O Salário Mínimo vigente perdeu este mês mais 2,5% de seu
valor real, comparado com o de maio do ano passado. Os R$ 678,00 atuais valem apenas 23,60% do
necessário que deveria ser de R$ R$ 2.873,56, em maio deste ano.
Está menor do que a quarta parte do que uma família de dois adultos e
duas crianças precisa para viver “com alimentação, moradia, saúde, educação,
vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência”, conforme define a
Constituição Federal.
23,60%
4 ,24 VEZES
Período
|
Salário mínimo nominal
|
Salário mínimo necessário
|
Maio
|
R$ 678,00
|
R$ 2.873,56
|
Abril
|
R$ 678,00
|
R$ 2.892,47
|
Março
|
R$ 678,00
|
R$ 2.824,92
|
Fevereiro
|
R$ 678,00
|
R$ 2.743,69
|
Janeiro
|
R$ 678,00
|
R$ 2.674,88
|
Dezembro
|
R$ 622,00
|
R$ 2.561,47
|
Novembro
|
R$ 622,00
|
R$ 2.514,09
|
Outubro
|
R$ 622,00
|
R$ 2.617,33
|
Setembro
|
R$ 622,00
|
R$ 2.616,41
|
Agosto
|
R$ 622,00
|
R$ 2.589,78
|
Julho
|
R$ 622,00
|
R$ 2.519,97
|
Junho
|
R$ 622,00
|
R$ 2.416,38
|
Maio
|
R$ 622,00
|
R$ 2.383,28
|
26,10% 3,83 VEZES
Em maio do ano passado, o
mínimo vigente de R$ 622,00 correspondia a 26,10% do necessário de R$ 2.383,29.
Era um pouco mais do que um quarto. A perda do valor real foi de 2,5% em um ano. Mesmo diante desta realidade, os órgãos
governamentais e os seus associados continuam enganando a classe trabalhadora,
afirmando ganhos reais do salário mínimo.
Enquanto enganam quem trabalha, as
classes empresariais pressionam e os políticos vão cedendo na flexibilização
das leis trabalhistas. Na verdade, querem
desregulamentar a relação entre o capital e o trabalho. E destruir a Justiça do Trabalho. Não se contentam em acumular riquezas que a
mão de obra produz sob baixíssima remuneração.
Os 10% mais ricos continuam a concentrar 75% da renda nacional, e
deixando somente 25% para dividir para a grande maioria dos 90%, entre os quais
estão os empregados, os pequenos e médios empresários, os profissionais
liberais e os autônomos. Esses 10% mais
ricos são os formadores dos mais poderosos grupos econômicos entre os quais
está a classe política dos altos escalões de governo e os legisladores. É uma
associação massacrante de quem estabelece leis e modelo econômico e de quem
fica por trás deles a formar lobbies de pressão, para que a condução da coisa
pública funcione a seu favor. Financiam
campanhas eleitorais e, depois, têm os eleitos presos a seus compromissos, em
um jogo de “vale tudo”, onde entram práticas mafiosas até com ligações
internacionais.
As privatizações dos serviços de
empresas públicas rentáveis constituem o maior atrativo para a cobiça dessa
malta, que procura se apossar do controle dos bens naturais do país, como na
exploração e comercialização do petróleo em todas as suas formas, levando para
fora tudo o que faz falta para ser aplicado internamente na saúde, na educação,
na remuneração dos trabalhadores.
Conduzem o país a cada vez pagar menos
a quem trabalha. E fazem a massa de baixa renda pagar os maiores impostos da
América Latina, para sustentar a classe política mais cara do mundo, composta
pelos elementos que menos valem na definição de caráter e de probidade.
O tempo está levando à extinção os
políticos que havia com valores humanos e conduta digna de pessoa pública. Os novatos, a não ser com raríssimas
exceções, entram no jogo sujo dominante.
E agora nota-se claramente que os recursos naturais geram
muita riqueza que poderia ser bem aproveitada se houvesse melhor distribuição,
através do pagamento justo aos trabalhadores e aposentados, como aos
professores e aos profissionais da saúde que atendem nas unidades de
atendimento público. Esses recursos, que governadores, prefeitos e presidente
alegam insuficientes para melhorar a infra-estrutura da educação e da saúde, sobram,
no entanto, para gastar nababescamente nos estádios de futebol, em obras
superfaturadas dos bilhões de reais para a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Investimentos pesados a custa da miséria e da
fome do povo, e que não dão retorno nem aos cofres públicos, nem ao mercado
interno. Na verdade, servem para
enriquecer da noite para o dia os privilegiados que participam das licitações
fraudulentas e das obras superfaturadas.
As classes empresariais já conseguiram
do governo a desoneração da folha de pagamento, com prejuízo para a Previdência
Social. E, em efeito cascata, vai servir de argumento para alegarem déficit na
Previdência e, com isto, continuarem a rebaixar o valor das aposentadorias e
pensões. São manobras criminosas, para
favorecer a previdência privada, cara e incerta para os seus segurados. Algumas empresas de previdência privada são
verdadeiras arapucas. Geralmente começam
a funcionar, oferecem planos tentadores, conquistam segurados. Dentro de algum tempo, quando os primeiros
começam a adquirir direito aos benefícios, entram em falência. Seus fundadores
desaparecem. Levam dinheiro para
paraísos fiscais. E quem pagou com sacrifício suas contribuições, fica a ver
navios.
Quando o país é governado por
estadistas, a previdência pública é a conveniente, porque o estado é
permanente. As receitas e a despesas se
operam pela solidariedade entre gerações.
Enquanto a força jovem e de boa saúde contribui, aqueles que já tenham
cumprido determinado tempo de contribuição e envelheceram, passam a ter
direitos, como os benefícios por doença e as aposentadorias. A previdência privada é vulnerável às mas
administrações, à desonestidade, e ao tempo de vida de seus fundadores.
Por isto, no momento de pensarmos sobre
os valores que os trabalhadores recebem ao gerar riquezas, todos os
desdobramentos desse complexo de relações têm que ser considerados. A população tem que tomar consciência de seus
valores, suas necessidades, para defender seus direitos. Sem isto desaparece a cidadania. E o trabalho
torna-se forçado a troco de uma vil remuneração, quando a classe dominante
controla o mercado conforme suas exclusivas conveniências. Abre frentes de trabalho sempre inferior ao
número da mão de obra disponível, para manter o desemprego. Enquanto houver muitos disputando uma vaga,
o empregador paga o que quer e dita as
condições. Somente ele tem o poder de
barganha.
Quando um dia tivermos governantes
honrados e independentes de grupos econômicos, o desemprego pode ser eliminado. Em cada município do país existem terras
disponíveis para produzir os bens de consumo de sua população. Basta haver parceria entre os pequenos e
médios proprietários com o poder público para ocupar a mão de obra menos qualificada para cultivar essas
terras e gerar no próprio lugar os produtos que ora vêm de fora, cheios de
agrotóxicos e nocivos ao consumo.
Se há terra e há gente carente e sem
trabalho, há condições para se plantar e colher para a subsistência de uma
população, fora da ganância perniciosa do agronegócio.
Com essa mão de obra ocupada, os
trabalhadores poderão optar por quem pague mais. Os bens produzidos na terra
promoverão fartura alimentar, o primeiro passo para o combate à miséria e à
fome. E os melhores salários estarão promovendo distribuição de riqueza. E o povo conquistará a remuneração do salário
necessário para “alimentação, moradia, saúde,
educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência”.
DIEESE: "Com base no
custo apurado para a cesta de São Paulo, e levando em consideração a determinação
constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser capaz de suprir as despesas
de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação,
vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima
mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em maio deste ano, o menor
salário pago deveria ser de R$ 2.873,56, ou seja, 4,24 vezes o mínimo em vigor,
de R$ 678,00. Em abril, o mínimo necessário era maior, equivalendo a R$
2.892,47 ou 4,27 vezes o piso vigente. Em maio de 2012, o valor necessário para
atender às despesas de uma família chegava a R$ 2.383,28, o que representava
3,83 vezes o mínimo de então (R$ 622,00).
Apesar de o
preço da cesta paulistana ter diminuído (-0,65%) no ultimo mês, São Paulo continuou
a ser a capital onde se apurou o maior valor para o conjunto de produtos
essenciais (R$ 342,05)."
(Franklin Netto – viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
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