sexta-feira, 7 de junho de 2013

Sayonara(QUARAÍ-RS) - EDUCAÇÃO -A criatividade e o processo de ensino e aprendizagem





A criatividade e o processo de ensino e aprendizagem


Leia na próxima Edição:

4 CAPÍTULO III - A CRIATIVIDADE E O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM


Para a utilização da criatividade como metodologia de ensino em sala de aula, é necessária a disponibilidade no que se refere à busca e aquisição de conhecimento, para um maior aprofundamento quanto à prática de ensino, pois esta terá como objetivo primordial o desenvolvimento da criatividade dos educandos através de uma metodologia bela, rica e significativa, que trabalhe com o saber pensar de forma mais consistente.  

Segundo De Bono (1997, p. 13), embora esteja começando a fazer algo a respeito do pensamento como uma habilidade, a educação formal faz muito pouco a respeito do ensino do pensamento criativo, pois existe a crença de que a criatividade faz parte do campo das artes, sendo, portanto, um tipo de talento especial. Observa-se, por outro lado, um interesse crescente, muito mais no âmbito teórico que prático, dos profissionais da educação, no que se refere ao estímulo à criatividade, o que pode ser evidenciado através das palavras de Rogers apud ALENCAR (1990, p.14):

eu insisto que há uma necessidade social desesperada de comportamentos criativos por parte dos indivíduos... Em um tempo em que o conhecimento, construtivo e destrutivo, está avançando de forma acelerada para uma era atômica fantástica, uma adaptação genuinamente criativa parece se apresentar como a única possibilidade para o homem manter-se à altura das mudanças caleidoscópicas de seu mundo.


É relevante neste contexto citar o estudo de Martínez (1997), que agrupa as estratégias utilizadas para a educação da criatividade em seis grupos básicos que são: utilização de técnicas, cursos e treinamentos, seminários, vivências, jogos criativos, o desenvolvimento da arte e modificações curriculares na solução de problemas.

A primeira estratégia se refere à utilização de técnicas específicas para a solução criativa de problemas, tem maiores aplicações nos trabalhos de grupos. As mais conhecidas e utilizadas são as técnicas de associação livre. Para alguns segmentos estas técnicas demonstram pertinência, essencialmente por que procura desenvolver indivíduos autodeterminados e capazes de comportamentos criativos. (OSBORN, 1963).

A segunda diz respeito ao objetivo da utilização de cursos e treinamentos que constitui em ensinar alunos a solucionar problemas de forma criativa, aprendendo a sensibilizar-se com seus próprios problemas e identificar os tipos fundamentais de bloqueios da criatividade (MARTÍNEZ,1997).
Já a terceira, nos revela que a importância dos cursos que ensinam a pensar tem a ver com a grande relevância das operações cognitivas no processo criativo e com o bom nível de desenvolvimento intelectual e a possibilidade de usar estratégias de pensamento que rompam com esquemas rotineiros. Os autores Getzels e Jackson (1962), Guilford (1980) e Bono (2000) são seus representantes.

A quarta nos traz um dos grandes exemplos que são os workshops e seminários que tem a finalidade de mobilizar os elementos efetivos e motivacionais vinculados à criatividade, liberando o indivíduo de possíveis bloqueios por meio da interação e da capacidade de comunicação. (MARTÍNEZ,1997)

A quinta contribui com uma das estratégias que evoluiu de forma singular nos últimos anos, foi à utilização da arte com o objetivo específico de desenvolver a criatividade, através de diferentes manifestações artísticas (dança, expressão corporal, pintura, desenho, música, teatro, entre outros). Um dos pioneiros estudos foi o desenvolvido por Maslow (1982), que concebe que a educação por meio da arte.

A sexta e última contribui de maneira significativa, pois demonstra que a modificação no currículo escolar. Seriam interessantes alterações como, por exemplo, a incorporação de estratégias, como a de solução criativa na resolução de problemas. Algumas experiências no desenvolvimento da criatividade em currículos e práticas pedagógicas são oriundas de países como México, Venezuela e Brasil buscam desenvolver a criatividade de forma explicita no processo docente.

Dentre essas orientações didáticas, o lúdico se destaca como um dos principais recursos para a promoção do pensamento criativo, segundo Oliveira (2002). Para Isaksen (1990), a criatividade é um recurso humano e natural, que leva a prática educacional a lidar com o conceito em três formas básicas: incluir criatividade no currículo existente, no ensino de pensamento criativo, e nos perfis de solução de problemas, e ainda usar criatividade no processo de planejamento da aprendizagem. O primeiro método inclui aplicar nos programas institucionais, o que se conheça sobre a criatividade. Por exemplo, a inclusão no programa, de questões e sugestões de atividades que são favoráveis à leitura; a segunda abordagem inclui unidades separadas de instrução, cursos ou programas projetados para fazer emergir a criatividade (MARTÍNEZ,1997).

Para Delors (2001), a contribuição dos professores para o desenvolvimento dos educandos é crucial para preparar os jovens, não só para encarar o futuro com confiança, mas para construí-lo eles mesmos de maneira determinada e responsável. Para tanto, é necessário investirmos nos processos de formação de professores, tanto para oferecer-lhes o suporte teórico do saber fazer, como para lhes garantir o subsídio prático, da experimentação, que servirá de referencial para os alunos.

Em suma, o educador é um sujeito aprendente que deve esforçar-se no sentido de aprimorar seus conhecimentos e capacitar-se no que é imprescindível ao seu ofício, reconhecendo, ao mesmo tempo, que o educando, apesar de ser um aprendiz, traz seu entendimento próprio da realidade, pois possui uma história de vida, que deve ser valorizada. Ambos, portanto, aprendem juntos.

Já verificamos o importante papel do educador quanto ao desenvolvimento do seu aluno, outro fator que auxiliará ao professor para essa prática é a escola, esta precisara acreditar em seus profissionais e buscar sempre investir (cursos, oficinas e estudos internos) para que se possa enriquecer e fortalecer os seus profissionais, além de estabelecer um ambiente favorável para essa aprendizagem desenvolvendo assim atitudes e habilidades criativas.
As concepções de ensino em que são privilegiadas e valorizadas a reprodução de conhecimento e a memorização de fatos são projetadas para que os alunos adquiram conhecimento de forma passiva. A utilização de metodologias de ensino diretivas, nas quais o educador e o conteúdo a ser aprendido são o centro do processo ensino-aprendizagem, acaba por criar barreiras à expressão criativa do aluno.

Portanto, educar para o desenvolvimento da criatividade pressupõe o envolvimento direto do professor neste processo, desde a organização de atividades meios até a avaliação dos resultados, buscando questionar a maneira como o conhecimento é adquirido, construído e/ou produzido.

Não importa se a criança do primeiro ciclo do ensino fundamental possui grande ou pequeno potencial criativo, é essencial que seja estimulada. Os estímulos para a mente, sob certos aspectos, identificam-se a estímulos para o corpo. Portanto não importa se ela será campeã em um campeonato, mas sim a lição que isso lhe trará, fortalecendo-a e ressignificando-a para um novo caminhar, “toda queda” tende a favorece ao nosso desenvolvimento e crescimento, quanto seres humanos conscientes.

Para tanto necessitamos estarmos preparados para superar toda ou qualquer dificuldade que se apresente em nosso caminhar e que estas sirvam de aprendizado em nossas vidas, pois isto denuncia o quanto somos criativos e auxilia o nosso desenvolvimento tanto espiritual, profissional quanto pessoal. Este é um papel fundamental para nós educadores do primeiro ciclo do ensino fundamental, compreendendo assim a importância de estarmos comprometidos com o ato de educar e cientes da importância do desenvolvimento da criatividade dos nossos educandos.
O desenvolvimento do potencial criativo tem sido objeto de estudo de várias áreas do conhecimento: psicologia, sociologia, filosofia, história, mas é na educação que ela é mais apropriada para ser estudada. Conforme Predebon (1998), no campo da criatividade, “importa menos como nascemos do que como nos educamos”. Isto significa que a educação tem papel fundamental no desenvolvimento da criatividade na criança.

Segundo Saturnino de La Torre (1999), “o futuro da criatividade está na formação de educadores, já que de educadores criativos resulta mais fácil conseguir alunos criativos”, logo, cabe a nós quanto educadores refletir sobre a nossa prática, pois esta deverá proporcionar uma ambiente propicio ao despertar da criatividade dos educandos. Importante lembrar que o exemplo educa, ou quando não educa minimamente incentiva.

Considerando, então, a criatividade como parte de um processo de formação da personalidade, a família e a escola são interações que possuem elementos essenciais para o desenvolvimento da criança.

A criança, no seu processo de compreensão da vida e de mundo, vai aprendendo frações da realidade a que esta exposta e as reelabora no seu universo conhecido. Esse seu universo está repleto de informações muitas reais muitas fantasiosas, mas todas elas igualmente importantes e reais para a criança. Na sua busca de entendimento a criança absorve fatos e informações e os combinas com as suas fantasias, elaborando-as em novas realidades afetivas e sociais.

Nesse sentido, as brincadeiras de faz-de-conta são fundamentais, pois nelas a criança trabalha essas duas esferas e tem a chance de mediante o processo criador inerente à fantasia e à imaginação, transformá-la na sua realidade. Ao interagir com essa realidade que a criança cria para si mesma e que está baseada na sua vida cotidiana, ela aprende a lidar com o real. Assim, vemos que a representação também é criação e arte, colabora no sentido de instrumentalizar a criança para a vida, visto que a arte não é apenas um produto e não é criada e sim origem e criação.

Durante a atividade criativa, ao estabelecer um diálogo interior entre a sua imaginação e o mundo dela, a criança passa a conhecer mais a si mesma, o seu entorno e o seu lugar nesse contexto.

Proporcionar uma proposta pedagógica que busque desenvolver a sua criatividade, com a finalidade de que os alunos busquem criar suas próprias concepções e teorias que possibilitem conhecer os fundamentos justificáveis, o método preciso e os recursos necessários para que se possa realizar, a contento, tudo aquilo que se necessita ou deseja para o seu bem viver.

A criatividade, em termos gerais, envolve dois aspectos fundamentais: novidade e utilidade. Podemos sintetizar esta idéia no seguinte conceito: é criativo tudo aquilo que demonstra novidade e possui algum valor para o indivíduo ou para a sociedade. Isso implica afirmar que existem, segundo Boden (1999, p. 82), dois sentidos para a criatividade: o psicológico e o histórico. O primeiro caracteriza-se como valioso caso, que a idéia gerada não tenha ocorrido antes na mente a qual foi produzido, ainda que outras pessoas tenham tido esta mesma idéia. O segundo sentido, o histórico, representa uma idéia psicologicamente criativa e que ninguém nunca a teve, em toda a história da humanidade. Ambos os sentidos possuem grande relevância para a ampliação e aprimoramento do conhecimento humano, tanto em nível pessoal quanto social, principalmente nos tempos atuais.

Quando um aluno enfrenta um novo conteúdo a ser aprendido, sempre o faz armado com uma série de conceitos, concepções, representações e conhecimentos adquiridos no decorre de suas experiências anteriores, que utiliza como instrumentos de leitura e interpretação que determinam em boa parte as informações que selecionará, e que tipo de relações estabelecerá entre elas. Segundo Piaget (1996) a criança quando tem novas experiências (vendo coisas novas, ou ouvindo coisas novas) ela tenta adaptar esses novos estímulos às estruturas cognitivas que já possui, esse processo recebe o nome de assimilação.

A criança quando não consegue assimilar um novo estimulo por não existir uma estrutura cognitiva que assimile a nova informação em função das particularidades e características desses novos estímulos ocorre um estágio nomeado por Piaget como acomodação, que para essa compreensão restam apenas duas saídas, a primeira é criar um novo esquema ou modificar um esquema existente. Quando ocorrer a acomodação à criança pode tentar assimilar o estímulo novamente.
Já a equilibração trata de um ponto de equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, e assim, é considerada como um mecanismo auto-regulador, necessária para assegurar à criança uma interação eficiente dela com o meio-ambiente. Segundo WADSWORTH (1996), uma criança, ao vivenciar um novo estímulo (ou um estímulo velho outra vez), tenta assimilar o estímulo a um esquema existente. Se ela for bem sucedida, o equilíbrio, em relação àquela situação estimuladora particular, é alcançado no momento. Se a criança não consegue assimilar o estímulo, ela tenta, então, fazer uma acomodação, modificando um esquema ou criando um esquema novo. Quando isso é feito, ocorre a assimilação do estímulo e, nesse momento, o equilíbrio é alcançado.

Portanto para o desenvolvimento da criatividade dos educandos das series iniciais do ensino fundamental do primeiro ciclo é necessário um maior aprofundamento nos estudos que nos auxilia quanto a compreensão do processo de ensino e aprendizagem, uma vez que o maior objetivo do educador deve ser a aprendizagem dos educandos.

O ensino tem por objetivo fundamental o desenvolvimento da criatividade, o aprendizado da liberdade e da cidadania. A sala de aula nesse caso desfavoreceria a imitação, o saber “imposto” para as provas, estimulando a espontaneidade do pensar. O exercício da liberdade pressupõe trabalho criativo, alimentando no aluno a paixão pela descoberta. Segundo Paulo Freire (1997, “ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar”.

Assim, ter informação não significa ter conhecimento. Se por um lado o conhecimento depende de informação, por outro, a informação por si só não produz novas formas de representação e compreensão da realidade, logo ser criativo e ser inteligente, mas nem todo ser inteligente é criativo.

A aprendizagem em uma perspectiva criativa pressupõe que o aluno tome para si a necessidade e a vontade de aprender. Para isso, é preciso investir em ações que potencializem essa disponibilidade do aluno para a aprendizagem.

A consciência, a inteligência e a criatividade estão diretamente ligadas à construção de uma nova prática pedagógica, cujas concepções de mundo, de homem e de conhecimento fundamenta as relações cotidianas. Ter essa realidade como referencia cria um movimento constante de construção e desconstrução. Para Maribel Barreto (2005, p.76),

a educação integral fundamentada no estudo da consciência, por sua vez, inspira outra maneira de ver as coisas em ciência, filosofia e religião, na medida em que ela lida, ao mesmo tempo, com os diversos níveis e as diversas dimensões do gênero humano. Precisamos, portanto, cada vez mais, aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos, bem como aprender a ser.
Portanto, faz-se necessário emergir no cenário educacional uma prática questionadora, crítica, que trabalhe com conceitos promotores da imprevisibilidade de fatos que através de uma moral construída alicerçada na consciência humana possibilite a previsibilidade de sua realização, uma educação integral do corpo e da alma, que perpasse por seus níveis físico, psíquico e moral, tornando o ser um ser criativo.

A construção do conhecimento, assim, nos parece ser um convite à quebra de paradigmas no qual podemos caminhar por trilhas variadas e novas, cujos resultados não sabemos quais serão. E indubitavelmente, estaremos desenvolvendo uma educação que nos mantenha ou nos torne seres humanos livres, sensíveis, inteligentes e criativos que saibam pensar por si mesmo, compartilhando com Morin (2001) onde ressalta que a maior contribuição do século XX foi o conhecimento dos limites do conhecimento, demonstrando que a maior certeza que nos foi dada versa a indestrutibilidade das incertezas, não somente na ação, mas também no conhecimento é que eles não possuem limites.

Se ao educador interessa a liberdade do indivíduo, e não os próprios preconceitos, ele ajudará ao jovem a descobrir aquela liberdade, estimulando-o a compreender seu próprio ambiente, seus temperamento, sua educação religiosa e doméstica, com todas as possíveis influencias. Se houver amor e liberdade no coração dos mestres, eles atenderão a cada estudante, tendo sempre em mente suas dificuldades e necessidades.

Uma prática educativa verdadeira deve ajudar o estudante não só desenvolver suas aptidões, mas também a compreender aquilo que lhe desperta maior interesse. Portanto nós educadores temos um papel fundamental para que seja possível essa prática, uma vez que somo responsáveis pela construção e resignificação e reestruturação dos nossos saberes e de nossos educandos.Tornar então a sala de aula um ambiente de “magia e aprendizagem”, possibilitará assim uma motivação educacional e uma aprendizagem significativa, permeada pelo prazer, amor, liberdade, interatividade, criatividade e o mais importante o “querer aprender”.

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5 CONCLUSÃO

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