quarta-feira, 5 de junho de 2013

Sayonara(QUARAÍ-RS) - EDUCAÇÃO -A criatividade e o processo de ensino e aprendizagem





A criatividade e o processo de ensino e aprendizagem



Continuação da Edição anterior:

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3 CAPÍTULO II - INTELIGÊNCIA E CRIATIVIDADE: ALGUMAS INTERSEÇÕES

  • Não poderíamos falar de criatividade sem abordar a inteligência, visto que a mesma encontra-se associada à criatividade ainda que a criatividade não esteja associada diretamente à inteligência. Segundo Sterberng (1998), existe uma baixa ou nula significação da correlação entre medidas de inteligência e de criatividade, pois a inteligência está caracterizada em uma condição necessária, mas não suficiente para uma manifestação da criatividade.

  • Para abordar a inteligência estaremos nos alicerçando no pensamento do psicólogo americano Howard Gardner que, juntamente com uma equipe de estudiosos de Harvard, elaborou a Teoria das Inteligências Múltiplas elucidando as diversas manifestações que o cérebro humano pode apresentar.

  • A teoria das inteligências múltiplas surgiu com o propósito de romper com o paradigma de inteligência como fator unilateral, e redefini-la. Segundo Gardner (1993), a inteligência é um potencial biopsicológico que tem como função resolver problemas ou fabricar produtos valorizados em pelo menos um contexto cultural, partindo desse pressuposto é que iremos explorar ainda mais as contribuições de Gardner para a ampliação e ramificação dos nossos estudos voltados a uma prática criativista.

  • Dentro desta perspectiva podemos observar que a criatividade se apresenta como processo para desenvolvimento das inteligências múltiplas, sendo valido ressaltar que a criatividade e a inteligência estão interligadas, porém é de extrema importância salientarmos que uma pessoa inteligente, como foi dito anteriormente, nem sempre dispõe da criatividade, eis que toda pessoa criativa utiliza-se da inteligência. Partindo dessa compreensão podemos dizer que a criatividade manifesta-se intensamente nessas mesmas áreas.  

  • Neste contexto Gardner (1982), nos propõe um estudo para compreensão das oito inteligências que o ser humano possui. São elas: lógico matemática, lingüística, musical, cinestésica, espacial, intrapessoal, interpessoal e existencial.

  • A inteligência lógico-matemática possibilita ao ser humano calcular, quantificar, considerar proposições e hipóteses e realizar operações matemáticas complexas. Cientistas, matemáticos, contadores, engenheiros e programadores de computação demonstram forte inteligência lógico-matemática.

  • Já a lingüística é composta pela sensibilidade para os ritmos, sons e significados das palavras, além de uma especial percepção das diferentes funções da linguagem. É a habilidade para usar a linguagem para agradar, convencer ou transmitir idéias. Gardner observa que esta é a habilidade exibida pelos poetas.

  • A inteligência musical se manifesta através de uma habilidade para compor, apreciar ou reproduzir uma peça musical. Inclui a habilidade de perceber temas musicais, discriminação de sons, sensibilidade para identificar texturas, ritmos e timbre, além da habilidade em produzir música.

  • Por outro lado, a inteligência cinestésica se refere à habilidade para criar produtos ou resolver problemas através do uso do próprio corpo. Caracterizada pela habilidade em usar a coordenação grossa ou fina em artes cênicas ou plásticas, esportes, na manipulação de objetos com destreza e no controle dos movimentos do corpo.

  • A espacial é descrita por Gardner como a capacidade de perceber o mundo visual e espacial de forma precisa. Consiste na habilidade de manipular objetos ou formas mentalmente e, a partir destas percepções iniciais, criar equilíbrio, tensão e composição, numa representação espacial ou visual. Esse tipo de inteligência é identificada em artistas plásticos, arquitetos e engenheiros.

  • A habilidade ou inteligência intrapessoal é descrita como a inteligência mais pessoal de todas, corresponde ao tipo de inteligência na qual a pessoa possui a habilidade para ter acesso aos próprios sentimentos, idéias e sonhos, sabendo utilizar-se deles para a solução de problemas pessoais. É o reconhecimento da própria inteligência, de habilidades, desejos e necessidades, ou seja, a habilidade de formular uma imagem precisa de si mesmo e a capacidade para usar essa mesma imagem para funcionar de forma efetiva. Só é possível observar esta inteligência através dos sistemas das outras inteligências, isto é, através de manifestações cinestésicas, musicais ou lingüísticas.

  • Pelo contrário, a interpessoal se caracteriza pela habilidade para entender e responder adequadamente a temperamentos, humores, desejos e motivações de outras pessoas. A inteligência interpessoal se manifesta na criança pequena, na sua forma mais primitiva como a habilidade para distinguir pessoas, e na sua forma mais complexa, como a habilidade para perceber desejos e intenções de outras pessoas e para reagir de forma apropriada partindo dessa intenção. A inteligência interpessoal é mais facilmente identificada na observação de vendedores bem sucedidos, professores, psicoterapeutas e políticos.

  • Por último, a inteligência existencial se caracterizada pela capacidade de se situar em relação aos limites mais extremos do cosmo. Saber situar-se em relação a elementos da condição humana como significados da vida, o sentimento da morte, o destino final dos mundos físicos e psicológicos e experiências profundas como o amor de outra pessoa ou total imersão numa obra de arte.

  • Para uma maior compreensão de como podemos estar propondo o desenvolvimento nos nossos alunos da criatividade e das inteligências para as series iniciais do ensino fundamental proponho as seguintes atividades: na busca de soluções para os problemas enfrentados no dia a dia, levam inúmeras vantagens àqueles que fazem uso das suas habilidades criativas, portanto selecionamos um texto, de autoria desconhecida, para ser discutido em sala de aula e, através deste, desafiaremos alguns alunos para tentar solucionar este problema a seguir.
  • ATIVIDADE 1
  • A BORBOLETA AZUL

  • Havia um viúvo que morava com suas duas filhas curiosas e inteligentes.
  • As meninas sempre faziam muitas perguntas.
  • Algumas ele sabia responder, outras não.
  • Como pretendia oferecer a elas a melhor educação, mandou as meninas
  • passarem férias com um sábio que morava no alto de uma colina.
  • O sábio sempre respondia todas as perguntas sem hesitar.
  • Impacientes com o sábio, as meninas resolveram inventar uma pergunta
  • que ele não saberia responder.
  • Então, uma delas apareceu com uma linda borboleta azul que usaria
  • para pregar uma peça no sábio.
  • O que você vai fazer? - perguntou a irmã.
  • Vou esconder a borboleta em minhas mãos
  • e perguntar se ela está viva ou morta.
  • Se ele disser que ela está morta, vou abrir minhas mãos e deixá-la voar.
  • Se ele disser que ela está viva, vou apertá-la e esmagá-la.
  • E assim qualquer resposta que o sábio nos der estará errada!
  • As duas meninas foram então ao encontro do sábio, que estava meditando.
  • Tenho aqui uma borboleta azul.
  • Diga-me sábio, ela está viva ou morta?

  • Como resolver o problema? Caso você estivesse no lugar deste personagem, que soluções proporia?  

  • Segundo a lenda o sábio respondeu o problema da seguinte forma:
  • Calmamente o sábio sorriu e respondeu:
  • Depende de você... ela está em suas mãos.
  • Assim é a nossa vida, o nosso presente e o nosso futuro.
  • Não devemos culpar ninguém quando algo dá errado.
  • Somos nós os responsáveis por aquilo que conquistamos
  • (ou não conquistamos).
  • Nossa vida está em nossas mãos, como a borboleta azul...
  • Cabe a nós escolher o que fazer com ela.
  • ATIVIDADE 2

  • Objetivo: Possibilitar o desenvolvimento da criatividade e da inteligência lingüística dos educandos.

  • Preparação:
  • Escolher um texto e propor que a releitura do mesmo seja feita com apoio de sonoplastia.

  • Utilização:
  • Explicar o significado de sonoplastia e permitir aos alunos que pensem o texto imaginando que sons, ruídos, músicas podem servir como seu “pano de fundo”. Em etapas subseqüentes os alunos devem pesquisar ou construir textos e apresentá-los com sonoplastia.
  • ATIVIDADE 3

  • Objetivo: Possibilitar o desenvolvimento da criatividade e da inteligência lógico-matemática dos educandos.

  • Preparação:
  • Desenhar duas retas paralelas, separadas por uma distância de dois centímetros, divididas em diversos quadrados também de dois centímetro cada. Recortar e colar em cartolina. Tesoura e cola, serão utilizados para confeccionar esta atividade.

  • Utilização:
  • Os alunos devem utilizar o material para diferentes fins, recortando e colando. Como é possível em qualquer ponto da reta, com a mesma é possível fabricar-se diferentes formas geométricas estimulando a criatividade. É também possível solicitar que criem desenhar utilizando essas formas geométricas.

  • O maior dos desafios é, sem dúvida, o de conhecer a cada uma das crianças como elas realmente são, de saber o que elas são capazes de fazer e centrar a educação nas capacidades, nas forças e nos interesses dessas crianças. Os educadores devem ser, portanto, antropólogos, que observam as crianças cuidadosamente, e ainda, orientadores, que ajudam as crianças a atingirem os objetivos que as escolas, que os distritos, ou a nação estabeleceram como meta.

  • Para sermos criativos precisamos estar dispostas a mudar, pois só através da mudança poderemos oferecer aos nossos educandos uma educação voltada para moral, alicerçada na consciência e fundamentada na criatividade.

  • Conforme as palavras de Gardner (1997),
  • as constantes em educação são ajudar o indivíduo a compreender seu
  • mundo, a ser capaz de lidar com a mudança e a ser humano cívico. Como fazer essas mudanças é algo que muda em certos aspectos, mas continua constante em outros. Uma vez que existe tanto a aprender, precisamos ser mais seletivos e estratégicos, e precisamos ajudar os indivíduos a continuar aprendendo depois que saem da escola.

  • Todo indivíduo tem o potencial para ser criativo. Mas os indivíduos só serão criativos se quiserem ser – se estiverem dispostas a contestar a ortodoxia, se aceitarem as críticas, e se não se perturbarem com ataques ou insultos.

  • Gardner (1995) sugere que a avaliação deve fazer jus à inteligência, isto é, deve dar crédito ao conteúdo da inteligência em teste. Se cada inteligência tem um certo número de processos específicos, esses processos têm que ser medidos com instrumento que permitam ver a inteligência em questão em funcionamento.

  • Para Gardner (1995), a avaliação deve ser ainda ecologicamente válida, isto é, ela deve ser feita em ambientes conhecidos e deve utilizar materiais conhecidos das crianças sendo avaliadas. Este autor também enfatiza a necessidade de avaliar as diferentes inteligências em termos de suas manifestações culturais e ocupações adultas específicas.

  • Assim, a habilidade verbal, mesmo na pré-escola, ao invés de ser medida através de testes de vocabulário, definições ou semelhanças, deve ser avaliada em manifestações tais como a habilidade para contar histórias ou relatar acontecimentos. Ao invés de tentar avaliar a habilidade espacial isoladamente, devem-se observar as crianças durante uma atividade de desenho ou enquanto montam ou desmontam objetos. Finalmente, ele propõe a avaliação, ao invés de ser um produto do processo educativo, seja parte do processo educativo, e do currículo, informando a todo o momento de que maneira o currículo deve se desenvolver.

  • A avaliação significa uma tarefa de observação contínua reflexiva e processual utilizada pelo educador para detectar e solucionar as possíveis dificuldades de aprendizagem dos educandos. Através deste contexto de avaliação e perceptível que o educador deverá exercer da criatividade para a aplicação de métodos que disponibilizem um melhor grau de aprendizagem, e para isso se faz necessário que o mesmo tenha o domínio acerca das inteligências múltiplas para que possa identificar e possibilitar através de atividades criativas uma melhor forma de educar, buscando subsídios em atividades, estudos e pesquisas que o favoreçam uma melhor compreensão e entendimento da criatividade.    

Leia na próxima Edição:
4 CAPÍTULO III - A CRIATIVIDADE E O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

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