Banco Mineiro. Inscrição na caçada
Banco Mineiro - fachada
O mês de junho
começou com a demolição do prédio do antigo Banco Mineiro S.A., na Praça da Estação(Praça Getúlio Vargas),
fundado por Adriano Telles em 1928, conforme inscrição na calçada à sua porta. Tinha
aquela instituição financeira a finalidade de financiar os produtores rurais de
Café, conforme crônica de Edgard Amin, no Jornal A Imprensa, quando se refere ao
livro do rio-branquense nato, Ruy do Brasil Leal, onde ele conta:
- A Casa Teles foi fundada por Adriano Teles e
Abílio Mesquita, o primeiro tio da mãe do Sr. Ruy e o segundo primo primeiro da
sua avó, ambos portugueses.
Compravam
todo o café, feijão, milho, etc da vasta Zona da Mata. Construíram na cidade
três engenhos de café e fundaram o Banco Mineiro para financiar os lavradores
da região.
Observamos
que o sobrenome Telles, ora aparece com dupla letra l, ora com uma
só.
O Banco fora
erguido nos terrenos da Casa Telles, que ocupava toda a área entre a Praça 28
de Setembro e a Praça Getúlio Vargas(Estação), entre o Hotel Braga e o sobrado
da família Alvim Gomes.
Praça 28 de Setembro - Imagem: Danton Ferreira
Praça 28 de Setembro - Imagem: Jacynto Batalha
Com a vitoriosa
produção do café, resultante dos financiamentos, Adriano Telles voltou a
Portugal e abriu A Brasileira. A WikipédiA registra:>
“A
Brasileira é um dos
mais emblemáticos cafés da
cidade do Porto, em Portugal, localizado na Rua de Sá da Bandeira, em plena Baixa.
De acordo
com um projecto do arquitecto Francisco de Oliveira Ferreira, "A
Brasileira" tem uma notável fachada, com o magnífico
pára-sol de ferro e vidro, e um interior deslumbrante, em que sobressaem os cristais, os mármores e o mobiliário de couro gravado. A chamada
"sala pequena" foi, nos últimos anos, separada e é hoje explorada
pela multinacional Caffè di Roma. O restante espaço esteve encerrado durante
vários anos e reabriu recentemente como restaurante.”
Café A Brasileira. Imagem: WikipédiA
E
acrescenta:
“Adriano Teles não se ficou
pelo Porto, abrindo "A Brasileira"
de Lisboa, no Chiado, em
1905 e "A Brasileira"
de Braga em 1907 e "A Brasileira"
de Coimbra em 1928.”
A Brasileira - Lisboa, fotografada por Joshua Benoliel
Estátua de Fernando Pessoa, no lado externo de A Brasileira. Imagem: WikipédiA.
A Brasileira de Braga. Imagem: WikipédiA.
Por aí se observa o espírito empreendedor de Adriano Telles,
ao fazer circular o capital produtivo, que gerava riqueza e abria frentes de
trabalho desde a lavoura de nossa região até a metrópole lusitana. Tudo a partir
de uma única agência bancária criada em pequena cidade do interior de Minas
Gerais. Até nisto, Adriano e seus sócios foram pioneiros e com ampla visão de
negócios. Os demais fundadores de banco
são formados por grandes e poderosos grupos econômicos com base nas capitais,
e, na maioria das vezes, com saque do Tesouro Nacional, por meio de influências
políticas perniciosas ao Erário.
E o Banco Mineiro não só financiava a lavoura do café como
também concedia empréstimos a cidadãos comuns para compra de terrenos e casas de morada na zona urbana, como uma forma de capitalismo sadio, sob juros e condições alcançáveis,
e sem as humilhantes aparências de favor ou caridade. O Banco Mineiro teve relevante papel na vida social urbana e
rural do Município. Em meados do Século
passado, sob direções diferentes das originais, suas ações foram transferidas
para grupos de fora e se transformou no Banco Mineiro do Oeste, como mostra a
WikipédiA:
“O Banco Mineiro do Oeste foi uma instituição financeira localizada
em Belo Horizonte, Minas Gerais. Seu
fundador foi João do
Nascimento Pires.
Surgiu como um estabelecimento bancário em Visconde do Rio Branco, Minas Gerais. Se instalou em Belo Horizonte em
meados de 1965. Através de seu banco, também apoiou muitas produções de filmes
brasileiros como A Hora
e Vez de Augusto Matraga, A Vida Provisória, Garota de Ipanema, além filmes produzidos por Júlio Bressane, Paulo César Saraceni e outros.
Quando o banco estava no auge de seu crescimento, uma política de concentração
do sistema bancário brasileiro foi implantada por Delfim
Neto, em 1969. Delfim era ligado aos interesses de bancos
paulistas, e o Banco Mineiro do Oeste foi absorvido pelo Bradesco, em 1970.”
A cidade tem sofrido profundos golpes no seu patrimônio
histórico, arquitetônico, cultural e na sua identidade, com a destruição de
prédios que traziam nos seus detalhes de fachadas, nos portais e em várias
pontos da construção, mensagens subliminares em formas artesanais, marcantes do estilo
neoclássico, na maioria das vezes expressões do iluminismo, inspirador de
movimentos libertários e de pujança da razão.
O direito de propriedade vive momentos de superioridade,
desvinculado dos valores sociais. Há
entre a Praça 28 de Setembro e a Praça da Estação um espaço vazio, cercado de
arame com sentido de túmulo, onde jaz a imagem de dinamismo, de bem coletivo,
de história exemplar. Parece um livro sem
letras, um orador sem platéia, um professor sem alunos, uma orquestra sem
músicos.
Esquina da Praça 28 de Setembro com Rua Presidente Antônio Carlos. CM 14/04/2013
(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
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