terça-feira, 11 de junho de 2013

COLUNA DO PAULO TIMM(Torres-RS) - Drops - Inf. Diário - MOMENTOS DIFICEIS PARA DILMA





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MOMENTOS DIFÍCEIS PARA DILMA

Paulo Timm - copyleft - 11 março 2013 - Torres

 Sempre que vou falar sobre a Conjuntura Nacional sou tomado de sentimentos ambíguos, mais das vezes pessimista: A República Sangra, Tempos Difíceis, Onde Estamos e para onde Vamos... Títulos de vários artigos aqui publicados. Aí meus amigos petistas me crucificam. E vejo-me na obrigação moral de ver alguns elementos positivos no fluxo da história: DILMA SURPREENDE! Outro título de semanas atrás que me custou um  pau danado dos meus amigos anti-petistas...Mas, para mim ela é realmente surpreendente...Explico a todos eles que o Brasil não se divide entre uns e outros. A grande maioria dos brasileiros não é contra nem a favor. Eu próprio sou, PASMEM! , um velho brizolista, às antigas. OIho com desconfiança a visão de mundo e de Brasil que vem de São Paulo, das quais descendem o PT e o PSDB como duas faces da moeda vicentina. 

Foram os “bandeirantes”que alargaram a colonização, arrancando-a do litoral e da plantation, dando ao Brasil o tamanho e sofisticação que hoje ostenta, às ilhargas do extremo sul e do centro-oeste, mas sempre em nome de um padrão civilizatório que só via sob suas botas ignorância e atraso. Nem as missões jesuíticas sobreviveram...

Claro que o São Paulo das últimas décadas distanciou-se da mísera Capitania de Sáo Vicente. Mas conserva-lhe o ímpeto desbravador estimulado pelo instinto animal de cobiçosos empresários modernos, contra os quais se levantam as não menos desejantes aspirações populares que, paradoxalmente, lhe correspondem. 

Os primeiros, republicanos, aglutinados em torno do tucanato; os segundos, democráticos, imantados pelo carisma popular de Lula. As duas procuram se universalizar como antagonistas da modernidade de forma a se espraiar pela complexa sociedade brasileira, de forma a alcançar um patamar hegemônico capaz de lhes garantir o Poder de reorganizar o Brasil. Têm tido algum êxito, nos últimos 20 anos – e isso não é pouco, dando, inclusive os contornos ao processo de redemocratização que o tumultuoso período 1985-94 não tinha conseguido.  

Mas parece que, agora, começam a claudicar. O próprio PT – ou Lula – não conseguiu colocar na sua sucessão um “puro-sangue” da sua genealogia. Dilma é adventícia. Vem de Minas Gerais, descendente de imigrante, aquerenciou-se pelo Rio Grande, afeiçoando-se ao estilo brusco e, curiosamente, republicano,  da terra, o que a faz palatável à classe média.  Sequer tem “história”ou liderança sobre o PT.  

O PSDB desloca-se, curiosamente, também, ainda desajeitado e pouco consistente para o Senador mineiro Aécio Neves, a quem procuram em “doma racional”converter ao credo paulista.  Parece que nunca leram Fernando Sabino, a quem tanto aprazia falar sobre “o espírito de Minas”... 

Há, pois, ao desgaste dos materiais políticos  postos em ação há pouco mais de três décadas, quando se abria a redemocratização, um esgarçamento dos tecidos partidários e ideológicos que constituíram. 

O próprio espectro bi-partidário em torno do PT e PSDB vai demonstrando inequívoca incapacidade para compreender o Brasil , aí mantendo sua hegemonia.  Aos poucos surgem realidades regionais irredentistas – e não apenas ideológicas- muito fortes e que já apontam para novos horizontes. 

Pior, o então monolítico PT das barricadas, hoje está cindido entre o PT no Governo, com sua Agenda de Privatizações estranha à velha pauta de lutas do Partido, e o PT dos Sonhos que o imaginaram capaz de fundar um novo Brasil e que fica, como diz o insuspeito André Singer, cada vez mais nas quimeras de um glorioso passado de lutas. Prova disso foram as veladas dissidências sobre os Leilões do Pré Sal e da Medida Provisória dos Portos. Há, pelos menos, dois PTs...

Este é o pano de fundo das tensões atuais da conjuntura, com seus percalços na economia.  Mas estes são tão importantes quanto às grandes rupturas de Marina Silva e Eduardo Campos, às quais não estranharia ver somar-se algo similar mais na estremadura  sulina. 

Quantas vezes me pergunto o que tem mesmo a ver Tarso Genro com Haddad..., para não dizer Zé Dirceu?  

Outro fator de congestão, considerado de menor impacto, é o do conflito com os índios. De uma hora para outra descobrimos que eles não foram exterminados como a historiografia oficial pretendia. Estão por todos os lados, incompreendidos em suas demandas. Não obstante, estão no Brasil e estas demandas repercutem nacional e internacionalmente. Verdade que há “interesses ocultos”por trás dos conflitos. São por demais conhecidas as questões levantadas nas redes sobre a estranha presença de ONGs na Amazônia, comparada `à quase inexistência delas no Nordeste. Consta que até a ABIN já tratou do assunto em extenso relatório. Mas foi impecável a entrevista de um Tukuna, já pós-graduado e com uma capacidade de expressão impressionante na justificação da Razão Indígena, ontem, na Globo News/Milênio -globotv.globo.com/globo-news/globo-news/...globo-news...entrevista.../.... Temos que enfrentar a Questão Indígena com mais vigor e determinação democráticos. Ou os perderemos...

Outro fator de tensão é a terra. A Reforma Agrária parou, em detrimentos de atenções cada vez maiores ao Agro-Business. Mas os Movimentos em Defesa da Terra – Sem Terra e Campesinos , além de outros – prosseguem na sua jornada incansável. Contudo, já demonstram irritação com o Governo, tal como se depreende da entrevista de Alexandre Conceição, integrante da Coordenação Nacional do MST, publicada na FSP  em 6 de janeiro de 2013 , para quem “ O governo Dilma é o que menos desapropriou imóveis rurais desde Collor.”

O número supera só o de Fernando Collor (1990-92), que desapropriou 28 imóveis em 30 meses, comparando ao mesmo período das administrações anteriores desde o governo Sarney (1985-90).






Movimentos urbanos de certa monta também inquietam. Estamos assistindo fortes resistências aos aumentos de passagens de ônibus em várias capitais, começando pela pacata Porto Alegre, comandada por um Prefeito recém reeleito, do PDT,  tão bem cotado nos índices de opinião que até vinha alimentando ilusões com vôos mais altos. Quem sabe uma Vice-Presidência de Eduardo Campos ou Marina Silva. Isto demonstra que há muito material carburante, na eventualidade de um novo surto inflacionário...

Isso tudo, deve estar pesando na queda de popularidade de Dilma, acusada na última Pesquisa DataFolha, a qual ainda a evidencia na ponta das preferências para 2014. Muitos analistas, porém, acreditam que, iniciada a inflexão, diante dos problemas políticos e econômicos do país, o quadro eleitoral rapidamente se modificará. A coluna de Tereza Cruvinel, jornalista ligada ao Governo, no  último domingo, testemunha a preocupação de Dilma e a gravidade, para ela,  do momento.

Em quem você votaria para presidente se a eleição fosse hoje?

Pesquisa Datafolha responde: 

Para os petistas, se Dilma desabar, há o recurso Lula, considerado imbatível. Mas os mais cuidadosos afirmam que o problema não é Dilma, mas o Brasil, que mesmo às vésperas de vários eventos esportivos de grande monta  não deslancha como se imaginava. Para estes, Edmar Bacha à frente dos mais conservadores, L.Gonzaga Beluzzo à frente dos moderados, trata-se de reorientar a economia numa nova fase da globalização predispondo-a à maior competividade industrial.

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