terça-feira, 17 de setembro de 2013

Dona Dilma precisa defender a Petrobras, de verdade.





12/09/2013 / Tribuna da Internet.

Dona Dilma precisa defender a Petrobras, de verdade.


 

Helio Fernandes
Toda e qualquer reação sobre a quebra de “privacidade” de Obama e dos EUA, como acentuei, nenhum exagero. Mas se Dona Dilma pretende garantir e até aumentar os “ganhos em popularidade política e eleitoral”, não pode exorbitar e incluir os escândalos da Petrobras na conta de qualquer um.

Como eu disse ontem, os Estados Unidos não atingiram nem atingirão a grande empresa brasileira. Ela é atingida, debilitada e enfraquecida pelas comprar superfaturadas e pelas vendas, naturalmente subfaturadas.

Muitas compras e vendas escandalosas, realizadas aqui dentro e lá fora, protegidas pela complacência-cumplicidade que vem desde os tempos da ditadura. Na Tribuna impressa me fartei de denunciar Shigeaki Ueki e os filhos. Condenei-os quando ele foi presidente da Petrobras e ministro de Minas e Energia.

Foram para o Texas e escrevi na época: “Ueki mora no Texas com os filhos. Em matéria de petróleo, são mais poderosos do que a família Bush”. (Pai e filho ex-presidentes dos EUA, um por quatro anos, outro por oito).

A ditadura acabou (acabou? Estão prendendo fotógrafos, profissionais que têm paixão pelo fato, se encarregam de documentá-los e exibi-los), a Petrobras sempre e cada vez mais envolvida com a corrupção. O total movimentado pela empresa é alucinante.

O que era milhão passou a bilhão, agora o trilhão é utilizado com a maior tranquilidade, frugalidade, quem sabe até com credibilidade? Assim, é movimentação alucinante de dinheiro-papel-comissão, difícil de fiscalizar.

A DOAÇÃO DE FHC, QUE SE TRANSFORMOU EM LICITAÇÃO-LEILÃO, POR SUA PUSILANIMIDADE

Denunciei o ex-presidente por tudo, durante oito anos, quatro em eleição, mas quatro de uma reeleição que a Constituição proibia, ele comprou e pagou à vista.

Se escrevi quando ele estava no Poder e mandava e dominava de verdade, por que não posso repetir de memória o que está nos arquivos?

(FHC era arrogante e presunçoso de terno comum, agora é ridículo e hilariante com aquele fardão verde, que Manuel Bandeira não quis vestir. E Gilberto Freyre, Erico Verissimo, Carlos Drummond de Andrade, Antonio Candido, Oscar Niemeyer, Millor Fernandes, Sergio Buarque de Holanda não quiseram usar, recusando peremptoriamente, que palavra,a própria Academia).

DONA DILMA CONHECE BEM ESSA LICITAÇÃO-LEILÃO

FHC pretendia privatizar, perdão, DOAR a maior empresa brasileira, como fez com muitas outras. Só que com o rosto coberto, usando a máscara da famigerada Comissão de Desestatização, que até hoje não foi devassada por uma CPI independente, os crimes contra o país não prescrevem.

Como a reação foi tremenda, FHC se voltou para o que eu chamei (com ele presidente) de “retrocesso de 80 anos em oito), criou esses leilões-doações arrasadores, improdutivos, com prejuízos inacreditáveis.

A primeira pessoa física a se insurgir e protestar contra essa TRAIÇÃO ao interesse nacional foi a cidadã Dilma Rousseff. Lula estava eleito, praticamente certa sua nomeação para o Ministério de Minas e Energia, mas não tinha cargos, se arriscou.

APELO À AEPET

Essa Associação de  Engenheiros da Petrobras fazia então um trabalho gigantesco e altamente positivo para a empresa. Dilma procurou sua direção, respeitadíssima na época, e fez um apelo: “Precisamos eliminar essas licitações que vão devorar o nosso petróleo”.

Conscientes, bem  informados e orientados, disseram para ela: “Não podemos fazer nada agora, iríamos perder. Está na quinta licitação, a partir da sexta temos possibilidade de eliminar tudo”. Dona Dilma se conformou, quase confirmou que, assumindo cargo-chave para a Petrobras, estaria firme com os então bravos combatentes da AEPET.

A POSSE DE DILMA E A MUDANÇA DE POSIÇÃO

Ministra, já não mais apenas cidadã, Dona Dilma sumiu completamente. Ninguém na AEPET conseguia contato com ela, existiam informes de que considerava que “combatera errado”. E que encamparia as licitações-leilões.

O governador do Paraná, Roberto Requião, através da procuradoria do Estado, entrou no Supremo com uma ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade). O Supremo parecia francamente a favor de defender a Petrobras, começou mais uma participação estranha do tribunal.

A ministra de Minas e Energia telefonou para o então presidente do Supremo, Nelson Jobim, pediu a ele “que fosse encontrá-la com urgência”. Ele foi, claro. Conversaram longamente, ela pediu ao ministro que não deixasse a ADIN sair vitoriosa. Jobim concordou, começou a trabalhar.

A FINAL LANCINANTE

Como sempre, vá lá, quase sempre, o que parecia vitória folgada do interesse nacional se transformou numa lamentável derrota. O Supremo, por 7 a 4, considerou que essas licitações-leilões eram perfeitamente constitucionais.

O CAMPO DE LIBRA SERÁ UM ROUBO EM DÓLARES E REAIS

Agora, Dona Dilma que só se lembra do passado quando isso interessa ao seu futuro, vai DOAR uma parte enorme do pré-sal. Esqueceu das convicções de antes, só se lembra das de agora. Mas podem não produzir os royalties de popularidade que tanto procura.

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PS – Tudo isso está nos arquivos da Tribuna impressa, estou reconstituindo de memória. Combati no passado, continuo acreditando na Petrobras sem corrupção. Por convicção e obrigação, combateremos à sombra.

PS2 – Ainda acredito que o petróleo é nosso. E o pré-sal também.
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