquilo de que precisa de acordo com seu gosto, por livre escolha.  A cesta básica padronizada, as casas populares semelhantes às casinhas do brinquedo infantil de “onde vai entrar o coelhinho”, construídas nos pontos isolados, longe do convívio social, abalam o sentimento humano.  Atendem a quem se encontra no desespero em conseqüência das injustiças da alta concentração de renda.  Transformam-se em guetos de exclusão discriminatórios, com forte estigma sobre seus componentes.  Tudo é tão igual entre os componentes daqueles grupos, que nem a fachada da casa revela a imagem de seu morador. 

         Todo esse cenário se dá nos municípios, dentro de cada estado e do país. E na cidade, fora desses núcleos, ou conjuntos habitacionais – como queiram - estão as diferenças: a casa de fulano, o carro de beltrano.  Diferenciam quem pertence a que classe social.  À medida que sobe a pirâmide,  vai se estreitando o número de componentes e aumentando a faixa de renda.  Quanto maior renda, menor o número de pessoas que dela participa.

         Nesse contraste, os governantes socializam a pobreza e capitalizam a riqueza. E, pelo poder do dinheiro, uns poucos controlam a vida de todos: emprego, salário, onde morar, como morar, lazer, escola (falta de), saúde (deficiente), voto (comprado ou condicionado).

         Houve o tempo de espera, com a volta das eleições diretas.  Chegou-se ao esgotamento.  Veio o tempo de esperança, com a expectativa de mudança, pelo perfil de governante – eleição de Lula(PT),  2002.  Onze anos mais se passaram com tudo do mesmo jeito, com nomes diferentes. Nada mudou.  Gerações se passaram. Os jovens vão tomando conhecimento do que passaram seus pais.   Analisam.  Despertam.  A estrutura é a mesma: no país, nos estados e nos municípios.  Trocam-se  seis por meia dúzia.   A ordem dos fatores não altera a soma. Isto as escolas não ensinam mais, a não ser para os filhos dos 10% mais ricos, a fim de continuarem a dar as cartas nesse jogo de trunfo escondido na manga. 

         Os jovens demoraram a despertar pela falta de lideranças inviabilizadas desde o Golpe Militar de 1964.  Mas vieram percebendo em conta-gotas o que seus pais passaram de desilusão em desilusão e querem um país diferente para eles poderem oferecer aos filhos o que lhes faltou.

         A história mostra que a revolução armada se tornou inviável.  Os donos do poder mundial estão armados até os dentes, inclusive com armas químicas.   A revolução agora tem de ser cultural, de conhecimento, de consciência.  Esta se propaga, mesmo que tombe um corpo.  As armas químicas podem se tornar uma bomba a explodir no colo do criminoso, como aconteceu no Riocentro, Rio de Janeiro, em 30 de abril de 1981. 

         Já se sabe que com a metade da renda per capita de uma família, suas necessidades poderão ser atendidas dentro dos padrões sonhados. E a outra metade dá para manter a máquina do pública, desde que não se coloque a raposa para vigiar o galinheiro, nem o cão para tomar conta da linguiça sobre a mesa.

          (O processo de domínio é visível a partir da própria Língua, o idioma pátrio.  Quanto termos estrangeiros passam a substituir palavras do nosso próprio vocabulário, a soberania nacional está perdendo espaço.  Camões já dizia que a Pátria é a Língua, ou a Língua é a Pátria.  Nossa América é um bom exemplo:  nenhum idioma dos povos dominados sobreviveu com a opressão dos invasores.  Há termos dispersos dos Yankees, dos Tupis, Guaranis e alguns outros.  Das civilizações Incas, Aztecas e Maias não há, ou quase não há referências, a não ser nas pesquisas profundas de historiadores especializados.

Nossos espetáculos viraram “show”, nossas casas estão se transformando em “houses”, nossas casas noturnas já são boates(boite), os irmãos estão virando “brothers”, sem se falar nos termos do “economês”: commodities,  brokers, dealers e os trust departments, Shopping.  

 

À media que se ultraja a Língua, ultraja-se a Pátria, a soberania). 


         A justa distribuição da renda pode ser atendida fora do estigma do socialismo ou do comunismo.  Os maiores indicadores sociais estão no bloco dos países do mundo capitalista: Noruega, Austrália, Estados Unidos, Países Baixos, Alemanha, Nova Zelândia, Irlanda, Suécia, Suíça, Japão (pela ordem, do 1º ao 10º).  1º IDH (0,955). 10º IDH (0,912).   O Brasil, que pretende ficar entre as cinco maiores economias do mundo, está no 85º lugar, com IDH 0,730.  Quanto mais próximo do número 1(um), melhor o Índice de Desenvolvimento Humano.  

1
Estável
0,955
Aumento 0,003
2
Estável
0,938
Aumento 0,003
3
Aumento (1)
0,937
Aumento 0,003
4
Baixa (1)
0,921
Aumento 0,002
5
Aumento (3)
0,920
Aumento 0,004
6
Baixa (1)
0,919
Aumento 0,002
7
Baixa (2)
0,916
Estável
7
Aumento (3)
0,916
Aumento 0,003
9
Aumento (2)
0,913
Aumento 0,001
10
Aumento (2)
0,912

85
Estável
0,730

Fonte: Relatório de Desenvolvimento Humano de 2013 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), da Organização das Nações Unidas (ONU), compilado com base em dados de 2012 e publicada no dia 14 de março de 2013, na Cidade do México (WikipédiA).


(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)

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