sexta-feira, 6 de setembro de 2013

SAYONARA(QUARAÍ-RS) - EDUCAÇÃO - AS TRÊS CORRENTES TEÓRICAS



AS TRÊS CORRENTES TEÓRICAS

A filosofia não é um saber determinado, é a vigilância que não nos deixa esquecer a fonte de todo saber” (Bruyne, 1991, p. 80). 

Leia continuação da última Edição

>3 MARXISMO: 


3.1 Idéias básicas

      Karl Marx (1818-1883), ao fundar a doutrina marxista na década de 1840, revolucionou o pensamento filosófico. Na evolução do Marxismo podemos assinalar a primeira fase, representada por Marx; na segunda trabalham juntos Marx e Engels e na terceira em geral, as contribuições de Lênin. O quarto período forma o contemporâneo, apresentando várias tendências, mas as principais são a soviética e a chinesa, que reclamam para si a continuação genuína das idéias de Marx (Triviños, 1987, p. 49).

      O marxismo compreende três aspectos principais: o materialismo dialético, o materialismo histórico e a economia política. De acordo com o quadro geral de referência, o marxismo se inclui como uma tendência dentro do materialismo filosófico, apresentando várias linhas de pensamento.

      As raízes da concepção do mundo de Marx estão unidas às idéias idealistas de Hegel (1770-1831). Hegel “aceitava que todos os fenômenos da natureza e da sociedade tinham sua base na Idéia Absoluta” (Triviños, 1987, p. 50).

      Marx tomou várias idéias de Hegel, fundamentais para o marxismo, como exemplo: o conceito de alienação e de maneira essencial, seu ponto de vista dialético da compreensão da realidade. Desenvolveu-as dentro de sua concepção materialista do mundo, ao invés de vinculá-las ao espírito absoluto hegeliano (Triviños, 1987, p. 50).

      Karl Marx (1818-1883) substitui o idealismo hegeliano por um realismo materialista: a matéria é o princípio fundamental e a consciência, produto da matéria. São as relações de produção que formam a estrutura econômica da sociedade, base sobre a qual se ergue a superestrutura jurídica, política, religiosa etc.

   As fontes diretas do marxismo foram: o idealismo clássico alemão (Hegel, Kant, Schelling, Fichte), o socialismo utópico (Saint-Simon e Fourier, na França, e Owen, na Inglaterra) e a economia política inglesa (D.Ricardo e Smith) (Triviños, 1987, p.50).

3.2 Materialismo Dialético

      É a base filosófica do marxismo que tenta buscar explicações coerentes, lógicas e racionais para os fenômenos da natureza, da sociedade e do pensamento. Baseia-se numa interpretação dialética do mundo; constitui uma concepção científica da realidade, enriquecida com a prática social da humanidade. Além de ter como base de seus princípios a matéria, a dialética e a prática social, o materialismo dialético também aspira ser a teoria orientada da revolução do proletariado.

      Este pensar filosófico tem como propósito fundamental o estudo das leis mais   gerais que regem a natureza, a sociedade e o pensamento. Isto leva ao estudo da teoria do conhecimento e a elaboração da lógica. Através do enfoque dialético da realidade, o materialismo dialético mostra como se transforma a matéria e como se realiza a passagem das formas inferiores às superiores.

     Segundo Hegel (1770-1831), a dialética torna-se não só um método lógico, norma de análise da natureza, como também o comportamento geral da própria natureza, em sua contínua transformação. Para Hegel, a razão domina o mundo e tem por função a unificação, a conciliação, a manutenção da ordem no todo. É a “razão dialética” que procede por unidade e oposição dos contrários. A “contradição” é a mola mestra do pensamento e, ao mesmo tempo, o motor da história, já que esta não é senão o pensamento que se realiza (Cordeiro, 1999, p. 50).

      Os idealistas alemães entenderam a realidade não só como objeto de conhecimento, mas também como objeto da atividade. Kant, o fundador do idealismo clássico alemão, destacou a força dos aspectos contraditórios no processo de desenvolvimento. Mas é com Hegel que, “por primeira vez (...) se concebe todo o mundo da natureza, da história e do espírito como um processo, isto é, em constante movimento, mudança, transformação e desenvolvimento, intentando, além disso, pôr em relevo a conexão interna deste movimento de desenvolvimento” (Triviños, 1987, p. 53).

     O método dialético é aquele que penetra no mundo dos fenômenos através de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e das mudanças dialéticas que ocorrem na matéria e na sociedade. O pesquisador que aplica o método dialético compreende a realidade, valoriza a contradição dinâmica do fato observado e a atividade criadora do sujeito que está sempre a caminho, em formação, inacabado, aberto para novas alternativas (Cordeiro, 1999, p. 50).

     As definições da dialética materialista dos clássicos do marxismo ressaltam os aspectos que se referem às formas do movimento universais e as conexões que se  observam entre elas. Engels a define como a ciência “das leis do movimento e desenvolvimento da natureza, da sociedade humana e do pensamento”. E Lênin a define como “a doutrina do desenvolvimento na sua forma mais completa, mais profunda e mais isenta da unilateralidade, a doutrina da relatividade do conhecimento humano, que nos dá um reflexo da matéria em eterno desenvolvimento” (Triviños, 1987, p. 53).  
      Uma das idéias mais originais do materialismo dialético foi ressaltar a importância da prática social como critério de verdade. Assim, as verdades científicas, em geral, significam graus do conhecimento, limitados pela história. Portanto, o pesquisador que seguir essa linha teórica deve ter presente em seu estudo uma concepção dialética da realidade natural e social e do pensamento, a materialidade dos fenômenos e que estes são possíveis de conhecer (Trivinõs, 1987, p. 73).

3.3 Materialismo Histórico

      É a ciência filosófica do marxismo que estuda as leis sociológicas que caracterizam a vida da sociedade, de sua evolução histórica e da prática social dos homens, no desenvolvimento da humanidade.

      O materialismo histórico significou uma mudança fundamental na interpretação dos fenômenos sociais, pois até o nascimento do marxismo, se apoiava em concepções idealistas da sociedade humana. Marx e Engels colocaram pela primeira vez, em sua obra. A ideologia alemã (1845-46), as bases do materialismo histórico (Triviños, 1987, p. 51).

      O materialismo histórico ressalta a força das idéias, capaz de introduzir mudanças nas bases econômicas que as originou. Por isso, destaca a ação dos partidos políticos, dos agrupamentos humanos etc. Essa ação pode produzir transformações importantes nos fundamentos materiais dos grupos sociais.

     É a ciência filosófica que esclarece vários conceitos como:
     Ser social: relações materiais dos homens com a natureza e entre si que existem em forma objetiva, independente da consciência.
     Consciência social: são as idéias políticas, jurídicas, filosóficas, estéticas, religiosas etc.
     Meios de produção: tudo o que os homens empregam para originar bens materiais (máquinas, ferramentas, energia, matérias químicas etc.).
     Forças produtivas: são os meios de produção, os homens, sua experiência de produção, seus hábitos de trabalho.
     Relações de produção: podem ser de cooperação, de submissão ou de um tipo de relações que signifique transição entre as formas assinaladas.
     Modos de produção: da comunidade primitiva, escravista, feudalista, capitalista e comunista.

     De maneira muito geral, pode-se dizer que a concepção materialista apresenta três características importantes. A primeira delas é a materialidade do mundo, onde todos os fenômenos, objetos e processos que se realizam na realidade são materiais. Lênin, numa de suas obras, define a Matéria como “uma categoria filosófica para designar a realidade objetiva que é dada ao homem nas suas sensações, que é copiada, fotografada, refletida pelas nossas sensações, existindo independentemente delas” (Triviños, 1987, p. 56).

     A segunda peculiaridade ressalta à consciência, é uma propriedade da matéria. A grande propriedade da consciência é a de refletir a realidade objetiva. Assim surgem as sensações, as percepções, representações, conceitos, juízos. É fundamental estabelecer que o cérebro por si só não pensa. A consciência está unida à realidade material. Esta influi sobre os órgãos dos sentidos que transmitem as mensagens aceitas pelos canais nervosos ao córtex dos grandes hemisférios cerebelosos (Triviños, 1987, p.62).

     A última é a prática social, onde a prática é toda atividade material, orientada para transformar a natureza e a vida social. A prática social se desenvolve e enriquece através da atividade prática e teórica dos diferentes indivíduos e coletividades.

Leia na próxima Edição:   
 
3.4 Categorias e leis da dialética



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