quinta-feira, 5 de setembro de 2013

SAYONARA(QUARAÍ-RS) - EDUCAÇÃO - AS TRÊS CORRENTES TEÓRICAS



 EDUCAÇÃO - AS TRÊS CORRENTES TEÓRICAS

    O positivismo, sem dúvida, representa, especialmente através de suas formas neopositivistas, como o positivismo lógico e a denominada filosofia analítica, uma corrente do pensamento que alcançou, de maneira singular na lógica formal e na metodologia da ciência, avanços muito meritórios para o desenvolvimento do conhecimento (Triviños, 1987, p. 41). 

Continuação da última Edição


2 FENOMENOLOGIA: 

2.1 Idéias básicas

      É uma ciência que trata da descrição e classificação de seus fenômenos. Representa uma tendência dentro do Idealismo Filosófico, e dentro deste do Idealismo subjetivo. O principal autor dessa teoria é Husserl (1859-1938), teve grande influência na filosofia contemporânea. Suas origens estão em Platão e Descartes (Triviños, 1987, p. 41-42).

      As correntes do pensamento como o existencialismo, se alimentaram na fonte fenomenológica. Heidegger, Sartre, Merleau-Ponty, por um lado, representam o existencialismo ateísta e por outro, Van Breda, Marcel e Jaspers, entre outros, cultivam uma linha de crença em Deus, cujas raízes principais estão em Soeren Kierkegaard (1913-55), filósofo dinamarquês, para o qual o pensar deve ser “existencial”.

      “Compreender a fenomenologia quer dizer: apreender suas possibilidades”. Pode-se apresentá-la como uma prática científica, como uma metodologia da compreensão, como uma filosofia crítica das ciências, como uma estética da existência. “A fenomenologia como ciência das ‘essências’, análise eidética, distingue-se da filosofia fenomenológica enquanto sistema de filosofia transcendental. A fenomenologia como técnica de análise eidética não cai sob os golpes da crítica à fenomenologia transcendental” (Bruyne, 1991, p. 74).

      Segundo essa corrente, a filosofia como “ciência rigorosa” deveria ter como tarefa estabelecer as categorias puras do pensamento científico, mediante a “redução fenomenológica” ou a apresentação do fenômeno puro, livre dos elementos pessoais e culturais, atingindo assim a sua essência (Cordeiro, 1999, p. 49). 

2.2 Principais características da fenomenologia

      O conceito básico da fenomenologia, é a noção de intencionalidade. Esta intencionalidade é da consciência que sempre está dirigida a um objeto. Isto tende a reconhecer o princípio que não existe objeto sem sujeito.

      O termo intencionalidade, primordial no sistema filosófico de Husserl é a característica que se apresenta a consciência de estar orientada para um objeto. Não é possível nenhum tipo de conhecimento se o entendimento não se sente atraído por algo, concretamente por um objeto (Triviños, 1987, p. 45).

      Para Husserl, a intencionalidade é algo “puramente descritivo, uma peculiaridade íntima de algumas vivências”. Desta maneira, a intencionalidade característica da vivência determinava que a vivência era consciência de algo (Triviños, 1987, p. 45).

      “A Fenomenologia é o estudo das essências, e todos os problemas, segundo ela, tornam a definir essências: a essência da percepção, a essência da consciência, por exemplo. Mas também a fenomenologia é uma filosofia que substitui as essências na existência e não pensa que se possa compreender o homem e o mundo de outra forma senão a partir de seus fatos”. Suspende as afirmações para poder compreendê-las. Compreende o homem através do mundo em que ele vive (Triviños, 1987, p. 43).

      A fenomenologia descreve os fatos, não explica e nem analisa. Seu principal objeto é o mundo vivido, ou seja, os sujeitos de forma isolada. Considera a imersão no cotidiano e a familiaridade com as coisas tangíveis. É necessário ir além das manifestações imediatas para captá-las e desvendar o sentido oculto das impressões imediatas. O sujeito precisa ultrapassar as aparências para alcançar a essência dos fenômenos.

      Husserl questiona “Como pode o conhecimento estar certo de sua consonância com as coisas que existem em si, de as ‘atingir’?”. Isto significa a possibilidade da metafísica. Admite que o exame do conhecimento deve ter um método, sendo este o da fenomenologia, que é “a doutrina universal das essências, em que se integra a ciência da essência do conhecimento” (Triviños, 1987, p. 43).

      Segundo Husserl “as vivências serão seus primeiros dados absolutos, pois o conhecimento intuitivo da vivência é permanente” (Triviños, 1987, p. 44).

      A fenomenologia estuda o universal, é válida para todos os sujeitos, tem como dado a essência do fenômeno. O que eu conheço, ou o que eu vivencio é o mundo que pode ser conhecido por todos. É uma corrente de pensamento que não está interessada em colocar a historicidade dos fenômenos. Não introduz transformações à realidade, ou seja, mantém-se conservadora; apenas estuda a realidade com o desejo de descrevê-la, ou apresentá-la tal como ela é, sem mudanças. Exalta a interpretação do mundo que surge intencionalmente à nossa consciência, sem abordar conflitos de classes e nem mudanças estruturais (Triviños, 1987, p. 47-48).

      A descrição fenomenológica funda-se sobre o vivido, sobre o real mais íntimo, que ela se esforça por recuperar num plano temático. Trata-se de uma “volta às próprias coisas” segundo o programa husserliano de transcender as representações espontâneas do empirismo; no mesmo movimento, a fenomenologia quer atingir a essência dos fenômenos. “A intuição da essência se distingue da percepção do fato: ela é a visão do sentido ideal que atribuímos ao fato materialmente percebido e que nos permite identificá-lo” (Bruyne, 1991, p. 76).

      A fenomenologia constitui um processo epistemológico com o qual as ciências sociais deveriam esclarecer suas problemáticas; ultrapassa entretanto, como filosofia as ambições estritamente científicas (Bruyne, 1991, p. 80).

      “A riqueza da fenomenologia, seu lado positivo, é seu esforço por apreender o próprio homem por baixo dos esquemas objetivistas com os quais a ciência antropológica não pode deixar de recobri-lo e é evidentemente sobre essa base que é necessário discutir com a fenomenologia” (Bruyne, 1991, p. 80).

      Na pesquisa, eleva o ator, com suas percepções dos fenômenos. Seu objeto principal é o mundo vivido, pois as vivências serão seus primeiros dados absolutos. A fenomenologia ressalta a idéia de “ser o mundo criado pela consciência”. A realidade é construída socialmente.

      A pesquisa educacional, especialmente dos estudos de sala de aula, permitiu a discussão dos pressupostos considerados como naturais. Mas o esquecimento do histórico na interpretação dos fenômenos da educação, sua omissão do estudo da ideologia, dos conflitos sociais de classes, da estrutura da economia, entre outros, conclui que esse enfoque teórico pouco pode ser proveitoso quando se está visando os graves problemas de sobrevivência dos habitantes dos países do Terceiro Mundo (Triviños, 1987, p. 48-49).

      A reflexão fenomenológica guiará o pesquisador quando se tratar de colocar problemas, hipóteses, de destacar conceitos com vistas à elaboração teórica; ela poderá garantir a fecundidade sempre renovada da pesquisa (Bruyne, 1991, p. 79). 

      O grande mérito da fenomenologia é o de ter questionado os conhecimentos do positivismo, elevando a importância do sujeito no processo de construção do conhecimento. Com isso, pode-se dizer que o método fenomenológico é filosófico e não científico. A fenomenologia não leva em consideração a historicidade, mas descreve um pouco mais os fatos e exalta a interpretação do mundo intencionalmente.

      A fenomenologia, e mais amplamente a filosofia, não é apenas compatível com as ciências sociais, ela lhes é necessária “como um constante chamado a (suas) tarefas ... cada vez que o sociólogo volta às fontes vivas de seu saber, ao que nele opera como meio para compreender as funções culturais mais afastadas dele, espontaneamente faz filosofia ... A filosofia não é um saber determinado, é a vigilância que não nos deixa esquecer a fonte de todo saber” (Bruyne, 1991, p. 80). 

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>3 MARXISMO: 

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