segunda-feira, 3 de junho de 2013

Sayonara(QUARAÍ-RS) - EDUCAÇÃO -A criatividade e o processo de ensino e aprendizagem







A criatividade e o processo de ensino e aprendizagem

Continuação da Edição anterior:


2 CAPÍTULO I - TECENDO CONCEITOS SOBRE A CRIATIVIDADE



Para falarmos sobre a importância da criatividade, cabe-nos, de antemão, questionarmos: o que é criatividade? certamente se perguntarmos aos nossos educadores nos seus ambientes de trabalho o que é criatividade verificaremos uma certa dificuldade em responder a esta indagação, mas se perguntarmos qual de seus educandos é o mais criativo não perceberemos hesitação em identificá-los. Assim os educadores vêm demonstrando a deficiência de conhecimentos acerca deste importante conteúdo.

Você saberia dizer o que é criatividade? Na verdade não há uma única definição para a criatividade, ela pode ser vista sob diferentes perspectivas teóricas. Dentre essas, encontra-se uma corrente que irá estudar essa temática buscando uma aproximação do estudo da criatividade com a inteligência (GUILFORD, 1967; BRAGA, 1995).

Outra perspectiva é encontrada em Torrance (1976) em que a criatividade é caracterizada enquanto um processo: preparação, incubação, iluminação e revisão. Nesse processo o indivíduo percebe lacunas e diante dessas passa a formar e testar hipóteses - criando.

Uma das críticas recebidas por Torrance (1976) e Guilford (1997) apresentada por Braga (1995), refere-se à ausência de alusão aos determinantes psíquicos inconscientes na busca da compreensão dos processos criativos. É na psicanálise que se tornará possível a inclusão desses determinantes para a ampliação das definições da criatividade. Freud em diferentes trabalhos (1908,1910,1927) irá contribuir para a compreensão da criatividade apresentando concepções em que o ato criativo  estar associado à sublimação e, ainda, ao próprio desenvolvimento infantil.

Para esse autor as produções artísticas e os atos criativos na vida adulta seriam substituídos do brincar infantil, e a criatividade estaria relacionada com a busca da realização de desejos e também possibilitaria uma proteção (defesa) contra o sofrimento.

Em Rogers (1982) a criatividade não será abordada enquanto um mecanismo defensivo como apresentado pela perspectiva psicanalista, será considerada enquanto presente nas tendências do homem para se realizar, para se desenvolver e amadurecer.
Na perspectiva de Moreno (1984, 1992, 1997) a criatividade passa a ser vista em sua relação com a espontaneidade. O processo de criação para Moreno seria iniciado com o aquecimento preparatório de um estado espontâneo que levaria a padrões de comportamento mais ou menos organizados. O ato criativo acarreta uma transformação integradora, no sentido do crescimento e da maturação, naquele que o realiza e também no meio que o rodeia. A criatividade é vista enquanto capacidade de responder adequadamente a um estímulo novo e/ou a faculdade de responder de maneira nova e adequada a um velho estímulo.

Na literatura mais recente destaca-se a perspectiva de Alencar (1995, 1997, 2000) e a ênfase dada pela autora na necessidade da valorização das habilidades para produção de novas idéias e atitudes criativas. Destaca-se também o estudo de Predebon (2001) e a ênfase dada por ele no papel do afeto no desenvolvimento da criatividade.

Para Mihaly Csikszentmihalyi (1991), “criamos intensamente mesmo pensando que não o fazemos, nada pode ser feito para provocar o fluxo criativo, e que esse momento surgirá quando a mente quiser”. Assim, podemos então definir criatividade como algo intrínseco, que depende de outros fatores como estímulos e enriquecimento cultural que ocorre na escola, na família e em outros ambientes que exerçam influencias sobre os indivíduos, para que ocorra o despertamento da criatividade.

Sendo assim, a criatividade deve ser amplamente tratada na sociedade como um Macrosistema que influencia diretamente as condições de trabalho, na família, como incentivadora ou inibidora do potencial criativo, por meio do reflexo da conduta dos pais e sistema de atividades e comunicação desenvolvidas com maior grau de tolerância e liberdade, e, na escola, no seu papel fundamental de desenvolvimento pleno do ser humano, segundo a Lei de Diretrizes e Bases (1997), artigo 2° a educação, dever da família do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade do educando para o exercício da cidadania.

Atualmente, a educação está caracterizada pela uniformidade dos seus métodos e técnicas de ensino, voltados para a reprodução de idéias e de conhecimentos e também pelo simples fato de estar voltada para o passado, para o domínio de fatos já conhecidos, ignorando que a maioria dos nossos alunos irão passar grande parte de suas vidas em uma realidade futura, onde necessitará, para enfrentar eficazmente os seus desafios e problemas, de uma capacidade de pensar mais desenvolvida.

Como posso solicitar que os nossos alunos se desenvolvam se não possibilito essa descoberta? O conhecimento pronto e acabado, não auxilia o desenvolvimento de nossas crianças. Segundo Freire (2001), uma grande vantagem que nós, seres humanos, temos, é que podemos ir mais além dos condicionamentos estabelecidos por essa prática.   

Não basta ensinar o que já é conhecido, é também necessário preparar o aluno para questionar, refletir, mudar e criar. Os grupos ou instituição que melhor souberem aproveitar o que existe de melhor em seus recursos humanos levarão uma grande vantagem, pois a solução de problemas enfrentados exige muito esforço, talento e criatividade.
É perceptível a necessidade de prepararmos nossas crianças para lidar com situações problemas no seu dia-a-dia, contudo, nos dias atuais ainda existem profissionais, ou porque não dizer seres humanos incapazes de antecipar tais problemas, eis uma das principais razões para justificar a necessidade de se criarem melhores condições para o desenvolvimento e manifestação do pensamento criativo em sala de aula. Visto isso, é verificável a necessidade de uma maior atenção ao desenvolvimento da criatividade na escola, e de prepararmos os nossos educandos para o mundo de amanhã.

A importância de se criar um espaço que possibilita que a criança aumente a sua produtividade criadora e fortaleça as suas habilidades criativas é papel fundamental do educador, mais o conjunto de influências e interações estabelecidas nos ambientes familiares, escolares e em organizações possui por outro lado valor significante para o desenvolvimento da criatividade, pois os mesmos funcionam, também, como construtores da moral da criança.   

Para Alencar (1990) o momento criativo na sala de aula está caracterizado em cinco estágios. O primeiro é a preparação, e este se dá pelo reconhecimento de que um determinado problema é digno de ser estudado, no intuito de despertar uma solução criativa. É importante evitarmos criticar ou censurar, pois crítica, julgamento e acusações são apenas demonstrações de falta de consciência acerca do despertamento individual humano e a utilização dos mesmos pode desencadear uma diversidade de frustrações.

O educador deve estar atento a sua maneira pessoal de encarar as coisas, a fim de que possa ajudar no processo criativo, facilitando e interagindo com o educando, mostrando-lhe caminhos para ações que utilizem a imaginação com consciência, esta que está diretamente relacionada com o pensar com inteligência, pois quando o educando é solicitado a criar, geralmente antes, o homem cria o pensamento, que cria o tempo que a inteligência terá que olvidar para realmente criar. Um outro estágio é a incubação, uma fase delicada, tudo que esta armazenado no nível inconsciente torna-se importante, pois neste estágio vai-se a esse subterrâneo buscar elementos que auxiliem e contribuam para o ato criador.

Já no estágio do devaneio, é uma fase de pouca duração, está caracterizada no momento em que se tenta fugir do assunto, ou deixá-lo de lado propositadamente para que ele retorne com mais vigor. O estágio da inspiração ou iluminação é o momento em que as idéias novas já definiram o contorno do produto criador. Nesse momento o professor precisa estar atento para que a mente não se volte para o devaneio.

E por último o estágio da ação, é o momento em que a idéia precisa ser traduzida em realidade, o que nem sempre acontece, pois a mente criativa liberta o fluxo da idéia para que as mãos e o corpo a executem. O próprio Thomaz Edison, quando afirma que “inventar é 1% de inspiração e 99% de transpiração”, estava comparando com a passagem da mente das fases da iluminação para a da ação.

Com a abordagem destes estágios se faz a necessidade de percebermos que é possível e de grande importância observar a sua manifestação e disponibilização, pois para se construir algo seguramente, necessita-se de saber para fazê-lo, e para isso devemos criar métodos de ensino que despertem e conheçam a vontade como fonte imorredoura do ato de criar.


Leia na próxima Edição

3 CAPÍTULO II - INTELIGÊNCIA E CRIATIVIDADE: ALGUMAS INTERSEÇÕES


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