O terror que abalou a véspera de feriado
ontem em Ubá, no Horto Florestal, alerta as autoridades de Visconde do Rio
Branco para as comemorações do aniversário da Cidade que está prestes a
acontecer no Parque de Exposições na Barra dos Coutos, um hábito de todos
os anos.
O jornal A Voz, daquela cidade, fala que
“o Horto virou um campo de guerra, com cenas de filme de terror”. O resultado imediato deixou um morto: André
Luiz Carlos Brito, de 16 anos, e dois feridos em estado grave: Sandro de Souza
da Silva Singularni, de 18 anos, e Giovani, de 16, internados no Hospital Santa
Isabel. O noticiário televisivo da noite falou de seis feridos. A presença de menores nesses espetáculos
noturnos é em si uma inconveniência.
Imagem: Jornal A Voz - Ubá
Está claro que falhou o serviço de
segurança do evento, e deixou de haver prevenção com ausência de policiais. As noticias somente dão conta de vítimas, mas
ninguém foi detido como autor dos crimes.
Penetrar armando em um ambiente de multidão que foi participar do
espetáculo é inconcebível no conceito de organização de um acontecimento dessa
natureza. E a liberdade de troca de tiros demonstra que não havia policiamento
no local.
Imagem: Jornal A Voz - Ubá
Isto é mais uma prova de que a campanha
permanente de desarmamento da população produz resultados inversos. As pessoas comuns que trabalham ficam sem
condições de autodefesa nas suas idas e vindas diárias e nas suas residências. Enquanto os elementos do mundo do crime se
encontram à vontade para espalhar o terror e fazerem suas vítimas.
Imagem: Jornal A Voz - Ubá
Um tiroteio em ponto de aglomeração
expõe a vida de todos às balas perdidas e torna os espetáculos públicos
perigosos para o lazer necessário a quem trabalha e tem uma vida normal. Com
isto perdem também os artistas, sujeitos a ficarem sem platéia na expansão da
cultura e do entretenimento.
Em Visconde do Rio Branco já houve
festas marcadas por tragédias de assassinatos.
As versões correntes
sobre o bang-bang de Ubá dão conta de que pode ter sido encontro de gangues
rivais, ou acerto de conta. Se procederem
essas versões, o filme provavelmente
ainda não acabou. Foi apenas um
episódio de uma história sem fim. E
ninguém sabe aonde será o cenário do próximo capítulo. Os pontos de aglomeração facilitam a fuga,
enquanto algumas pessoas são pisoteadas, outras socorridas. E os reis do
gatilho desaparecem fácil no meio da multidão. O pânico faz a cortina de fumaça.
Os quatro dias da XXXIV Exposição Agropecuária, Comercial e Industrial vão da quinta-feira, 26, ao domingo, 29, com os Titãs, João Bosco
& Vinícius, Let’Samba e Diogo Nogueira, como atrações principais. Em todas as noites, no entanto, haverá
participação de outros artistas. Estão anunciadas 12 bandas locais. Embora
sejam apenas por quatro noites, esse é um anúncio gigantesco para atrair
público. Por esta razão, o policiamento
precisa estar presente, com efetivo considerável em número de agentes. E, por questão de segurança, a população terá
de compreender certa invasão de privacidade, no trabalho de busca, que deve ser
respeitosa, mas eficiente. Desagradável,
mas inevitável. O ideal é que o
policiamento esteja equipado com material moderno de detecção de artefatos de
metal e outros artifícios usados como arma nessas ocasiões. Com esses cuidados
evitará inibir as pessoas que pretendam participar dessa festa de todo ano por
ocasião do aniversário do município.
Estamos periodicamente vendo notícias de
tiroteios em escolas e em locais públicos, com muitas vítimas, pelos jornais da
televisão, em lugares distantes do nosso cotidiano. Enquanto distantes, ganham
feição de histórias de terror no nosso imaginário, que não nos atingem. O
tiroteio de ontem, em Ubá, entretanto, muda o comportamento geral. Sentimos o
cheiro de pólvora. E, para muitas
pessoas da cidade, atiradores e vítimas são muito parecidos com conhecidos
nossos. Pode gerar uma paranóia, ou um
temor real de que exista uma bomba debaixo de nossa poltrona, ou no palco onde
os artistas se apresentam.
(Franklin Netto –
viscondedoriobrancominasgerais@gmail.com)
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